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Análise: Em Mortal Kombat (PSVita) a vingança é o estopim de tudo

Uma das sagas mais brutais dos videogames termina em um apocalipse e para revertê-lo, voltaremos ao ponto inicial de tudo

Considerada por muitos uma das franquias de luta mais marcantes e violentas do mundo dos videogames, Mortal Kombat vem passando por muitas turbulências desde o lançamento de Mortal Kombat III (Multi). Após vários anos lançando jogos que dariam continuidade aos combates iniciados na década de 1990 e não recebendo o resultado que esperavam, a NetherRealm Studios, já falecida Midway, acabou fazendo o uso do significado literal de Armageddon, ou seja, a batalha final para Mortal Kombat.


Mas não se espante, caro leitor, a franquia não morreu. Longe disso, aliás, pois como muitas outras que recebem várias continuações consideradas infames, a maneira encontrada foi fazer um reboot. Com isso, após ter sido lançado em 2011 para os consoles de mesa, Mortal Kombat, também conhecido como Mortal Kombat 9, recebeu, em 2012, um port para o PS Vita, com adaptações e alguns extras feitos especificamente para o console. Será que isso deu certo? É o que vamos conferir!

Se não consegue no fim, tente novamente do início

Após os acontecimentos finais de Mortal Kombat: Armageddon (Multi), os únicos guerreiros vivos restantes, Shao Kahn - o imperador de Outworld, um mundo paralelo à Earthrealm, a Terra - e Raiden - o Deus do Trovão e defensor de Earthrealm - travam uma batalha mortal para decidir o destino do planeta. Durante a luta, Shao Kahn destrói o medalhão de Raiden, que foi dado ao Deus pelos Elder Gods, os deuses anciãos. Ao ver o medalhão destruído, Raiden percebe a iminente derrota e recorre a um meio inusitado: enviar uma mensagem ao passado para si mesmo, com o objetivo de derrotar Shao Kahn antes que todo o resto ocorra. Com isso, o game nos leva de volta ao que seria o primeiro jogo de Mortal Kombat (Multi), quando Liu Kang, o monge vencedor do torneio, fez sua estreia.

Raiden, ao receber a mensagem, percebe que seu medalhão se encontra com várias rachaduras e chega à conclusão de que isso são consequências do futuro. O Deus vê as mensagens como visões, contudo, a mensagem enviada inicialmente não era específica, contendo apenas a frase “Ele deve vencer” e alguns resquícios de imagens. Assim, o Deus do Trovão se lança em uma missão para reunir vários guerreiros da Terra, vencer o torneio de Mortal Kombat e proteger o planeta. Mas isso terá um preço.

Mortal Kombat 9 substitui (reconstrói) a origem dos jogos, partindo do primeiro título de Mortal Kombat, até o que seria o terceiro. Funcionando em capítulos, o game faz com que o jogador assuma o controle de um personagem diferente de acordo com o decorrer da história.

Que o torneio comece!

Embora a história seja contada por CGs, as lutas são intercaladas neste meio, ou seja, quando algo que possa provocar o início de uma luta, seja um duelo oficial do torneio ou alguma batalha a ser travada pelos guerreiros, as CGs são convertidas em gráficos mais simplificados e a luta é iniciada.
As CGs e a dublagem conseguem impressionar de tão bem feitas e por rodarem tão bem no portátil.
Voltando ao estilo padrão de jogabilidade, Mortal Kombat é um jogo de luta em 2.5D, onde os personagens são feitos em 3D, mas o plano de fundo é em 2D. MK possui trinta e dois personagens jogáveis, sem contar com os chefes, que são apenas jogáveis nos desafios das Torres. Cada personagem possui seus próprios golpes, combos e modos de luta, o que dá muita variedade ao jogo.
O título traz alguns modos clássicos, muito presentes na franquia, como o Ladder Mode, no qual o jogador é escalado para dez lutas em uma torre e, a cada vitória, avança para o próximo nível, até poder enfrentar Shao Kahn. Há também o Tag Ladder Mode, que não se diferencia muito do modo anterior, apenas que agora o jogador pode selecionar dois personagens de uma só vez e alterná-los durante a batalha. E não há como esquecer o famoso mini-game Test Your Might, no qual deve-se apertar freneticamente os botões dentro de um curto tempo para destruir uma pilha de madeiras. Os mini-games Test Your Luck, Test Your Strike e Test Your Sight, nos quais o jogador deve testar a sorte, o golpe e a visão respectivamente, inseridos na versão dos consoles de mesa também voltam, juntamente com a Torre dos Desafios. Nessa Torre, há trezentos níveis, a cada nível um desafio diferente para ser completado com um personagem diferente.

As novidades da versão de PS Vita, além de já possuir os personagens da versão definitiva do jogo (Komplete Edition), fazem uso de suas mecânicas exclusivas, tais como: o giroscópio, com o mini-game Test Your Balance, no qual o jogador deve girar o portátil enquanto evita a queda do lutador; Test Your Slice, que faz uso da touchscreen do console, algo bem semelhante ao jogo Fruit Ninja, mas, ao invés de frutas, com partes de corpos e muito sangue, e a Torre dos Desafios Bonus, que funciona como a Torre dos Desafios, mas possui cento e cinquenta níveis e varia os desafios para que façam uso das mecânicas do console.
As funcionalidades do portátil realmente conseguem fazer o título ficar mais variado e divertido.
As fatalidades, que são as execuções possíveis a ser realizadas no fim de uma luta, também estão presentes, mas infelizmente limitadas a apenas quatro para cada personagem: duas próprias, com golpes próprios do lutador, um babality, quando o rival é transformado em um bebê, e uma fatalidade por estágio, ou seja, usam elementos da arena para destruir completamente o adversário, mas pouquíssimos estágios possuem essa opção. Elas podem ser executadas realizando a sequência de botões disponível na lista de movimentos de cada personagem ou utilizando a tela do PS Vita.

