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Análise: Transformers: War for Cybertron (PS3) mostra como começou a guerra dos titãs biônicos

Após gerações em paz mútua, a guerra prevista pelo grande Primus acaba por chegar, agora a chance de descobrir o que ocorreu há milhões de anos está disponível!

Lançada pela primeira vez sob o nome Transformers em 1984, a franquia dos robôs disfarçados conseguiu atingir o sucesso na época, cumprindo seu objetivo e expandindo-se aos mais diversos mercados possíveis, desde brinquedos, sendo esta sua principal e inicial meta, a quadrinhos, longas, jogos e, mais recentemente, Live Actions. As séries sempre basearam-se na mesma rivalidade: a guerra entre os amistosos Autobots e seu legado de líderes, os chamados Prime, contra os conquistadores e tiranos Decepticons, liderados pelo gladiador agora conhecido como Megatron.


Surgindo em 2010, sob o desenvolvimento da High Moon Studios (Deadpool: The Game, TF: Dark of the Moon), a guerra dos gigantes cybertronianos voltou às raízes com Transformers: War for Cybertron, onde teriam sua origem recontada, com direito a uma ambientação diferente. Será que a premissa conseguiu ser mais que os olhos podem ver? É o que vamos conferir!

Em um mundo frio e distante...

Baseando-se no livro Transformers: Exodus, com algumas alterações, War for Cybertron se passa no planeta natal da raça dos Transformers: Cybertron. O jogo possui duas campanhas sequenciais, tendo como início cronológico a dos Decepticons, partindo assim para a dos Autobots na metade do jogo, embora ambas estejam liberadas desde o começo.

Após iniciar a guerra contra os Autobots, por divergências ideológicas, o antes gladiador Megatron, agora líder dos Decepticons, decide obter o lendário Energon Negro, uma alteração maligna da fonte de vida dos Transformers, o que daria a ele uma grande vantagem na guerra, ao ponto de conseguir, até mesmo, infectar o núcleo do planeta e conquistá-lo à força. Entretanto, durante sua destrutiva jornada, Megatron irá se deparar com famosos rostos, estes que vão se aliar à sua iniciativa ou tentarão impedir que continue com sua tirania.
Juntamente de seus comparsas, Megatron destruirá todos aqueles que se opuserem a sua soberania.
Vendo os feitos realizados por Megatron e seus comparsas, seu conhecido de longa data, agora chamado de Optimus, recebe uma mensagem de um pequeno e amarelado recruta. Tal mensagem dizia que o atual líder dos Autobots, Sentinel Zeta Prime, havia sido morto pelas mãos de Megatron. Com isso, Optimus assume a liderança provisória dos Autobots, busca antigos amigos e novos aliados e inicia uma jornada para poder retomar Iacon, a cidade-base dos Autobots e, posteriormente, tentar desfazer as crueldades de seu antigo amigo.
Treinado para utilizar um rifle de ions e um machado, Optimus não vê outra alternativa a não ser participar da guerra.
De forma básica e direta, a campanha dos Autobots se baseará em tentar desfazer as ações de Megatron e seus aliados, contando também outros fatos, como o início de algumas das amizades formadas pela guerra e como o sucessor do legado dos Prime ganhou seu título.

Guerreiros robóticos deem o melhor de si!

Transformers: War for Cybertron segue o estilo de jogabilidade de tiro em terceira pessoa (TPS), no qual a câmera se posiciona atrás do personagem com a mira no centro da tela, seguindo o gênero de ação (ou guerra). No jogo, os personagens podem andar, correr, pular, executar pulos duplos, ataques físicos, utilizar armas de fogo, granadas e habilidades únicas, montar (literalmente) em algumas armas fixas no cenário, retirá-las de seu ponto de origem e, é claro, transformar-se, seja em um veículo aéreo, como os aerobots, ou em algum terrestre. Já em modo veículo, podem planar (terrestres), correr com um boost que possuem, executar as habilidades únicas e atirar. As transformações podem ser feitas a qualquer momento do jogo, sendo que todos possuem uma aparência cybertroniana (é chatonildo para “high-tech”!).

