"Eu pago o preço de minhas ambições"
A frase dita por Kratos logo no início da demo revelada na E3 2012 dá o tom perfeito para God of War: Ascension, cuja trama se passa antes dos eventos vistos em God of War: Chains of Olympus. Depois do ardil de Ares que, como todos sabemos a essa altura do campeonato, fez Kratos assassinar sua mulher e sua filha, o general espartano desiste de continuar cumprindo seu acordo com o deus da guerra, o que faz com que Hades envie as Erínias para capturar Kratos e o prender para tortura e danação eterna, a punição aplicada a qualquer mortal que ouse desafiar um acordo selado com um deus.Na mitologia grega, as Erínias (ou Fúrias para os romanos) eram personificações da vingança. Tisífone é a deusa do castigo, responsável pelo açoite dos culpados, Megera é a encarregada de gritar de forma ensurdecedora os seus pecados, enquanto Alecto, a infinitamente encolerizada, persegue eternamente o pecador. Então dá para ter uma boa noção do quanto a tortura de Kratos nas mãos dessas três foi enlouquecedora, não é? Após meses de uma dor excruciante e insuportável para qualquer ser humano, Kratos perde a cabeça e passa a receber constantes visões do dia em que perdeu tudo que lhe importava. Furioso e determinado a se vingar de Ares, Kratos usa sua raiva para tirar forças sobre-humanas e, num deslize das torturadoras, arranca suas correntes e escapa, determinado a assassinar as Erínias e, assim, tornar inconsequentes quaisquer atos de traição contra os deuses. Ou pelo menos é o que Kratos esperava. Nós, que jogamos a saga inteira, sabemos que as coisas não vão terminar nada bem, certo?
De certa forma, a história de God of War: Ascension acaba sendo vítima da mesma síndrome que afeta a maiorias das prequels: a previsibilidade. Qual a graça de uma história na qual você já sabe exatamente como vai ser o final? Cientes desse problema, nossos amigos do Santa Monica Studio tiveram a elegante ideia de tornar a trama mais pessoal, focando a narrativa pela primeira vez numa história mais intimista, que mergulha fundo na cabeça de Kratos, tentando fazer com que o jogador se identifique com suas dúvidas e questionamentos, fazendo o jogador entender e até mesmo simpatizar com os anseios de vingança de Kratos. Se me perguntar, essa é uma excelente ideia que já devia ter sido posta em prática há um bom tempo, já que Kratos, por mais legal, estiloso e carismático que seja, sempre foi um dos personagens mais rasos dos videogames, de modo que uma camada de profundidade vai ser muito bem vinda.
Já era hora de tornar Kratos um personagem mais profundo. |
Aprimorando uma fórmula vencedora
Pra variar, Kratos vai ter que enfrentar muitos deuses. |
Felizmente uma série de pequenos aprimoramentos parecem garantir frescor suficiente para justificar uma nova aventura e trazer um bem-vindo ar de novidade para a vida de Kratos. Para começar, agora Kratos pode carregar as armas inimigas como itens secundários. Nos vídeos e demos disponibilizadas, é possível ver o fantasma de Esparta roubando as espadas e lanças de seus oponentes e as utilizando para dar cabo dos mesmos. Os famigerados QTEs, ou quick time events, aquelas ações automáticas desencadeadas com um simples apertar de botão na hora certa, também ficarão mais intuitivas e menos automatizadas. Além disso, pela primeira vez na série será possível lutar sem arma alguma, fazendo uso tão somente das mãos e pés de Kratos. No mundo da magia, a grande novidade é a relíquia Life Cycle, uma luz verde que manipula o tempo, permitindo a reconstrução de coisas quebradas, como pontes e plataformas. O encantamento pode também ser utilizado em combate para congelar os inimigos, no melhor estilo do relógio do bom e velho Castlevania para NES.
Deuses da guerra por todo o mundo
Por anos os jogadores clamaram por um novo modo de jogo capaz de estender a vida útil dos games da série God of War, que infelizmente não contavam com muitos incentivos para jogar de novo, limitando-se a uma razoavelmente simplória busca por colecionáveis. Você sabe, os chifres e penas escondidos nos baús que você encontrava sem maiores dificuldades, platinando os jogos com certa velocidade. Para resolver essa questão de uma vez por todas surge a maior reviravolta e inovação de Ascension: o multiplayer de God of War.Será possível customizar completamente seu soldado. |
Em um dos cenários já revelados, um titã enorme aparece no mapa disposto a aniquilar todos os seus amigos e inimigos. O inimigo colossal adiciona uma variável tática muito interessante, já que é preciso escolher entre continuar massacrando o exército adversário para ganhar um punhado de pontos ou focar na destruição do gigante, o que dá muito mais trabalho, mas garante uma quantidade enorme de pontos. Aparentemente, cada arena do jogo vai contar com um obstáculo ou personagem diferente para tornar a experiência mais desafiadora e única, então não se surpreenda ao reencontrar o velho inimigo Hércules assistindo sua luta e depois resolvendo pular no campo de batalha para acabar com a festa dos jogadores. Ao que tudo indica, Ascension tratá uma das experiêcias online mais divertidas dos últimos ano e esse modo, por si só, parece pronto para consumir todas as horas livres do seu dia.
Hoje jantamos no inferno
Quem não gostaria de ver uma luta entra Kratos e Leonidas? |
Mas a verdade é que nem precisamos de nada disso para nos empolgar com Ascension. Todas as virtudes da série God of War já falam por si só e, ao longo de todos esses anos, a SCE Santa Monica Studio conseguiu estabelecer uma franquia que é sinônimo de PlayStation e de videogames de alta qualidade. Assim, quando o mais novo capítulo da nossa saga mitológica favorita for escrito, todos vamos adorar massacrar deuses mais uma vez. Agora aquele cheiro gostoso e nostálgico de fim de geração de consoles já dá as caras, pois sabemos que Ascension está chegando para levar o hardware do PlayStation 3 ao seu limite máximo! Então Kratos, chegue logo para que possamos curtir sua vingança uma última vez nessa geração!
God of War: Ascension - PS3Desenvolvimento: SCE Santa Monica StudioGênero: AçãoLançamento: 12 de março de 2013Expectativa: 5/5
Revisão: Rafael Becker
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