Outra perspectiva
De primeira, achei incomum Bound ser um jogo em terceira pessoa para o PlayStation VR. Apesar disso, foi uma das experiências de realidade virtual mais tranquilas que tive. Como citei no meu hands-on de RIGS (PS4), a câmera acompanhando o personagem, embora seja regra em praticamente todos os jogos da história, causa maior desconforto sensorial, podendo até levar a enjôo em realidade virtual. No caso de Bound, era exatamente o contrário, a câmera se movimentava apenas ao apertar um dos botões do direcional digital do Dualshock.
Esse aspecto dava mais conforto sensorial durante a movimentação da protagonista, porém, fatalmente precisava reaproximar a câmera quando ela já estava se afastando muito do meu campo de visão. De qualquer forma, ter que aproximar a câmera manualmente tornou-se cansativo com o decorrer da demonstração. Ainda assim, o comando é bem prático, o que pode ainda ser lucro, uma vez que traz uma sensação mais tranquila. Isso é algo que somente uma sessão mais longa de jogatina poderá definir.
Aproveite o ambiente
Uma decisão muito sábia de Bound foi aproveitar a câmera manual para me permitir prestar mais atenção unicamente no ambiente. O universo do jogo é absolutamente onírico, algo que vem do próprio enredo, e se constrói à medida que o jogador vai explorando-o. O uso das cores e animações para passar uma sensação enigmática de estar descobrindo o desconhecido é muito bem feita. E poder apreciar esse mundo em 360º foi muito mais confortável pela rigidez da câmera. Era possível girar a cabeça e ver tudo ao seu redor, mas a câmera só avançava quando eu acionava o comando para tal.![]() |
Seus passos ditam o quanto do universo está ao seu redor. |
Saltando entre sonhos
Em questão de jogabilidade, Bound não parece fazer muito quando comparado a outros jogos de plataforma. Os desafios que enfrentei na demo eram bem fáceis, e se focavam mais em descobrir como interagir com o ambiente do que na eficiência e agilidade com os saltos. É uma direção de jogo adaptada ao VR, pela proposta de ser uma experiência menos enjoativa, mas que pode ser mais monótona para quem não jogar em realidade virtual.
![]() |
No quesito plataforma, o jogo não chama muita atenção. |
A habilidade da protagonista de dançar para interagir com o cenário, embora visualmente interessante, não trazia muitos benefícios para o gameplay. Se há algo que senti que Bound pode melhorar é em sua mecânica de jogo. Durante a demo, nenhum comando ou habilidade específica da protagonista me chamou a atenção, o que pode tornar o game maçante.
Um mergulho na consciência
Bound é uma interessante proposta de jogo VR, mas que pode ser curtida também sem o aparelho. Apesar dos belos visuais e do universo intrigante, não há nada de grandioso na mecânica desse jogo de plataforma. O enredo do jogo, por sua vez, pode ser um fator decisivo de sua qualidade, mas este é um aspecto que não foi explorado pela demo. De qualquer forma, Bound promete ser uma aventura onírico e existencial, com o tema de um retorno às memórias da infância. Será esse um experimento VR de sucesso?
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Capa: Rafael Neves
Capa: Rafael Neves
Comentários