O jogo estrutura-se em capítulos, com dez no total, que se dividem em duas campanhas: a dos Autobots e dos Decepticons. A cada capítulo, o jogador poderá escolher dentre os três personagens disponíveis para aquela fase. Após selecionar o personagem controlável, os outros dois disponíveis serão controlados pela IA do jogo e “ajudarão” o gamer na jornada em meio aos quase infinitos tiroteios, mas, basicamente, eles só servirão como “plano de fundo” para a história, pois a Inteligência Artificial impede que eles façam muito mais que apenas atirar e executar algumas ações requisitadas pela fase, tais como: montar em uma metralhadora fixa e atirar nos inimigos, mesmo que não os mate, o que também se aplica a eles, pois, caso morram, eles simplesmente brotarão (sim, brotarão) novamente em algum ponto próximo ao personagem do jogador.
Megatron virando pistola? Que nada! Um tanque causa muito mais estrago. (Starscream que o diga!)
Na HUD (Heads Up Display) do jogador, são mostradas a barra de vida do personagem, as habilidades (com seus respectivos comandos) e granadas disponíveis, bem como a munição da arma equipada. O personagem pode equipar duas armas, mas pode apenas utilizar uma de cada vez, podendo alterná-las durante o gameplay. Em vários momentos, será possível encontrar caixas em meio ao mapa, estas contendo munições, armas extras ou cubos de energon, o que garantirá a regeneração da vida do Transformer. Em determinados casos, alguns emblemas poderão ser coletados, tais emblemas, além de regenerar a vida do personagem, adicionarão uma barra de energia (shield) a ele, estendo a vida, alterando também um pouco do design do personagem, deixando-o mais luminoso.

Uma batalha entre o bem e o mal está sendo travada

A cada capítulo, o jogador se encontrará em variadas situações, estas que se passam nos enormes cenários das fases, o que faz com que o jogador possa aproveitar bem o espaço que lhe é dado para montar estratégias de ataque ou defesa. Embora a Inteligência Artificial dos inimigos se baseie apenas em atirar no personagem do jogador, o que faz com que alguns deles simplesmente fiquem parados mesmo quando estão sendo alvejados ou recebendo dano, a dificuldade se encontra no sistema que o game utiliza para compensar a fraca IA: hordas enormes de inimigos. E não é exagero, pois elas são realmente enormes em alguns momentos.

O título alterna dentre hordas, momentos de conversação, batalhas contra chefes e alguns outros de interação com o cenário, em que o jogador deve desativar alguma defesa ou alcançar algum dispositivo e ativá-lo, fugas, e, em uma minoria considerável, mas suficiente, exploração de cenário, onde é possível encontrar alguns segredos e itens escondidos. Com isso, a jogabilidade se faz muito variada e divertida, mesmo que em muitos momentos pareça repetitiva.
E ainda tem gente que acha o Bumblebee grande!

Defensores da verdade; robôs que lutam disfarçados!

O design do jogo é um dos pontos que mais chamam a atenção. Com visuais futuristas que relembram os das antigas séries, War for Cybertron consegue fazer um ótimo uso da Unreal Engine 3. Os cenários, mesmo vastos, são muito detalhados e poluídos na medida certa, mas por se passar quase que inteiramente nas cidades e em corredores, rumo ao núcleo do planeta, um tanto escuros. Isso sem contar os personagens em si que possuem uma aparência muito semelhante à que tinham na série original, o que pode ser considerado um dos maiores atrativos do jogo.

Os inimigos acabam não deixando a desejar também, mesmo que apenas variem de quatro tipos: os comuns, os aéreos, os brutes (grandões com apenas uma clava e um escudo), que podem ser considerados como subchefes, e os cloackers, pequenos com camuflagem. Os Destroyers podem ser considerados chefes, tanques enormes que se transformam quando se destrói a célula encontrada em sua parte traseira. Pelos cenários escuros, é possível distingui-los pelas cores que suas luzes apresentam (vermelho para os Autobots e roxo para os Decepticons).
Minha nossa, Soundwave! Você está parecendo... o Soundwave! Não, espera um pouco...

