Até o mês passado eu nunca tinha ouvido falar de Brothers: A Tale
of Two Sons. O jogo de aventura desenvolvido pela Starbreeze Studios, produtora
responsável por The Darkness (Multi) e pela franquia Riddick, tem toda aquela pinta de
jogo indie simples e tocante. E é justamente isso que o torna tão
mágico e encantador. Com um enredo emocionante, cenas cativantes e dois
protagonistas muito carismáticos, o título conseguiu me ganhar facilmente e se
tornou uma experiência quase tão marcante quanto Journey (PS3).
A saga de dois irmãos
Brothers conta a história de Naiee e Nyaa, dois irmãos que
se veem em uma situação bastante ingrata: eles precisam urgentemente salvar o seu pai de uma doença que está
matando-o. O médico do vilarejo em que os dois vivem diz que, para que o homem possa sobreviver, é necessário que os irmãos busquem um pouco da água de uma fonte oculta no interior de uma árvore sagrada, chamada de Árvore da Vida (Tree of Life), que está situada há muitos quilômetros de distância da
cidade. Desesperados, e já órfãos de mãe, os garotos decidem partir em uma jornada em busca da Árvore da Vida, sem imaginar os perigos que viveriam ao longo dessa aventura.
Os dois irmãos farão de tudo para salvar a vida de seu pai |
Apesar de simples, o enredo de Brothers triunfa por meio do
carisma dos personagens e do mundo do jogo, que, aliás, parece ter sido inspirado nos
mais belos ambientes dos maiores clássicos da Disney. Florestas, vilarejos e
cavernas fazem parte dos cenários atravessados pelos garotos durante essa jornada, que não dura mais que cinco horas. É possível interagir com quase tudo o que os irmãos encontram pelo caminho, desde pessoas até objetos inanimados. O
jogo não possui combates - exceto por duas batalhas contra chefes, que são
simples e divertidas – o que faz com que a exploração seja o foco. Os garotos
devem resolver diversos quebra-cabeças e enfrentar vários ambientes hostis para
chegarem ao seu destino.
Problemas familiares
A interface de Brothers utiliza-se basicamente de quatro botões:
as duas alavancas analógicas e os gatilhos L2 e R2. Cada alavanca controla um
dos irmãos, que podem ser movimentados simultaneamente, enquanto que os
gatilhos são botões de ação específicos para cada um dos dois personagens.
Apesar de parecer simples, controlar os dois garotos ao mesmo tempo não é uma das
tarefas mais fáceis e exige muita coordenação dos jogadores, que vão se
confundir vez ou outra durante a aventura. Apesar disso, o jogo ainda diverte muito, o
que deixa os problemas em segundo plano.
O jogador é colocado nas mais diversas situações! |
A parte mais interessante da jogabilidade de Brothers é a
interação de cada um dos irmãos com o ambiente, pois é algo que revela bastante sobre a
personalidade de cada um. Enquanto Naiee, o irmão mais novo, é inconsequente,
arteiro e medroso, Nyaa, que já é quase um adulto, é mais contido e corajoso, e está disposto a proteger seu irmão a todo custo. Interagir com os NPCs do jogo é uma
das coisas mais legais de toda a aventura, já que nunca esperamos como cada irmão
vai se comportar diante das situações. Naiee gosta de dar sustos em pessoas, de chutar traseiros e até mesmo de cantar e dançar, enquanto que Nyaa está mais
interessado em encontrar a cura para seu pai, sem muitas delongas. Contudo, em
certos momentos, a inocência do irmão mais novo é uma arma poderosa para se
conquistar aliados durante a aventura, o que nos faz perceber que ambos são indispensáveis para o sucesso da jornada.
Infelizmente, controlar os personagens não é tão fácil |
O jogo ainda conta com muitos quebra-cabeças e passagens de
plataforma, o que é muito bem vindo e serve para ditar o ritmo perfeito do gameplay, que nunca cansa o jogador ou se torna repetitivo. Os ambientes também
mudam a todo momento, e dão ao título uma variedade ímpar. Cada localidade possui
características próprias, tanto de ambientação quanto de jogabilidade, fazendo com
que o jogador nunca se sinta como se estivesse fazendo a mesma coisa há horas,
mesmo que esteja.
Encantador ao extremo
Logo nos primeiros minutos de jogo já é possível notar todo
o esmero da desenvolvedora no processo de criação de Brothers. Seus gráficos são artisticamente lindos
e seus personagens são todos muito carismáticos, o que faz com que o jogador
crie laços não apenas com os protagonistas, mas com todo o ambiente do jogo,
que é imersivo, belo e agradável. Os personagens não possuem dublagem em todas
as suas falas e tampouco falam em inglês. Todas as falas dubladas se limitam a
sons aleatórios, gritos e aos próprios nomes dos protagonistas, o que mostra que
nem sempre vozes são necessárias para aumentar o potencial de imersão dos jogos. O suave
desenrolar do enredo faz com que o jogador se sinta cada vez mais ligado a
Naiee e Nyaa. Em decorrência disso, o final da aventura faz com que os jogadores
se sintam tocados e emocionados com tudo que presenciaram ao longo da jornada dos dois irmãos.
Brothers conta com diversos momentos emocionantes |
Clássico instantâneo
Apesar dos problemas com os controles, tudo se torna
tolerável frente a um jogo tão belo e emocionante. Contando com personagens
extremamente carismáticos, um mundo de jogo crível e agradável, e com uma jornada
das mais inesquecíveis, Brothers: A Tale of Two Sons é uma das mais cativantes aventuras
já lançadas para PS3, capaz de emocionar até os marmanjos aficionados por
Call of Duty e outros jogos ditos "adultos". Para os fãs de jogos introspectivos
como Journey e Flower, Brothers é um título obrigatório. Ao restante das
pessoas, peço que deem uma chance a este jogo, pois não sabem o que estão perdendo.
Prós
- Mundo cativante e encantador;
- Personagens carismáticos;
- Jogabilidade variada;
- Enredo emocionante;
- Final maravilhoso.
Contras
- O controle dos irmãos é confuso
Brothers: A Tale of Two Sons – PlayStation 3 – Nota: 9.5
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Felipe Araújo
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