Lançado nos idos do saudoso PlayStation, Tomba! foi um daqueles jogos que, embora não tenha sobrevivido a mudança de geração, fez da infância de muitos jovens um pouco mais divertida. Com um protagonista curioso e algumas idéias criativas de jogo, o título trouxe para os jogos de plataforma elementos de humor, aventura e exploração, se definindo largamente pelo sentimento de alegria, sem nenhum compromisso com enredos filosóficos ou grandes pretensões. O charmoso jogo chegou a receber uma versão demonstrativa para os CDs demo que acompanhavam os antigos consoles, e permanece como uma verdadeira pérola que ficou para trás.
Esqueça o enredo
Tomba era um jovem um tanto quanto selvagem, habitante de um pequeno grupo de ilhas perdidas em meio ao oceano. Certo dia o rapaz de cabelos cor de rosa fora surpreendido pela notícia do surgimento de sete porcos malignos, que logo transformaram esse paraíso perdido em um lugar habitado por porcos e outras estranhas criaturas. Ao tentar confrontalos, no entanto, o rapaz acaba sendo derrotado e perdendo seu bracelete mágico.Armado então com sua maça (sim, ele possui uma chain mace no bolso de seu shorts), o jovem sai pela ilha pulando em cima de porcos e distribuindo muita pancada em busca de recuperar sua joia, um artefato mágico que pode selar novamente os suínos das trevas. Ao longo de sua aventura Tomba acaba fazendo muitos amigos, encontrando diversas armas e novos shorts que lhe davam diferentes habilidades e diversos enigmas curiosos a serem resolvidos.
Mecânicas bem construidas
Se a moda de hoje em dia são ogos de plataforma com física avançada, antigamente bastava ser divertido, e isso Tomba! fazia com maestria. Com cores vibrantes e muito bom humor, o jogo se desenvolvia em um ambiente 2D, mas com diversos planos, caminhos e segredos.No decorrer da jornada, cada rota poderia levar a diferentes lugares. Além do mais, vários dos itens carregados por Tomba tinham a capacidade de abrir novas passagens, portanto, era comum neste jogo voltar a trechos já superados e encontrar novas rotas, dando prosseguimento ao jogo.
Além de todo senso de exploração, o combate era montado em função de duas premissas: saltar em cima dos inimigos e atacar com armas. Enquanto o salto podia lidar com monstros menores, muitas das criaturas mais complicadas deveriam receber algum hit de um armamento em específico, para que ficassem atordoadas, dando ao jogador a oportunidade de abatêlas.
Para completar a festa, toda essa jornada era feita seguindo uma lista enorme de quests a serem vencidas pelo jogador. Encontrar ovos, penas, pessoas, chaves, passagens secretas. Tudo garantindo uma espécie de pontuação para o diário de viagem do jogador, ajudando na indicação do progresso.
Cenários e personagens
Além de todas as mecânicas realmente inovadoras para a época, outro dos grandes destaques do título ficava por conta do charme de cada elemento. É notável que os designers do jogo estavam se divertindo enquanto produziam o título, e isso se reflete na aparência e carisma de cada inimigo, aliado ou NPC.Com uma palheta leve de cores e muita criatividade, o jogador encontra em Tomba! porcos malignos, anões, velhos sábios, pessoas "normais", plantas com bumbum, frutas exóticas, moinhos de vento e toda sorte de coisas aleatoriamente engraçadas que não encontram mais espaço na indústria de hoje.
Uma escola que faz falta
Verdade seja dita, por melhores que sejam as obras atuais, jogos do padrão de Tomba! fazem bastante falta. Foise o tempo onde um título voltado somente para a diversão do jogador teria chances de sucesso comercial. A mudança de paradigma foi tanta que mesmo mascotes famosos como Sonic e Crash encontramse em dificuldade. Quem dirá nosso pobre protagonista de cabelos cor de rosa.Sinceramente? Eu espero mais. Espero que essa nova leva de jogos indie quebre essa monotonia de jogos de tiro e jogos medievais, espero voltar a ver obras insanas, voltar a me surpreender com criaturas inovadoras e voltar a sorrir com a infantilidade poética de jogos como Tomba!. Este magnífico título pode ser adquirido facilmente na PSN, tanto para PS3 quanto para PSP e Vita, ele também chegou a receber uma continuação Tomba! 2: The Evil Swine Return, mas esta, por enquanto, só está disponível na PSN japonesa e europeia.
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Daniel Machado
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