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Análise: The Witch and the Hundred Knight 2 (PS4) é aventura com muita repetição e diálogos

Continuação do jogo de 2014, o novo título da Nippon Ichi Software é pouco convidativo e com mecânicas repetitivas ao extremo.

The Witch and the Hundred Knight 2 (PS4) é a continuação do jogo de mesmo nome lançado no Japão lá em 2013. O primeiro título da série tinha problemas que fizeram sua popularidade não ser tão alta. Entretanto, a Nippon Ichi Software assumiu a tarefa de produzir um segundo capítulo para a saga do Cavaleiro Centenário fofo e carismático. Infelizmente, essa segunda tentativa continuou errando em vários pontos, mesmo que a aventura seja um pouco interessante.


A ameaça das bruxas doentias

A história do jogo nos apresenta mais uma vez o mundo de Kevala, o qual é corrompido pela chamada Doença da Bruxa. Esta doença se desenvolve em crianças menores de q0 anos e possui causas desconhecidas. Teoricamente, qualquer criança pode ter o azar de desenvolver esta doença e se transformar em um ser maligno que deixa um rastro de destruição e morte por onde passa.

Nessa ambientação tenebrosa, conhecemos uma garota chamada Amalie, que mora em uma pequena aldeia com sua irmã, Milm. Tudo começa a desandar quando Milm some na floresta e aparece com um terceiro olho na testa, o que é um sinal da Doença da Bruxa. Com isso, começamos a conhecer aos poucos a história das duas e o processo de transformação de Milm em uma bruxa maligna que compete pelo corpo de Milm com a garota.



Nessa luta, nós incorporamos o simpático Hundred Knight, um cavaleiro invocado pela bruxa que acaba se questionando se deve de fato ajudá-la a destruir tudo que ela pretende. Assim, passamos a assumir posturas distintas ao longo do jogo, com uma mecânica de escolha basal que dá um pouco mais de personalidade ao enredo.

A história do jogo é até muito interessante e possui diversos personagens agradáveis. Seu visual característico de animações japonesas ajuda ainda mais a diminuir um pouco a tensão da história, deixando-a mais com cara de anime mesmo. Entretanto, a forma como a história é passada para nós jogadores é muito exaustiva.



Essa exaustão vem principalmente por conta dos diálogos exageradamente longos. Mesmo que a dublagem seja de excelente qualidade, as falas são lentas e os diálogos poderiam ser muito mais dinâmicos do que são, o que deixa o jogador beirando o tédio quando as conversas passam dos 10 minutos de duração.

Mundo cheio de cor e repetição

A ambientação de Witch and the Hundred Knight 2 é muito bonita. Suas cores fortes e vivas acrescentam ainda mais contraste em relação ao enredo mais sombrio que a história possui. Entretanto, o fato do mundo do jogo e de seus personagens possuírem um visual muito agradável não reduz o senso de repetição que a maioria dos mapas nos dá enquanto exploramos o mundo de Kevala.

O mundo do jogo funciona por setores interligados que podemos explorar em diversas direções. Ao longo desses setores, hordas de inimigo tentarão impedir a nossa passagem, numa mescla de câmera e combates que lembra bastante o que vemos na série Diablo. Porém, aqui temos um alto grau de repetição dos mapas, com florestas apresentando praticamente os mesmos relevos e formatos, às vezes, no máximo, invertidos. 

Com isso, mesmo que a quantidade de detalhes e a qualidade das texturas do mundo sejam ótimas, a exploração rapidamente se torna chata. Isso tem grande influência dos combates lentos e narrativa arrastada, mas, com toda certeza, o mapa repetitivo acrescenta bastante ao tédio.


Combates complexos, mas lentos

Como já foi dito, Hundred Knight 2 possui mecânicas de combate e exploração que lembram muito o esquema isométrico da franquia Diablo. Porém, para um jogo de RPG que se propõe ter aspectos de ação, os combates de Hundred Knight 2 são demasiadamente lentos. As mecânicas por trás dos combates são até interessantes, mas sua execução não agrada tanto quando experienciada.

O jogo conta com um esquema de armas bem variado. Nosso protagonista pode utilizar diversas especialidades de armas diferentes ao mesmo tempo, com combos que unem vários tipos de armas em golpes sequenciais. Além disso, as armas possuem um esquema de fraqueza e resistência com os monstros que poderia dinamizar ainda mais os combates. Mas não é isso que acontece. Muito se deve ao fato do layout do jogo e da velocidade dos combates não agregarem a essa mecânica.



