Ter tido um PlayStation e nunca ter jogado Crash Bandicoot seria como ter tido um Super Nintendo e nunca ter jogado Super Mario World. Ok, a comparação não tem exatamente a mesma escala, mas de fato o simpático personagem (originalmente) da Naughty Dog, hoje reconhecida por outros grandes títulos como o épico The Last of Us (PS3), cativou muita gente e marcou presença em clássicos do primeiro console da Sony.
O último título da série a ser desenvolvido pela Naughty Dog não seguia um estilo plataforma, como haviam sido feitos os games anteriores. Em Crash Team Racing (ou simplesmente CTR) Crash e toda sua turma pegam os seus karts e fazem disputas de corrida. E no fim, quem ganha em diversão é o jogador.
Algumas mudanças na pista
Crash Team Racing teve um desenvolvimento bastante tranquilo, que começou logo após o lançamento do segundo jogo da série, Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back. Como o período de produção foi o mesmo de Crash Bandicoot 3: Warped, e como o terceiro game da série em estilo plataforma foi lançado antes do título de corrida, CTR acabou pegando alguns elementos emprestados de Warped.
Para começar, o vilão do jogo, Nitros Oxide, era originalmente um cientista maluco como o Dr. Cortex. Ele foi mudado mais tarde para ser um alienígena para preservar um pouco o sentimento de "aventura galática" que o terceiro título da série havia instituído. Outro ponto interessante é que os personagens Pura e Polar (os mascotes do Crash) foram programados para estarem juntos no mesmo kart, mas por causa das limitações do PlayStation, isso não foi possível. Aliás, os desenvolvedores disseram que a arquitetura do console limitou muito várias ideias do jogo. Mesmo assim, Crash Team Racing continua sendo um dos melhores games do gênero.
Penta Penguin apareceu na versão beta, mas no game final só podemos jogar com ele via cheat code. |
O Mario Kart da Sony
É impossível não notar as semelhanças entre CTR e o título de corrida do bigodudo italiano. A dinâmica das pistas e os efeitos de alguns power-ups são muito parecidos. No entanto, o jogo de Crash carrega uma personalidade própria, que é bem diferente de qualquer Mario Kart.
Para começar, em CTR houve a inclusão de um story mode, algo que não se esperaria em um jogo de corrida maluca. Nitros Oxide, um alienígena piloto de kart que se julga o melhor do universo, vai à Terra e desafia toda a turma de Crash para uma competição, em que o melhor piloto do planeta teria a "honra" de correr contra o extraterrestre. O enredo era bem simples, mas servia seu propósito de nos introduzir no universo do jogo. O modo era dividido em cinco estágios (as warp zones), cada qual com quatro pistas de corrida e um chefe.
O modo história rendia boas horas de jogo, principalmente se você quisesse conseguir todos os colecionáveis (alguém lembra das moedas CTR? Que sacrifício!) e desbloquear todos os personagens secretos. Porém, isso não impedia o jogador de testar o modo Arcade, perfeito para uma diversão mais casual. Ele permitia jogar qualquer pista quando se quisesse. A diversão aumentava quando jogávamos com amigos. O game permitia até quatro jogadores se enfrentarem nas mais doidas pistas de corrida. O sabor da vitória, a amargura da derrota, a emoção de ver um míssil indo na sua direção — tudo contribuía para que tivéssemos bons momentos, fosse sozinho, fosse rodeado de amigos.
Os gráficos do jogo foram muito elogiados na época. De fato, o detalhamento dos cenários e os efeitos visuais dos power-ups foram muito bem-feitos. Se pensarmos hoje, o game envelheceu bem, segurando as marcas do tempo melhor do que seus antecessores.
O som era um show. Quem não se lembra das risadas que os personagens davam quando passavam de seus oponentes, ou quando largavam uma armadilha nas pistas? A dublagem dava a vida aos personagens e foi incrível como, com poucas palavras, foi possível captar toda a personalidade da turma de Crash.
O grande trunfo do áudio, no entanto, não foram os efeitos, e sim a própria trilha sonora. Era incrível como as faixas conseguiam pegar o feeling das pistas, ou mesmo como a música tema era simplesmente cativante. No modo aventura, cada área das warps zones tinha sua própria variação da abertura. A transição entre uma e outra era uma das sacadas mais geniais no quesito sonoro do jogo.
Apertem os cintos!
Antes de ficar passando de mão em mão por diferentes produtoras e publicadoras, Crash fez muito sucesso no PlayStation. E Crash Team Racing certamente é um dos melhores jogos que o personagem já estrelou. Ele chegou a receber uma sequência, Crash Nitro Kart (PS2), que apesar de muito boa não conseguiu resgatar toda a emoção da corrida maluca do primeiro jogo.
No fim, CTR cumpriu sua missão sendo tudo o que um jogo da época deveria ser: simples, cativante e divertido de jogar com amigos ou sozinho. Com certeza, uma pérola do saudoso tijolão cinza.
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis
Alguém sabe se é verdade que era possivel habilitar Nitros Oxide sem cheat code?
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