Que a Sony estava abominando qualquer tipo de aventura que sequer lembrasse as aventuras 2D de um certo encanador bigodudo e sua turma quando lançou o primeiro PlayStation não é novidade para ninguém. Por isso, nessa época, alguns desenvolvedores tiveram de lançar mão de uma série de artimanhas, como as que envolviam a criação de mundos 2.5D, se quisessem fazer algo parecido. Se para alguns isto foi um triste fracasso, para a Namco e seu novo mascote, Klonoa, foi um tremendo acerto!
Aviso: este texto possui conteúdo considerado spoiler.
Uma criaturinha fantástica
"Não, o anel na minha mão é para lançar encantamentos, e não para me proteger dos robôs do dr. Eggman. E não, você não pode me capturar com sua Pokébola". |
Descrito por muitos como uma espécie de gato com orelhas compridas, uma espécie de coelho com cara de gato, ou até mesmo como um "gatoelho", Klonoa foi lançado pela Namco com o intuito de ser seu mais novo mascote, que figuraria ao lado de Pac-Man - e o bichinho tem até mesmo um boné com uma estampa do comedor.
O sucesso não poderia ser maior: sendo uma espécie de Sonic da companhia que o criou, Klonoa é uma criatura muito simpática e divertida dotada de movimentos muito fluidos, mesmo em sua primeira aventura 2.5D. Junto de seu amigo Huepow, neste game ele desbrava toda a terra de Phantomile, passando por diversos estágios desafiadores.
Uma aventura extraordinária
O começo é sempre fácil. |
Klonoa: Door to Phantomile é uma extensa e divertida aventura completa em cinco diferentes reinos. Os jogadores são convidados a começar sua aventura na pacata Breezegale, a vila do vento, onde conhecem o terrível Ghadius e seu sempre fiel servo Joka, que sequestram a diva Lephise na intenção de roubar o colar da lua e impedir a diva de restaurar o mundo, que, de acordo com os vilões, deveria permanecer em trevas.
Para continuarem seus trajetos, Klonoa e Huepow devem passar por Jugpot, o reino da água, onde as cascatas estão correndo de baixo para cima, deixando as árvores secas. Isso porque Seadoph, o rei das águas, encontra-se com a mente possuída por Ghadius, e ataca os heróis ao lado de Pamela, o peixe. Sendo derrotado, o rei restaura o fluxo da água e todos os demais reinos voltam a contar com seu abastecimento normal.
Seguindo para Forlock, a vila das árvores, os heróis chegam à casa de Granny, a avó de Klonoa, mas são surpreendidos por Joka que, ao descobrir que o colar está sob a posse de Grandpa, avô de Klonoa, corre em seu encalço a fim de chegar lá antes de Klonoa e Huepow. Grandpa eventualmente vem a falecer sob as mãos de Joka.
Já em Coronia, o templo do sol, Klonoa e Huepow se deparam com um estranho fenômeno causado por Ghadius, que é o enfraquecimento do poder do sol, tornando a noite algo quase constante e fortalecendo os terríveis espíritos dos inimigos. Ali, eles enfrentam Joka cara a cara, que também acaba sendo derrotado.
Quando a noite cai só resta a Klonoa fugir. |
Finalmente em Cress, o reino da lua, e depois de resolver mais um enigma, os protagonistas se veem frente a frente com Ghadius. Após ser derrotado, no entanto, este revela que sua vingança já chegou ao fim, e que Nahatomb, uma terrível besta precursora de pesadelos, despertou. Somente com a derrota de Nahatomb é que Lephise é resgatada e finalmente solta, podendo, assim, cantar sua canção de restauração, que traz Phantomile de volta ao normal.
