Cyberpunk com questões de moralidade
Retro Helix se passa num futuro relativamente distante, mas antecede os eventos do Fear Effect original. A trama, envolta de alta tecnologia e de uma pandemia mundial chamada EINDS, revela que roubos, assassinatos e terrorismo tornaram-se um grande negócio. Seus personagens possuem motivações próprias dentro do enredo, mas de forma improvável esses se unem ao longo do game. E, somando todos esses elementos a questões morais, políticas e contra-espionagem temos uma bela obra no estilo cyberpunk.Dessa forma, na época, o jogo assumia fortes questões de moralidade em sua existência: a relação entre as duas personagens e as decisões pertinentes ao enredo do game, que implicavam diretamente no desenvolvimento de caráter de todas as figuras dramáticas dentro da obra. Claro que tais elementos não eram novidade, contudo foram tratados pela Kronos com muita seriedade e profundidade, o que não era tão comum até então.
Sobrevivência sem acessibilidade
Tal associação aos jogos que estabeleceram o survival horror como gênero na geração do PSOne provavelmente acontecia por Retro Helix ter apresentado funções em sua jogabilidade das quais o jogador só descobriria ou entenderia da pior forma: morrendo. O jogo não contemplava o gamer com um tutorial e nem o ensina gradativamente das possibilidades existente na mecânica do game colocando o jogador em “xeque” logo nos primeiros minutos e variavelmente fazendo-o começar a partida de novo e de novo até aprender.
Em suma, a jogabilidade lembra e muito as franquias da Capcom e da Konami, onde bom manuseio dos personagens trata-se mais de tentativa e erro, costume e adaptação e uma vez dominado o controle se torna funcional e preciso tornando as batalhas divertidas, tendo como problemática a própria acessibilidade que nada combina com a diversidade de armas e outros recursos que o jogador tem a sua disposição logo após a tela de “Press Start Button”.
Um colírio para os olhos
Uma das características que evidenciou a série Fear Effect são os gráficos dos personagens que desde sua primeira versão todos são modelados em 3D usando o recurso cel shading para aproximá-los ao máximo dos animês. Aqui a modelagem e o efeito cartunesco dos personagens foram otimizados se compararmos com o primeiro game, tudo aqui é mais nítido e suave, inclusive os contornos são mais bem definidos. Hoje tal efeito é banal sendo quase que obrigatório em games baseados em animês, mas na época era muito bacana.
E quase teve continuação...
Em seus quatro CDs, FE2 nos trouxe ação, sobrevivência, moralidade, política, violência e sexo os condensando num ambiente cyberpunk muito bem estruturado e carregado por uma trama séria e bem referenciada. O jogo gerou polêmica e rendou lucros o bastante para que uma continuação direta de Retro Helix fosse desenvolvida. O projeto chamava-se Fear Effect Inferno e seria lançado para o vindouro PlayStation 2, mas problemas orçamentais na Eidos Interactive forçou o cancelamento do game.Confira o vídeo de abertura de Fear Effect 2 - Retro Helix:
Revisão: Ramon Oliveira de Souza
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