Hundred Knight 2 possui um layout de menus muito voltado para a escrita, com poucos aspectos visuais que acrescentem um pouco de informação instintiva ao jogador. Com tutoriais cheios de textos em seu início, muita informação é passada como um trator para o jogador, fazendo com que a apreensão de como os menus do jogo devem ser administrados passe batida. Com isso, a mecânica de armas diferentes já se torna bastante falha, com usos dificultados inclusive para vender ou trocar as armas. 

Já os combates em si possuem golpes que aos poucos deixam de ser repetitivos. Mas isso demora demais para ocorrer. Existem muitos detalhes complexos nas barras de energia do Hundred Knight, bem como nas armas, habilidades e tudo mais. Realmente é um conteúdo muito complexo e detalhado, mas pouco agradável para o jogador, que precisará de muito incentivo próprio para querer se interessar em aprender como tudo funciona dentro do jogo.


Desafio oscila, mas os bosses são bons

The Witch and the Hundred Knight 2 possui um nível de desafio que oscila bastante ao longo da jogatina. Entretanto, não é de modo agradável para o jogador. O jogo começa demasiadamente fácil, com um boss inicial que mais parece um dos inimigos do mapa com um pouco mais de vida. Porém, já no segundo boss a dificuldade sobe desastrosamente, fazendo com que o jogador realmente precise se empenhar para vencê-lo.

Logo depois disso, a dificuldade volta a descer drasticamente, com criaturas de mapa repetitivas e previsíveis demais. E por aí o jogo segue entre altos e baixos em sua curva de desafio que deixam o jogador variando do tédio para a frustração e de volta para o tédio, com um vislumbre raro de que o jogo está começando a melhorar aqui ou ali.



Um dos pontos mais interessantes é justamente a luta contra os bosses. Por conta do seu alto nível de desafio, variedade interessante de habilidades e maior velocidade das lutas, esses embates são bem mais proveitosos. Talvez se as lutas ao longo dos mapas fossem mais parecidas com essas, não necessariamente no quesito dificuldade, mas em seu ritmo, as coisas seriam um pouco melhores no jogo.

Entre erros e acertos

É verdade que The Witch and the Hundred Knight 2 (PS4) possui um pouco mais de erros do que acertos em seu produto final, mas isso não faz dele o pior jogo do mundo. Alguns, mais animados a insistir na experiência do jogo, podem encontrar algo de bom para motivá-los a seguir em frente. Entretanto, as mecânicas, narrativa e layout do jogo auxiliam muito pouco para que isso de fato ocorra.



No mais, The Witch and the Hundred Knight 2 é um ótimo exemplo de um jogo que tinha tudo para ser um ótimo título, mas que pecou na execução de suas ideias. Não é simplesmente quantidade de mecânicas, complexidade da história e extensão do mapa que garantem a qualidade de um jogo. A forma como isso tudo é arranjado para se transformar em uma experiência divertida, informativa ou inusitada para o jogador é crucial. Foi justamente nisso que o novo jogo da Nippon Ichi Software falhou.

Prós

  • Visual colorido e bem agradável;
  • História até cativante;
  • Dublagem e trilha sonora de boa qualidade;
  • Sistema de resistência e vantagens das armas interessante;
  • Lutar contra bosses é bem desafiante.

Contras

  • Mapas lineares demais e muito repetitivos;
  • Ritmo lento demais com muitas quebras;
  • Diálogos desnecessariamente longos;
  • Combates passam a ser repetitivos com o tempo;
  • Layout e menus confusos e mal pensados;
  • Nível de dificuldade oscila de modo frustrante;
  • Mapa confuso e pouco convidativo à exploração;
  • Excesso de mecânicas com pouco impacto na jogatina.
The Witch and the Hundred Knight 2 — PS4 — Nota: 4.5

Análise produzida com cópia cedida pela NIS America.

é Psicólogo e Mestrando em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014, onde é Redator e Diretor. Começou sua vida gamer bem cedo no NES e hoje divide seu tempo entre games antigos e novos. Pode ser visto por aqui sempre escrevendo algum texto polêmico, instrutivo ou nostálgico. Geralmente é visto em alguma discussão no Facebook ou no Twitter.

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