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Análise: Conheça o mundo dos mortos em Folklore, um dos jogos mais esquecidos do lançamento do PS3!

Um dos maiores dilemas da humanidade é se há vida após a morte. Folklore trata essa questão de uma maneira ousada e interessante. Desen... (por Unknown em 21/07/2013, via PlayStation Blast)


Um dos maiores dilemas da humanidade é se há vida após a morte. Folklore trata essa questão de uma maneira ousada e interessante. Desenvolvido em 2007 pela Game Republic, este é um jogo de aventura com elementos de RPG que conta com dois protagonistas bem peculiares: Ellen e Keats. Ellen é uma bela e determinada jovem que recebe uma carta endereçada de Doolin, uma misteriosa cidade Irlandesa. A mensagem, escrita por sua falecida mãe, pedia para que a menina fosse a seu encontro. Já Keats é um curioso jornalista que escreve para uma revista sobre questões sobrenaturais chamada Unknown Realms. Sua jornada começa quando o rapaz recebe um telefonema anônimo de uma mulher pedindo socorro. A chamada, assim como a carta recebida por Ellen, também vinha de Doolin. Tem então início as aventuras dos nossos protagonistas, que inevitavelmente, como a trama irá revelar, estarão fortemente conectadas pela macabra história que assombra o local de seu destino.


Em busca de respostas

Doolin é uma cidade melancólica e erma que é conhecida por ser supostamente o lugar no qual se encontra o portal que une o mundo dos vivos com Netherworld, o mundo dos mortos. Ironicamente, nesse mundo tudo é vivo, colorido e movimentado. Um dos pontos mais fortes do jogo é a história. Uma tragédia que resultou em quatro mortes ocorreu em Doolin há 17 anos, porém ninguém sabe ao certo o que realmente aconteceu. Os poucos que podem saber algo preferem ocultar a história, tornando a procura por alguma resposta ainda mais difícil. Assim, Ellen e Keats se veem obrigados a resolver o mistério praticamente sozinhos, já que a investigação de ambos os leva ao incidente.


A história é contada com a utilização de cenas em computação gráfica distribuídas em quadros nos quais as falas dos personagens são escritas em balões, lembrando muito uma HQ. Infelizmente, essas passagens não possuem dublagem, ao contrário das escassas CGs tradicionais espalhadas pelo jogo. As vozes são excelentes e representam muito bem cada um dos personagens presentes no game, tornando ainda mais questionável o motivo pelo qual elas não foram utilizadas em todas as animações.

A jornada pelo mundo dos mortos

Cada capítulo conta com três momentos distintos: primeiramente há uma investigação não muito divertida em Doolin. O jogador deve conversar com NPCs em busca de pistas do que ocorreu na cidade há 17 anos. No processo, é obtida uma lembrança (uma foto ou objeto pessoal) de algum personagem morto no incidente, sendo ela a chave para entrar em Netherworld e seguir a aventura. E é em Netherworld que o jogo brilha. No lindíssimo mundo dos mortos, Ellen, ou Keats, deve ir à procura do falecido personagem e assim esclarecer o que realmente ocorreu naquela fatídica noite em Doolin. A busca não é das mais simples, pois os heróis devem enfrentar o Folklore da região - monstros que guardam as memórias de vida dos personagens. As missões por Netherland são o que faz o jogo realmente valer a pena, pois as fases são muito bem elaboradas e divertidas. O capítulo termina quando o jogador retorna à Doolin para juntar as informações coletadas em Netherworld. Esse momento funciona como um resumo do que Ellen e Keats presenciaram, para sintetizar as novas descobertas.


Em Doolin, o jogo é muito simples. Os gráficos são apenas razoáveis, e suas ações se resumem a ir de um ponto a outro e conversar com NPCs. Já em Netherworld, o jogo mostra todo seu potencial. Ao contrário da cidade irlandesa, no mundo dos mortos tudo é muito vivo e colorido. O lugar parece ter vida própria, além de ser lá que a jogabilidade mostra suas qualidades. Porém, tanta beleza e detalhamento têm preço, que no caso de Folklore se converteu em alguns slowdowns e texturas borradas. É evidente que a real beleza do jogo reside em sua direção artística, e não em sua parte técnica.

Temos que pegar!

No mundo dos mortos, Ellen e Keats devem enfrentar diversos inimigos chamados Folks. A grande sacada é que cada Folk possui uma Id (ou alma), que pode ser absorvida para fornecer novas habilidades aos personagens. Cada Id possui características próprias: algumas atacam à distância, outras necessitam de contato, outras servem como escudo, e assim por diante. Além disso, as almas podem ter elementos ligados a elas, como terra, água e fogo. Isso adiciona estratégia aos combates, de modo que cada Folk possui suas próprias vantagens e desvantagens baseadas nesses elementos.


