Portal: o início do Hype
Alguns meses antes do lançamento de Portal 2, a Valve disponibilizou o primeiro Portal gratuitamente no Steam. Eu nunca tinha visto nada sobre ele, apenas havia ouvido e visto seu nome em diversas revistas e sites especializados em games. Baixei o jogo e me apaixonei. Quando comecei achei que fosse apenas um puzzle sem muita profundidade, quase como um teste de desenvolvimento que a Valve estava aplicando nos jogadores. Para minha surpresa, o game se provou ser muito profundo e divertido. Sua história era contada não por diálogos e cutscenes, mas através das artes dos cenários. Essa história com cara de mistério foi, talvez, o principal motivo do hype de Portal. Principalmente se você sugere que o jogo se passa no mesmo universo de um outro jogo chamado Half-life (que também tem muito de sua história contada através da arte dos cenários, e há quem acredite que os dois jogos se juntarão no futuro). Assim como no primeiro jogo, em Portal 2 a história está espalhada por toda Aperture (se você não sabe o que é então nem deveria estar lendo esta análise, e sim jogando). A diferença nesse novo título é que alguns mistérios são resolvidos.
Portal 2: Evoluindo
O jogo começa com Chell acordando em um lugar parecido com um quarto de hotel de beira de estrada. Logo, um robô muito simpatico dá as boas vindas e o tutorial começa. Já nesse momento fica clara a genialidade de Portal com uma brincadeira envolvendo as habilidades vocais da personagem principal. Logo depois o lugar começa a se mexer, derrubando as paredes e revelando os milhares de quartos iguais ao seu, e assim temos nosso primeiro vislumbre da grandiosidade da Aperture. Se no primeiro Portal a ideia era não revelar nada explicitamente, em Portal 2 a Valve fez o contrário, jogando na sua cara o tempo todo o tamanho do lugar e consequentemente o peso daquilo que você está fazendo e de quem você é.
Durante sua fuga da empresa, GLaDOS é acidentalmente acordada por Wheatley. Um momento engraçado e um pouco assustador também. O discurso de GLaDOS nessa cena é carregado de lembranças para quem terminou o primeiro game, deixando-o completamente imerso na história logo no início. E esta é a principal atração do jogo, ao longo da aventura passamos por toda a história da Aperture e, assim, acompanhamos a evolução da empresa, dos testes e das ferramentas usadas ao longo do tempo. Para ajudar na tarefa de contar essa história, ninguém melhor que seu criador, dublado pelo excelente J. K. Simmons (o J. J. Jameson do Homem Aranha), que caiu como uma luva para o personagem de Cave Johnson. Toda a personalidade do jogo combina muito com a de seu criador, ora assustador por não impor limites aos testes, ora engraçado, com falas tão divertidas que o jogador nunca vai esqueçer. Temos algumas resposta para alguns mistérios, como as origens de GLaDOS e os eventos que a levaram ao controle da Aperture ao mesmo tempo que outros são colocados em questão.
Novas ferramentas para a diversão
A mecânica não sofreu alterações, apenas adições, como por exemplo os géis que alteram a física da superfície onde eles são jogados. Um permite que seu pulo seja mais alto, outro aumenta sua velocidade e um terceiro torna possível usar a superfície para colocar portais. Os puzzles envolvendo o uso dos géis são alguns dos mais divertidos e, às vezes, complicados. No geral, Portal 2 se tornou mais divertido de jogar. Os desafios não exigem muito tempo para achar a solução e o desafio principal acaba sendo executar as ações necessárias, mas com uma ou duas horas de jogo já é possível se acostumar com os controles perfeitamente adaptados para os consoles. No geral, Portal 2 acaba se concentrando muito mais na narrativa que na mecânica, o contrário do que fazia o primeiro título.
Com gráficos atualizados, andar por uma Aperture parcialmente destruída pelo tempo é um deleite para os olhos. Espaços gigantes passam uma ideia do que esse lugar representou um dia, e o assombramento causado por certos cenários do game já valem o investimento. Cheia de mistério e história, a empresa acaba se transformando em um personagem à parte, e um dos mais interessantes.
Além da campanha solo, existe também uma campanha cooperativa que não deixa nada a desejar. Graças ao sistema de comunicação usado no jogo, não é possível falar com o companheiro, apenar gestualizar mostrando pontos importantes. Dessa forma, os jogadores precisam suar a camisa para conseguir se comunicar e resolver todos os puzzles. Para esta campanha “coop”, a Valve lançou um DLC com alguns cenários totalmente gratuitos (a trilha sonora do jogo também está disponível para download gratuitamente no site oficial) tornando a Valve uma das produtoras mais legais e acessíveis da atualidade.
O bolo e o Hype
Portal 2 (juntamente com o primeiro), é um jogo obrigatório para quem gosta de uma narrativa e jogabilidade diferentes. Este jogo rendeu aos seus escritores, Erik Wolpaw, Jay Pinkerton e Chet Faliszek o prêmio de “Melhor narrativa” no Game Developers Conference em 2012 e é um exemplo de como se contar uma história de maneira criativa em um jogo de videogame.O bolo pode não ser real, mas o jogo vale o hype. Se você ainda não jogou, pare tudo que está fazendo e corra atrás desses jogos!
Prós:
- Gráficos excelentes;
- História envolvente;
- Grande participação de Cave Johnson, criador da Aperture;
- Controles perfeitamente adaptados para os consoles.
Contras
- Vontade de jogar de novo, e de novo, e de novo.
Portal 2 - PS3 - Nota final: 10
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Douglas Fernandes
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