Isso deve ter doído!

Como já dito, no modo história há CGs, que a contam e, quando as lutas são iniciadas, os gráficos são simplificados e a luta se inicia. Embora a transição gráfica seja imediata, ou seja, sem um tempo de carregamento, a queda é muito significante, tanto que chega a fazer um personagem com músculos à mostra parecer que envelheceu a ponto de ter o rosto totalmente enrugado. Contudo, isso não impediu que as feridas, também presentes na versão de consoles de mesa, estivessem por lá, juntamente com modo Raio X, um golpe especial que, caso acerte o oponente, exibe uma pequena sequência de golpes em câmera lenta e seus resultados internamente no adversário, como seus ossos quebrando ou seus músculos sendo rasgados.
Embora haja uma queda considerável nos gráficos, o modo Raio X ainda demonstra claramente os "estragos".
Os cenários, embora sofram do mesmo problema gráfico dos personagens, ainda podem impressionar pela quantidade de detalhes, além de providenciar o efeito nostalgia pelo fato de trazer as arenas clássicas da franquia, mas com um novo visual.

Segredos mortais

Algo presente em vários jogos do gênero são os segredos desbloqueáveis, estes que podem ser descobertos com códigos ou completando alguns dos vários desafios do jogo, como é feito mais recentemente. No caso de MK9, os segredos podem ser desbloqueados vencendo os desafios insanos das Torres ou comprando-os na Kripta, com os Koins, moedas ganhas a cada desafio ou luta completa.
Completar os desafios das torres ajuda a ganhar koins para comprar os segredos.
A Kripta funciona como uma loja, onde o jogador pode gastar as moedas ganhas, neste caso, os segredos são mostrados como tumbas, que quando compradas estouram e liberam algumas almas, que seriam o segredo comprado ou até pessoas presas a aparelhos de tortura, que quando comprados destroçam (literalmente) a pessoa e sua alma é liberada revelando o segredo comprado. Dentre estes segredos, estão artes conceituais dos cenários e personagens, novas sequências de fatalidades, roupas alternativas para os personagens e até mesmo códigos de trapaça para alterar as lutas.

Ainda na Kripta, podemos encontrar Nekropolis, um local onde os segredos podem ser vistos após adquiridos, além da biografia e da versão alternativa de cada personagem jogável.
Os segredos só são revelados após a compra, não deixando o jogador saber qual está comprando.

Uma nostalgia sangrenta

Mortal Kombat consegue realizar seu objetivo no PS Vita, do mesmo modo que conseguiu fazê-lo nos outros consoles: ser um ótimo jogo de luta e dar um novo rumo para uma das histórias mais bem elaboradas para o gênero que já vi, tanto que há várias referências a outros jogos da franquia e até mesmo os antigos bugs acabaram possuindo sua parte na nova história, sem haver furos para inseri-los (Skarlet e Error Macro, estou falando com vocês), mesmo que alguns não  tenham sido de forma direta, além de possuir participações especiais muito bem-vindas, legendas em português brasileiro e de utilizar ao máximo as funcionalidades do portátil de forma divertida e dinâmica (não, eu não sou um assassino).
Com o Test Your Balance, o giroscópio do console é utilizado, fazendo o jogador literalmente girar portátil.
A dificuldade do jogo, insana em alguns momentos, é algo que realmente consegue impressionar, pois da mesma forma que frustra, também motiva a continuar, tentando vencer o mesmo desafio. A violência, como uma das características mais marcantes da série, tampouco foi posta de lado, o que mostra o retorno da série às origens, com direito até a algumas proibições em alguns países.

Mas, como nem tudo são flores, a queda gráfica quando se assume os personagens para as lutas pode desanimar alguns jogadores. Os controles, mesmo sendo muitos, são de fácil execução no portátil, entretanto, sem explicação alguma, eles falham e os combos são interrompidos em certos momentos, mas nada que impeça ou atrapalhe, de fato, a jogabilidade. Outra coisa que acaba por ofuscar um pouco o brilho do título é a falta de interação com os cenários, que só são possíveis quando se realiza alguma fatalidade.

Infelizmente, devido a problemas de infraestrutura, não foi possível avaliar o modo online do jogo, portanto, este não foi inserido nesta matéria e não interferirá na nota final.

Prós


  • Narrativa muito bem contada, eliminando os furos deixados pela anterior;
  • Dublagem e efeitos sonoros impecáveis;
  • Efeito nostalgia;
  • Explora muitas das funcionalidades do PS Vita;
  • Vastidão de conteúdo;
  • Dificuldade elevada em certos momentos.

Contras


  • Queda na qualidade gráfica quando in-game;
  • Interação com os cenários quase nula;

Mortal Kombat - PS Vita - Nota - 9,0
Revisão: Catarine Aurora
Capa: Diego Migueis 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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