Sai Naughty Dog e entra Eurocom, mas a qualidade continua
O primeiro jogo de Crash a não ser produzido pela Naughty Dog (que na época estava trabalhando em Jak & Dexter), foi desenvolvido pela Eurocom e foi a primeira tentativa do marsupial a adentrar o gênero dos “party games”, obtendo um sucesso bem maior que sua segunda tentativa em Crash Boom Bang! para Nintendo DS seis anos mais tarde. Embora não tivesse a variedade de modalidades, minigames e não apresentasse um tabuleiro ou algo do gênero como Mario Party, Bash se destacou por uma série de motivos e inventividade nos poucos estilos de minigames presentes.O enredo não é nenhum Shakespeare, mas os minigames divertem bastante!
A história do jogo é bem água com açúcar, mas já era de se esperar. Jogos de plataforma não são conhecidos por suas histórias elaboradas então não seria um spin-off de minigames que iria ganhar o Nobel da literatura pelo enredo. Em Bash, Aku Aku e Uka Uka, as máscaras irmãs que atuam como Ying e Yang na franquia, resolvem decidir de uma vez por todas quem é mais forte: o bem ou o mal. Por não poderem se enfrentar diretamente, as entidades concordam em encerrar a dúvida através de uma espécie de olimpíadas, cada time - o bem e o mal - com seus competidores. Como na época vários personagens ainda não existiam o time do bem ficou desfalcado, contando apenas com Crash e Coco enquanto o time do mal contava com Cortex, Brio, Rilla Roo, Koala Kong, Dingodigle e Tiny Tiger. Confiante em sua vitória, Aku Aku concedeu os dois últimos para o time do bem para que as chances ficassem mais equilibradas.
É com essa simples –. mas bem feita –. introdução que o jogador é transportado para uma área de seleção de fases muito semelhante à do Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back: uma plataforma em formato de círculo com portais espalhados ao redor. Sem muita contextualização ou algo entre um jogo e outro, basta entrar nos ditos portais para participar dos minigames e, tal como nos jogos principais, coletar troféus, power crystals, gemas e (eventualmente) relíquias. Em cada conjunto de fases existe um chefe à ser derrotado, mas antes é preciso liberar o combate coletando os já mencionados itens. Após derrotar o chefe, o jogador é levado à uma nova área com, geralmente, mais um tipo de minigame e novas versões dos já avistados em andares anteriores.
A seleção de fases era simples e eficiente! |
Modalidades para todos os gostos!
Ballistix: num cruzamento de gol-a-gol com pinball e carrinhos de bate-bate, os quatro jogadores ficavam presos cada um à um lado de um quadrado, podendo se mover somente ao longo de sua aresta. O objetivo era refletir as ondas de bolas de pinball que vêm em direção ao seu gol e acertá-las nos gols dos adversários. Cada bola dentro ia diminuindo um contador de vidas do personagem que, ao chegar a zero, era eliminado e substituído por uma cerca elétrica. O ultimo a sobreviver vencia o desafio.Pogo Pandemonium: A bordo de pula-pulas (ou pogo-sticks, para ser mais exato), os jogadores precisam pintar quadrados em um tabuleiro quadriculado para marcar pontos. Vale acertar inimigos com mísseis, pintar o chão com bombas e muito mais. Em certas variações era necessário coletar uma caixa para transformar o chão pintado em pontos, em outra era necessário fechar um quadrado e em certa fase o jogador não podia pisar na própria cor ou fazia tudo o que foi pintado desaparecer.
Crate Crush: Feito para os gladiadores do terceiro milênio, aqui quem mandava era a força bruta. Jogando caixas, bombas, atacando e pulando o objetivo aqui era minar a vida dos oponentes até ela se esgotar. Quando a barra ficava completamente vermelha, ele era eliminado da partida e o vencedor era o último que restasse.
Polar Push: Ao bordo de Polar e seus amigos (ou clones?), os jogadores devem tentar empurrar uns aos outros para fora de uma plataforma congelada super escorregadia. Não bastasse a competição, ainda devem ficar atentos à leões marinhos, bombas, bigornas e relâmpagos que ainda podiam atrapalhar os jogadores.
Tank Wars: A bordo de tanques com os mais variados arsenais (que dependem do personagem que você escolheu), os jogadores devem utilizar-se de minas terrestres ou seus projéteis para derrotar os adversários. Quando a vida se esgotava, o tanque explodia e era adeus para o jogador. Felizmente, Wumpa-Fruits estavam presentes para recuperar a vida dos necessitados.
Crash Dash: Como um mini-throwback de Crash Team Racing, os jogadores devem competir dando voltas em mini-pistas (em geral circulares). O contador de voltas ao lado do ícone do personagem era diminuído a cada vez que se passava pela linha de chegada e o primeiro a alcançar o zero vencia o desafio. Wumpa Fruit eram utilizadas como turbos, uteis não só para aumentar a velocidade mas também para empurrar os oponentes para fora da pista.
Medieval Mayhem: O mais aleatório de todos, como o nome sugere é uma loucura imprevisivel e é algo medieval. As modalidades incluem lançamento de jóias em um alvo móvel enquanto monta um dragão, coleta de balões coloridos e esmagar cogumelos com um martelo (seria esse ultimo uma alfinetada no Mario?).
Diversão atemporal e novos padrões para o gênero
Crash Bash veio pra mostrar que não é necessário seguir padrões que fizeram sucesso em um gênero para se dar bem. Enquanto várias empresas tentaram imitar o estilo de tabuleiro de Mario Party e falharam epicamente por criarem jogos parados demais ou com vários minigames sem inspiração alguma, Bash seguiu por um outro caminho. Com seu (ainda que simples) modo história e sete estilos de minigames diferentes, conseguiu receber notas boas pela critica especializada na época e até hoje ainda se trata de um dos meus jogos favoritos do gênero.A necessidade de adquirir cinco vitórias no mesmo minigame criava uma certa repetitividade, mas o excelente multiplayer fazia com que todos relevassem esse problema. |
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Miguéis
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