Não é segredo para ninguém que o Vita sofre com a falta de jogos, e principalmente com a falta de bons jogos. E esse problema está presente desde o lançamento do portátil. É o que foi possível perceber ao jogar Shinobido 2.
Após jogar os primeiros minutos, ficou nítido que o título não cumpre o que promete. E os motivos são vários.
Confusões no Japão Feudal
A história gira em torno do personagem Zen, um ninja que se junta a um
grupo com o objetivo de vingar a sua namorada assassinada. Tendo como pano de
fundo o Japão Feudal, você também se vê envolvido por uma guerra entre clãs
rivais. Cada um deles disponibiliza missões que podem ou não ser aceitas por
você, que pode favorecer um grupo ou nenhum.
O problema é que tudo fica confuso com o desenvolvimento da trama. Ao buscar
vingança, você acaba deixando de lado os interesses dos clãs, que acabam
ficando à margem da história. Sem falar em alguns detalhes que poderiam ter
sido melhor elaborados. Por exemplo, você escolhe uma missão para matar um
comerciante que trabalha para um dos líderes dos clãs, prejudicando diretamente
o seu negócio. Logo depois, você pode aceitar
uma missão desse líder, como se nada tivesse acontecido.
No fim das contas, pouco importa quem vai ganhar ou perder, já que o foco fica sempre sobre o personagem e a sua busca pelo assassino e os oito espelhos misteriosos que podem lhe conceder poderes sobrenaturais. Talvez se tivessem se concentrado apenas em um único fator, a história poderia ter ficado mais interessante.
E você não vai demorar muito para se cansar de Shinobido 2. O ritmo do jogo é monótono e desestimulante: colete alguns itens na fase, mate alguns inimigos e suba de nível assim que terminar o objetivo. Você recebe uma lista de missões, escolhe uma, e após terminá-la, repete o processo. Às vezes, você escolhe uma missão que possui cutscenes que explicam um pouco mais a atrapalhada história, mas, no geral, não espere muito mais do que isso.
Ser um ninja já foi mais divertido
A inteligência artificial é tão tosca que chega até a ser engraçado. Por exemplo, você tem que se infiltrar em algum local, matando os inimigos em silêncio para não ser descoberto. Pelo caminho, o seu personagem chega perto demais, derruba caixas e faz outros barulhos que até mesmo um surdo perceberia, menos, é claro, os inimigos do jogo. É absurdo o modo como eles ignoram tudo o que acontece ao seu redor, para depois, quando a espada está em suas gargantas, morrerem com cara de surpresos.
É como se eles tivessem um raio de visão muito limitado e só se concentrassem em um ponto. Dessa forma, se você se aproximar de um inimigo que possui o raio de visão centralizado para o lado direito, você pode chegar pelo lado esquerdo e sussurrar em seu ouvido que ele não vai perceber. Piadas à parte, ou não, é mais ou menos essa a sensação que fica.
Não vou generalizar e dizer que todos são assim. Mas a grande maioria simplesmente não parece se importar com a presença do personagem, e isso para um jogo que tem como principal meta a ação furtiva é imperdoável. Durante 80% do tempo você só será descoberto se literalmente ficar cara a cara com os adversários, e dessa forma todo o desafio do jogo vai por água abaixo. É como se os criadores duvidassem da sua capacidade em ser um ninja e facilitassem o máximo possível a sua vida.
Para os inimigos que não são fáceis de matar silenciosamente e nem tão burros para ficar alheios à sua presença, o jeito é apelar para o combate aberto, outra falha do jogo. Na teoria, tudo o que você tem que fazer é bloquear na hora certa e atacar depois, mas na prática isso funciona desastrosamente, já que as lutas são um pouco travadas e confusas (principalmente quando você enfrenta mais de um adversário).
Se existe algo que compense essas falhas, é a possibilidade de brincar com o seu arsenal. Os brinquedinhos são variados: explosivos, projéteis, venenos e os apetrechos normais que todo ninja carrega na bolsa. O grande destaque fica para o sistema de alquimia, um pouco difícil de lidar no começo, mas indispensável depois. Apesar de não ser tão envolvente ou interessante, o recurso permite que você crie bombas e poções para ajudá-lo em algumas missões mais difíceis.
Nesse ponto, as funcionalidades do Vita contribuem para tornar o jogo mais divertido. Usar o giroscópio para lançar shurikens é um desses pontos, assim como tocar na tela para sair de algumas enrascadas. Considerando que esse título foi lançado junto com o portátil, não espere a melhor das execuções nos comandos, algumas demoras nas respostas são comuns.
Quem sabe na próxima vez
Não sei vocês, mas eu fiquei completamente decepcionado com esse título da Acquire. Com um enredo fraco, péssima inteligência artificial e um monte de quests aleatórias e muitas vezes sem sentido, Shinobido 2: Revenge of Zen está longe de ser digno de levar o nome da empresa. Trocando em miúdos, existem títulos melhores para gastar o seu rico dinheirinho. E se você, leitor, por algum motivo tenha esperança de que vá ver algo parecido com Tenchu na tela do Vita, fuja desse jogo como se não houvesse amanhã.
Prós
- Jogar shurikens usando o giroscópio;
- Andar "silenciosamente" como um ninja.
Contras
- História fraca e mal desenvolvida;
- Inteligência artificial medíocre;
- Combate simplista;
- Enjoa rápido.
Shinobido 2: Revenge of Zen – PlayStation Vita – Nota Final: 5.0
Visual: 5.0 | Som: 6.0 | Jogabilidade: 6.0 | Diversão: 5.0
Revisão: Alan Murilo
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