Um jogo de tirar o fôlego
Ghadius, o terrível. |
Falar de um jogo como este tentando resumir a história em pequenos cinco parágrafos não foi tarefa fácil. Isso porque o game possui uma série de detalhes que o tornam incrivelmente envolvente. Ghadius, por exemplo, é um dos vilões mais assustadores que este redator já enfrentou, mas não por ser realmente uma criatura saída de pesadelos, ou por ser terrivelmente forte, mas sim por seu gênio. O espírito das trevas traz em sua bagagem uma história completamente misteriosa, buscando vingança contra o mundo que o rejeitou e não dando a mínima para o fato de morrer no processo. A mera presença de sua máscara já é o bastante para causar frio na espinha, e seu jeito de falar é amedrontador, e completamente frio, até mesmo quando fala do estranho sonho que invadiu o mundo.
Já Huepow, uma pequena bola flutuante com um rosto, revela-se muito mais do que isso ao final do jogo, sendo uma criança natural de Coronia, e não um espírito como parece ser. Ainda, muito embora pareça que Klonoa e Huepow sejam amigos de infância durante o jogo, Huepow revela que todas aquelas memórias foram criadas por ele próprio para incentivar Klonoa a salvar seu mundo, já que Klonoa, na verdade, veio de uma outra dimensão, de um outro reino chamado Phantomile. Quando a diva Lephise canta sua canção de restauração, o "estranho sonho" sobre o qual Ghadius falava é, enfim, expulso e retorna ao seu próprio mundo - e esse sonho é ninguém menos do que o próprio Klonoa.
"Huepow, você me enganou esse tempo todo?" |
A jogabilidade do game também é eletrizante, contando com uma série de desafios e quebra-cabeças capazes de tirar a paciência dos mais tranquilos. A perspectiva 2.5D do título ajuda demais e, em diversos momentos, Klonoa é obrigado a interagir com elementos que estão ao fundo do cenário, ou mesmo do outro lado da imensa curva onde o personagem está, apenas olhando para trás.
Os chefes também oferecem um desafio extra e, já que você deve enfrentar um ao final de cada reino, e mais três formas do temível Nahatomb, você tem um total de oito desafiantes para vencer. Isso porque cada chefe precisa ser derrotado de uma forma única. Um deles, por exemplo, só pode ser atacado por cima, devendo Klonoa utilizar algumas molas para causar-lhe dano. O rei Seadoph, por outro lado, só pode ser atacado quando pula de Pamela, e Joka muda de forma para uma terrível tartaruga das trevas, forçando Klonoa a reacender o poder do sol para fazê-lo voltar ao normal.
Uma cobra voadora que só pode ser atacada em certos pontos fracos, e apenas quando o balanço onde Klonoa está estiver próximo a ela? Até o Bowser é mais fácil! |
Muito embora os gráficos não estejam mais à altura do que os hardwares modernos são capazes de processar, o game é lindo até mesmo para os padrões atuais, trazendo gráficos muito bem coloridos e polidos. A parte sonora também não fica atrás, e é possível até mesmo identificar algumas palavras em algo parecido com o japonês, incluindo os nomes dos personagens - qualquer um que tenha jogado vai se lembrar dos gritos de "Pammy" quando o rei Seadoph chama sua subordinada, ou mesmo do cômico Balue, que parece latir as palavras.
Certamente um game que fez época, Klonoa: Door to Phantomile e sua franquia parecem ter sido esquecidos depois de sua excelente continuação para o PlayStation 2 e alguns spin-offs para diversas plataformas, fazendo os fãs órfãos clamarem à Namco para dar continuidade à série. O game, no entanto, teve um remake lançado para o Wii, sob o título simplesmente de Klonoa, que, apesar de contar com gráficos muito mais belos, não tem nem a metade do desafio proporcionado pelo game de 1997 - literalmente, já que na versão para Wii o protagonista conta com o dobro de pontos de saúde. Então, será que está na hora de tirar a poeira de seu PlayStation? Klonoa: Door to Phantomile é uma pedida atemporal.
Capa: Wellington
Revisão: Samuel Coelho
Cara...esse jogo e mt foda...e o final mt triste...klonoa e mt bom
ResponderExcluir