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Análise: Kingdom Hearts 2.8 Final Chapter Prologue (PS4) é interessante, mas só uma prévia

Focado em Aqua, A Fragmentary Passage dá a todos o primeiro gostinho da franquia na nova geração, mas é um gostinho bem curto.

Kingdom Hearts é uma franquia que possui uma base de fãs incrivelmente fiel. Produzida pela brilhante Square Enix e se utilizando de diversas franquias da Disney Animation, Kingdom Hearts já possui uma base de mitologia estável que permite que os jogos conversem entre si de modo muito peculiar. Nessa teia de tramas, um novo quase capítulo da série é lançado em uma coletânea que agradou muito aos fãs da série: Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue (PS4).

Ao primeiro deles foi dado o nome quase quilométrico de Kingdom Hearts 0.2 Birth By Sleep — A Fragmentary Passage. Além disso, temos também a versão HD de Dream Drop Distance, originalmente lançado para 3DS, e um longa chamado X Back Cover. No primeiro material, acompanhamos Aqua, uma das protagonistas de Birth By Sleep (PSP), após o seu final no jogo portátil. Fazendo uso o motor gráfico que está sendo utilizado em Kingdom Hearts III (PS4), 0.2 agrada bastante em sua jogabilidade e trama, porém a sua curta duração é um dos fatores que incomodam um pouco durante a jogatina. Mas uma coisa de cada vez, certo?

A beleza de The Realm of Darkness

Aqua passa por maus bocados nos eventos finais de Birth by Sleep e acaba presa no Reino das Trevas, lar das criaturas feitas de sombras, velhas conhecidas de quem já jogou outros games da franquia. Desde o início somos apresentados a um choque gráfico nunca antes visto na série. Tudo é mais bonito em A Fragmentary Passage, com texturas dignas do motor gráfico do PS4 e movimentação rápida que deixa as batalhas ainda mais animadoras.

Foi divulgado que o jogo usaria a mesma tecnologia utilizada em Kingdom Hearts III, jogo muito aguardado pelos fãs. Desta forma, é bom ver essa tecnologia funcionando tão bem e deixando tudo muito mais vivo na tela. As músicas, as mesmas do Birth by Sleep original, dão um toque de nostalgia a experiência e também estão em excelente qualidade.



O Reino das Trevas, com seus tons escuros e paisagens conturbadas, possui uma beleza estupenda que nos dá momentos de vislumbre muito bons. Além disso, o nível de dificuldade do jogo é razoável, com enigmas interessantes para se desvendar e ação no bom e velho estilo de Kingdom Hearts. Infelizmente, existem paredes invisíveis durante a jogatina que frustram um pouco o sentimento exploratório do jogador ao se deparar com gráficos tão belos.

Enredo que entrelaça toda a franquia

Outro ponto interessante em 0.2 é a sensação de “bastidores” que o jogo traz. Com quase que unicamente Aqua como personagem, o título apresenta somente inimigos a serem derrotados e menções a tudo que ocorreu no jogo de PSP. Durante a jogatina você enfrenta os fantasmas e anseios de Aqua e se torna um pouco mais íntimo da personagem. A narrativa do episódio é um pouco repetitiva em alguns pontos, mas nada que atrapalhe a experiência de jogar um pouco mais com a personagem tão querida do título de PSP.



Esse enredo de bastidores, mesmo que contenha uma trama terrivelmente curta, consegue fazer menção a vários pontos da história da franquia, unindo os acontecimentos de Birth by Sleep, Kingdom Hearts, Kingdom Hearts II e também uma prévia de como Kingdom Hearts III irá começar. Essa união de vários pontos da história dá uma sensação nostálgica misturada com certa empolgação com o que está por vir. Se essa era a intenção da Square Enix com esse miniepisódio, de fato eles conseguiram o que queriam.

Uma Aqua muito mais ofensiva

Esqueça como você jogava com Aqua em Birth by Sleep, ou pelo menos esqueça uma boa parte. Em A Fragmentary Passage a personagem se torna muito mais ofensiva do que antes, lutando na linha de frente sem seus amigos Terra e Ventus para ajudar. Isso possibilita uma jogabilidade um pouco diferente com a protagonista, que lembra bastante o modo de jogar de Terra no título de portátil.



Um ponto interessante na jogabilidade é o retorno do pulo duplo e a boa quantidade de golpes especiais que Aqua dispõe para atacar. O problema nesse quesito são de fato os inimigos, que durante as aproximadamente três horas e meia de história, não variam muito. Em um contexto no qual Aqua se vê presa no mundo dessas criaturas sombrias, era de se esperar que uma variedade maior delas aparecesse, pelo menos na forma de chefes, o que infelizmente não acontece.

A repetição só não é sentida de maneira muito drástica por conta da curta duração da campanha. Mas é importante ressaltar que ela existe. Para tentar amenizar um pouco a curta duração, foram introduzidos alguns itens de aparência que só são liberados ao completar conquistas específicas com Aqua. Porém, isso não é o bastante para acrescentar um fator replay significativo para o título.