É possível fazer upgrades nas Ids utilizando itens obtidos nos cenários ou em sidequests. Essas missões paralelas aumentam a longevidade do jogo, além de serem divertidas e recompensadoras. Com elas, o vasto mundo criado pela Game Republic é melhor aproveitado, o que é muito bom, já que o universo do jogo é muito interessante e pode ser explorado de diversas maneiras. Por outro lado, caso o jogador não faça questão de aproveitar tudo que o jogo oferece, as missões podem ser ignoradas sem afetar a história dos protagonistas.


Para obter as Ids, o jogador deve lutar contra o Folk que a possui a fim de enfraquecê-lo. Quando enfraquecido, uma sombra vermelha surge acima do inimigo, representando sua Id pronta para ser absorvida. Nesse momento, deve-se apertar R1 seguido de um movimento com o Sixaxis. Tal movimento varia de acordo com a importância e força das Ids, sendo mais simples para almas mais básicas e mais elaborados para as avançadas. Em qualquer um dos casos, a resposta dos controles é sempre muito precisa.


Quando capturadas, as Ids podem ser dispostas em botões de atalho no controle para a utilização em combate. Como a alternância entre Ids é muito constante, basta apertar L2 a qualquer momento para modificar a formação de almas que se deseja utilizar. O sistema é bem eficiente, sendo seu único problema a presença de um pequeno loading toda vez que se deseja realizar o processo, o que pode incomodar devido à frequência com que tal procedimento é necessário.

Nem tudo são flores

A parte sonora se destaca por suas melodias melancólicas, que contribuem muito para a atmosfera do jogo. Doolin, a erma cidade palco da aventura, é marcada por melodias tristes com violinos e piano. Já em Netherworld as músicas são mais tensas, para acompanhar o clima de ação dos combates que se passam em suas diversas regiões. Os efeitos sonoros são simples, mas cumprem seu papel.  O grande problema da trilha sonora é a pequena quantidade de músicas, o que as tornas repetitivas depois de um tempo.


Falando em repetição, eis o maior problema do jogo. Cada capítulo deve ser jogado duas vezes (uma por Ellen e outra por Keats) para a conclusão do jogo. Porém, os capítulos são idênticos para os dois personagens, diferindo apenas pela variação de alguns inimigos e em uma ou outra animação. Até mesmo o Folklore ao final de cada fase é igual, o que se revela como um problema para a lógica da história, já que cada personagem destrói sozinho o mesmo chefe.


O jogo dá a opção de terminar os cinco capítulos de cada protagonista na ordem em que o jogador desejar. É possível terminar todos eles com um personagem para só depois iniciar o jogo com o outro, assim como é possível completá-los alternadamente. Porém, cada forma de progressão reflete um problema do jogo. Terminando todos os capítulos com apenas um personagem para só depois iniciar a jogatina com o segundo faz com que diversas revelações da história sejam dadas antes da hora. Além disso, com as descobertas de apenas um protagonista a cada final de capítulo, as informações do enredo ficam incompletas. Por outro lado, progredir alternadamente com os personagens torna o jogo extremamente repetitivo, pois a mesma fase será jogada duas vezes em sequência. Sendo assim, uma forma de progressão torna o jogo confuso, e a outra, repetitivo.


Os loadings constantes são outro grande problema do jogo. O mapa de cada região de Netherworld é dividido em pequenas porções, e a cada transição entre os espaços surge uma tela de carregamento. A instalação opcional de 1,1GB minimiza o problema, porém os loadings continuam aparecendo e incomodando. O fator replay do jogo é alto. A campanha dura em torno de 12 horas, mas seus diversos e gratificantes sidequests, somados às dezenas de Ids disponíveis para captura tornam o jogo muito mais longo para os que desejam conseguir tudo. Além disso, outras missões podem ser compradas na PSN Store, aumentando ainda mais a longevidade do jogo. Por ser um título de 2007, o game não possui suporte a troféus, o que é uma pena devido à sua grande quantidade de tarefas desafiantes.


Folklore é um jogo intrigante, bonito, e acima de tudo muito divertido. Apesar de seus pontos negativos, o conjunto da obra é satisfatório, o que o torna recomendável a todos que apreciam uma boa história de mistério e muita ação.

Prós

  • Mundo belíssimo;
  • Temática interessante;
  • Enredo intrigante;
  • Mecânicas criativas.

Contras

  • Muito repetitivo;
  • Enredo pode se tornar confuso dependendo da forma que o título for jogado;
  • Loadings demorados.


Folklore - PS3 - Nota: 8.0
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Vitor Nascimento 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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