Quando a batalha se torna real, apenas os fortes sobreviverão

War for Cybertron explora bem o multiplayer que possui, com vários modos diferentes de competições, como Deathmatch (mata-mata), Team deathmatch (mata-mata em equipe), Conquest (conquista), em que o objetivo é dominar o território inimigo, Countdown to Extinction, na qual os jogadores deveriam plantar bombas nos postos inimigos, Escalation, em que os gamers deveriam enfrentar ondas crescentes de hordas inimigas (IA) e um modo cooperativo online para a campanha principal.

Todos os modos são, de fato, divertidos e entretêm por um tempo, com direito a, até mesmo, personagens totalmente customizáveis, onde o jogador pode escolher desde a classe, até a aparência ou transformação (estilo de carro) que o personagem utilizará, além de contar com alguns dos personagens clássicos da franquia em um visual remodelado.
Alguns personagens, como o Shockwave, estão disponíveis apenas por DLCs pagos.

Até mesmo os melhores momentos possuem suas falhas

Embora possua vários pontos positivos, algumas falhas acabam tirando o brilho do jogo. Uma delas, que já foi citada, é o fato da IA dos aliados ser quase que completamente inútil, eles são colocados de uma forma muito nula: morrendo ou sobrevivendo, não atrapalharão o gameplay, algo válido, já que eles não ajudam em praticamente nada. Contudo, eles ainda podem prender o jogador em alguns momentos da jogatina, bloqueando a passagem.

Outro problema, este sendo um dos maiores, é a constante queda nos frames juntamente ao longo tempo de renderização do jogo, o que chega a deixar os personagens e o cenários lisos muitas vezes, tirando o brilho das cutscenes em si, já que a ênfase acaba ficando muito na expressão dos personagens e na empolgação transmitida pela batalha. Contando também com alguns loads inesperados em meio às fases, o que provavelmente pode significar falha de leitura.
Embora atirem sem parar, seus companheiros não ajudam a derrotar os inimigos.
O áudio do jogo, embora muito bom, possui desníveis estranhos, sejam eles causados por explosões, tiros ou simplesmente uma redução repentina de áudio, o que faz com que o jogador dependa das legendas em muitos momentos. Além da trilha sonora, que quase não marca presença nas jogatinas, embora quando realmente necessária, em algum momento de ação frenética ou épica, consiga realmente empolgar.

Berwip crawna-wi pinibon!

Transformers: War for Cybertron traz de volta o brilho que havia sido perdido com algumas infames adaptações vindas telonas aos jogos sobre os robôs disfarçados. Com um design renovado, mas com um pesinho no passado, e uma história intrigante com situações hilárias, divertidas e empolgantes, War for Cybertron pode ser a pedida de muitos jogadores, sejam eles fãs antigos da franquia ou apenas jogadores que buscam diversão em um game de tiro. Além disso tudo, a ótima dublagem, as referências às antigas séries, (que realmente são inúmeras) e o forte carisma de cada um dos personagens, juntamente de sua identidade própria, são mantidas, o que faz com que a vontade de rejogar a mesma fase com personagens diferentes, pelas falas dele, seja constante, agradando assim terráqueos e cybertronianos.

Entretanto, suas falhas técnicas não o permitem atingir a tão alvejada perfeição. O longo tempo de renderização, o desnível do áudio, os loads inesperados e a fraca Inteligência Artificial dos aliados acabam fazendo com que o conceito do jogo deixe a desejar, embora não prejudique a jogatina, mas faça com que alguns pesos decaiam sobre ele.

Prós:


  • Ótima dublagem;
  • Alto carisma dos personagens;
  • Mecânicas funcionais e divertidas;
  • Contém uma história interessante;
  • Várias referências às séries anteriores.

Contras:


  • Desnível de áudio;
  • Aliados um tanto inúteis;
  • Trilha sonora quase inutilizada;
  • Queda de frames e longos períodos de renderização.


Transformers: War for Cybertron - Activision - PS3 - Nota: 9,0
Revisão: Catarine Aurora
Capa: Wellington Aciole

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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