Uma prévia e nada mais

Kingdom Hearts 0.2 Birth by Sleep — A Fragmentary Passage é um capítulo curto e simples na franquia de Sora. Ele não chega a ser um prelúdio exatamente, mas também não é um prólogo, como o nome diz. A sensação que fica após terminar o jogo é que ele é uma espécie de demonstração do que Kingdom Hearts III será em breve. O problema é que o sentimento de “quero mais” fica incômodo, lembrando algo próximo a Metal Gear Solid V: Ground Zeroes (Multi).

Entretanto, o que salva este título de cair na impressão de “demo” que Ground Zeroes teve é a presença do remake de Dream Drop Distance e do filme Kingdom Hearts X Back Cover, que complementam a experiência de quem adquire a coletânea Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue. Por fim, mesmo que seja uma experiência curta, os fãs da série vão gostar de experimentar um pouco do que Kingdom Hearts terá na nova geração.










O filme complemento do jogo mobile

O filme Kingdom Hearts X Back Cover é basicamente uma sucessão de cinemáticas que chega quase a uma hora de duração, mas mesmo com a curta duração, existe bastante informação interessante para os fãs da série. Mas que fique claro: o filme é justamente para quem já conhece minimamente a história da mitologia da franquia de Sora e cia. 

Para quem não sabe, X Back Cover é um complemento para a história do jogo Kingdom Hearts Unchained X (Android/iOS). O jogo se passa 100 anos antes dos eventos do primeiro Kingdom Hearts, se iniciando antes da histórica Guerra das Key Blades, evento icônico na mitologia da franquia e que nunca foi tratado em nenhum outro jogo da série, apenas mencionado. Nele o jogador assume um usuário de Key Blade pertencente a uma das cinco facções originais que buscam o controle da luz do mundo.



Em Back Cover, vemos como os mestres de cada facção tiveram suas desavenças e, mais do que isso, como o grande mestre que os treinou serviu de impulso para que as desavenças das quais decorreram a guerra acontecessem. O longa é todo focado em diálogos entre os mestres e o que o deixa mais interessante é a ambiguidade referente ao destino: seria o destino impossível de se mudar? Ou nós acabamos caindo nele quando temos um vislumbre sobre o futuro?

Nessa premissa subentendida, o longa se desenvolve como um “pano de fundo” do qual se origina a premissa de Unchained X. Daí o nome “Back Cover” na lógica de que a história, pela primeira vez, não é contada do ponto de vista do jogador, mas sim “pelos fundos”, na visão dos mestres. Porém, além de servir de “bastidor” para o jogo mobile, esse filme também faz várias menções a elementos da franquia conhecidos, como o primeiro aprendiz, o surgimento dos Nightmares e outras coisas. 

Assim como o micro episódio focado em Aqua, esse longa de uma hora de duração serve como uma espécie de prelúdio do que poderemos encontrar no enredo do tão aguardado Kingdom Hearts III. Do mesmo jeito que A Fragmentary Passage liga mais diretamente alguns acontecimentos de Birth by Sleep (PSP) com os da trilogia principal da franquia, esse filme une o enredo do jogo mobile aos próximos acontecimentos também, mas não tão diretamente.

Do 3DS para o PS4

Por fim, a terceira parte desse pacote é a maior dele também. Junto com esse curto material original temos também o port de Dream Drop Distance, jogo originalmente lançado para 3DS, para o console de mesa da Sony. O game traz o mesmo enredo do original, com Sora e Riku como protagonistas no chamado Dream World, onde você joga alternando entre os dois personagens.

Não existem muitas novidades nessa versão se comparadas ao original. O principal choque aqui são os gráficos que não podem nem se quer ser comparados aos do portátil da Nintendo por motivos óbvios. O problema aqui é que algumas interações que utilizavam da tela do portátil, como as brincadeiras com os Spirits, as contrapartes dos Nightmares, não são mais tão interativas assim quando adaptadas para o analógico do controle. Mas no geral, o jogo agrada bastante.


Prós

  • Gráficos bem avançados comparados com jogos anteriores;
  • Jogabilidade rápida e bem ativa;
  • História unindo vários capítulos da franquia;
  • Trilha sonora nostálgica e de boa qualidade;
  • Itens desbloqueáveis com conquistas;
  • Nível de desafio razoável;
  • Filme com boas informações para a mitologia da franquia;
  • Versão HD de Dream Drop Distance agrada;
  • Sensação de nostalgia e empolgação agradará a fãs.

Contras

  • Material original muito curto;
  • Inimigos repetitivos em A Fragmentary Passage, incluindo chefes;
  • Paredes invisíveis em A Fragmentary Passage podem frustrar às vezes;
  • Algumas adaptações dos controles de 3DS não convencem;
  • Produção do filme muito simplista.


Kingdom Hearts 0.2 Birth by Sleep — A Fragmentary Passage — PS4 — Nota: 7.5
Revisão: Vitor Tibério

é Psicólogo e Mestrando em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014, onde é Redator e Diretor. Começou sua vida gamer bem cedo no NES e hoje divide seu tempo entre games antigos e novos. Pode ser visto por aqui sempre escrevendo algum texto polêmico, instrutivo ou nostálgico. Geralmente é visto em alguma discussão no Facebook ou no Twitter.

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