Blast from the Past

Blast from the Past: Fear Effect 2 - Retro Helix (PS)

Desenvolvido pela Kronos Digital Entertainment e distribuído pela Eidos Interactive, Fear Effect chegou ao primeiro PlayStation em janeir... (por Jeferson dos Santos em 20/01/2013, via PlayStation Blast)

Desenvolvido pela Kronos Digital Entertainment e distribuído pela Eidos Interactive, Fear Effect chegou ao primeiro PlayStation em janeiro de 2000 sob muita polêmica graças a sua trama que aborda alta tecnologia, violência, sexo e drogas. Hoje tais temáticas soam corriqueiras, apelativas e por vezes gratuitas, mas há treze anos isso ainda era tabu nos videogames. Um ano depois a Kronos disponibilizou a continuação de sua controversa obra, Fear Effect 2 - Retro Helix, que não diferente de seu antecessor, desembarcou no PSOne mantendo sua pequena tradição de gerar discussões a sua volta por conta de sua abordagem adulta.

Cyberpunk com questões de moralidade

Retro Helix se passa num futuro relativamente distante, mas antecede os eventos do Fear Effect original. A trama, envolta de alta tecnologia e de uma pandemia mundial chamada EINDS, revela que roubos, assassinatos e terrorismo tornaram-se um grande negócio. Seus personagens possuem motivações próprias dentro do enredo, mas de forma improvável esses se unem ao longo do game. E, somando todos esses elementos a questões morais, políticas e contra-espionagem temos uma bela obra no estilo cyberpunk.

Contudo, o que atraiu olhares, tanto da mídia especializada quanto dos jogadores, para FE2 foram suas campanhas de marketing, que para promover o lançamento do jogo usou e abusou de diversas imagens das protagonistas, Hana Tsu Vachel herdada do primeiro game e Rain Qin recém chegada à série, em poses sugestivas com armas de grosso calibre e vestidas com roupas intimas sugerindo uma relação homossexual que se confirmaria com a chegada do game ao PSOne.



Dessa forma, na época, o jogo assumia fortes questões de moralidade em sua existência: a relação entre as duas personagens e as decisões pertinentes ao enredo do game, que implicavam diretamente no desenvolvimento de caráter de todas as figuras dramáticas dentro da obra. Claro que tais elementos não eram novidade, contudo foram tratados pela Kronos com muita seriedade e profundidade, o que não era tão comum até então.

Sobrevivência sem acessibilidade

Fear Effect 2 - Retro Helix é um jogo de ação e aventura essencialmente falando, mas possui fortes características do gênero survival horror com direito a muitos quebra-cabeças, pois a sobrevivência meio desespero era uma das características da série Fear Effect (lembro-me que na época o jogo era taxado de survival panic, mas a nomenclatura não emplacou) e mesmo com suas peculiaridades, durante a jogatina não tinha como não lembrar que conceitualmente o game remetia a Resident Evil e Silent Hill.

Tal associação aos jogos que estabeleceram o survival horror como gênero na geração do PSOne provavelmente acontecia por Retro Helix ter apresentado funções em sua jogabilidade das quais o jogador só descobriria ou entenderia da pior forma: morrendo. O jogo não contemplava o gamer com um tutorial e nem o ensina gradativamente das possibilidades existente na mecânica do game colocando o jogador em “xeque” logo nos primeiros minutos e variavelmente fazendo-o começar a partida de novo e de novo até aprender.

Em suma, a jogabilidade lembra e muito as franquias da Capcom e da Konami, onde bom manuseio dos personagens trata-se mais de tentativa e erro, costume e adaptação e uma vez dominado o controle se torna funcional e preciso tornando as batalhas divertidas, tendo como problemática a própria acessibilidade que nada combina com a diversidade de armas e outros recursos que o jogador tem a sua disposição logo após a tela de “Press Start Button”.

Um colírio para os olhos

 Visualmente, o jogo traz gráficos interessantes com cenários em CG muito bem detalhados e coloridos, sendo caracterizados de forma justa em relação as suas contra partes reais e considerando o que o console podia fazer. Em determinada passagem, a Kronos Digital Entertainment nos coloca na cidade de Xi’an junto aos lendários Guerreiros de Terracota de Quin Shi Huang Di, o primeiro imperador da China, e é notável o esmero do trabalho de arte feito pela equipe de desenvolvimento, pois são muitos pormenores que enchem os olhos.


Uma das características que evidenciou a série Fear Effect são os gráficos dos personagens que desde sua primeira versão todos são modelados em 3D usando o recurso cel shading para aproximá-los ao máximo dos animês. Aqui a modelagem e o efeito cartunesco dos personagens foram otimizados se compararmos com o primeiro game, tudo aqui é mais nítido e suave, inclusive os contornos são mais bem definidos. Hoje tal efeito é banal sendo quase que obrigatório em games baseados em animês, mas na época era muito bacana.

E quase teve continuação...

Em seus quatro CDs, FE2 nos trouxe ação, sobrevivência, moralidade, política, violência e sexo os condensando num ambiente cyberpunk muito bem estruturado e carregado por uma trama séria e bem referenciada. O jogo gerou polêmica e rendou lucros o bastante para que uma continuação direta de Retro Helix fosse desenvolvida. O projeto chamava-se Fear Effect Inferno e seria lançado para o vindouro PlayStation 2, mas problemas orçamentais na Eidos Interactive forçou o cancelamento do game.

Confira o vídeo de abertura de Fear Effect 2 - Retro Helix:



Revisão: Ramon Oliveira de Souza

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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