Uma realidade sombria
Sem memórias, uma jovem de cabelos ruivos acorda em um lugar estranho: uma grande mansão repleta de imagens de borboletas. Ela escuta um barulho e descobre que monstros lá habitam. Após conhecer novas pessoas na mesma situação, a jovem passa a atender pelo nome Beniyuri e a lutar junto com seus companheiros para atender às exigências do mestre da mansão. De acordo com ele, a única forma de sair é completando um caleidoscópio.
Perguntas como “onde eles estão?”, “quem são eles?”, “por que estão ali?”, “o que são esses monstros?”, entre outras, movem a narrativa. A atmosfera sombria e desolada é muito bem construída através do ambiente da mansão. Ela é escura, misteriosa e um pouco sufocante. No entanto, a jovem Beniyuri não está sozinha: seus companheiros servem de apoio emocional nos momentos difíceis que enfrentam em busca de uma forma para voltar para casa.
O principal a servir esse papel é Kagiha, um jovem gentil que parece ser o mais velho do grupo. É ele que mais escuta a personagem e oferece ombro e chocolate quente quando necessário. Por outro lado, a equipe também conta com os imaturos Yamato e Karasuba, que vivem em pé de guerra. O primeiro se faz de durão o tempo todo, é muito rude, mas tem um bom coração. Já o segundo gosta de implicar com todos e flertar o tempo todo com a protagonista. Temos também Hikage, o líder do grupo, que está sempre conduzindo os personagens com sua determinação (e uma pitada de sarcasmo). Há também outros personagens que habitam a mansão há mais tempo e usam máscaras de animais, mas a relação deles com os principais é mais ambígua. Em destaque, um misterioso rapaz com máscara de raposa e uma garota com máscara de coelho são bastante importantes para a resolução da história.
A princípio, nenhum deles se lembra muito bem do passado e todos assumem nomes que encontram em placas dos dormitórios da mansão. No entanto, conforme recobram suas memórias e desvendam partes do mistério, a realidade cruel ameaça arruinar a harmonia entre eles. É bastante interessante ver essas dinâmicas entre os personagens e, apesar de ser fácil antever algumas das reviravoltas, a narrativa é conduzida muito bem, tornando o mistério mais intrigante pelas consequências dramáticas das descobertas.
Ao apertar sobre uma borboleta, é possível salvar uma mira sobre ela. Ao fazer isso em várias, é possível atirar em todas simultaneamente. Quanto maior o número de borboletas atingidas no combo, maior a pontuação. Esses pontos podem ser depois utilizados para abrir episódios curtos que contam histórias sobre a convivência dos personagens ou fragmentos do passado da protagonista. Dessa forma, existe certa liberdade para o jogador escolher como se aprofundar nas histórias paralelas. No meu caso, por exemplo, priorizei conhecer os eventos do passado em detrimento das histórias dentro da mansão. Com isso, consegui informações e indícios de reviravoltas antes delas acontecerem na história principal e pude depois visualizar as pistas mais sutis presentes nos trechos do cotidiano na mansão.
Apesar dessa liberdade, há também condições para prosseguir na história. Por exemplo, em alguns momentos é necessário “completar tantos episódios curtos” independentemente de quais são selecionados. Nesses momentos em que a história é travada, somos levados ao flowchart da história (que pode ser acessado a qualquer momento no menu). Nele, todos os eventos disponíveis estão dispostos, permitindo que o jogador pule para as áreas já abertas e abra novos trechos desbloqueáveis.
Vale ressaltar também que a progressão é um pouco não usual para jogos do gênero. Em otome games como o já mencionado Collar x Malice, o jogo começa em uma rota comum e em um dado momento, através das escolhas do jogador, entra em uma rota de personagem, ou seja, a história passa a se focar no relacionamento da protagonista com um personagem específico e as decisões irão modificar o final obtido com o interesse romântico. No entanto, em Psychedelica of the Black Butterfly, essas rotas de personagem são curtas ramificações da rota principal em vários momentos distintos.
Ou seja, a rota comum é muito maior, apresentando as rotas de relacionamento com os personagem como cenários alternativos. Isso implica também em mais tempo de desenvolvimento do mistério e menos romance, até porque, mesmo nos momentos românticos, o jogo revela novas informações sobre o mistério. Esse foco narrativo é uma escolha estranha para o gênero, mas que acaba compensando e se tornando um grande atrativo do jogo.
Vale ressaltar também que a progressão é um pouco não usual para jogos do gênero. Em otome games como o já mencionado Collar x Malice, o jogo começa em uma rota comum e em um dado momento, através das escolhas do jogador, entra em uma rota de personagem, ou seja, a história passa a se focar no relacionamento da protagonista com um personagem específico e as decisões irão modificar o final obtido com o interesse romântico. No entanto, em Psychedelica of the Black Butterfly, essas rotas de personagem são curtas ramificações da rota principal em vários momentos distintos.
Ou seja, a rota comum é muito maior, apresentando as rotas de relacionamento com os personagem como cenários alternativos. Isso implica também em mais tempo de desenvolvimento do mistério e menos romance, até porque, mesmo nos momentos românticos, o jogo revela novas informações sobre o mistério. Esse foco narrativo é uma escolha estranha para o gênero, mas que acaba compensando e se tornando um grande atrativo do jogo.
Um mistério intrigante
Ao longo do jogo, com as reviravoltas e as revelações do passado, o grande mistério se mostra muito bem construído. Mesmo momentos simples como conversas cotidianas podem apresentar detalhes relevantes do enredo de forma sutil e o resultado final é uma narrativa muito bem conduzida com vários elementos que contribuem para sua coerência. O jogo é certamente recomendado para fãs de visual novels, mesmo aqueles que normalmente não teriam interesse em otome games.
Prós
- Narrativa do mistério muito bem conduzida;
- Gameplay simples mas divertido de caçar borboletas;
- Exploração da narrativa através do flowchart permite uma experiência não-linear, mesmo com uma história principal linear.
Contras
- Os relacionamentos românticos são menos desenvolvidos do que o usual para o gênero;
- Há alguns erros de escrita e textos repetidos de forma equivocada.
Psychedelica of the Black Butterfly – PS Vita – Nota: 9
Revisão:Renata Bottiglia
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