Perfil: Legion (Mass Effect)

Legion é um personagem bastante diferente. Seu nome vem direto de uma passagem do Novo Testamento: “Meu nome é Legion, porque somos muitos”.... (por Bruna Gil em 08/11/2012, via PlayStation Blast)

Legion é um personagem bastante diferente. Seu nome vem direto de uma passagem do Novo Testamento: “Meu nome é Legion, porque somos muitos”. Parece um robô, mas, na verdade, é um coletivo de muitas consciências de inteligencia artificial, integradas num lugar só. Capaz de processar milhares de opiniões e pensamentos na velocidade da luz, Legion é muitos e um só, tudo ao mesmo tempo. Justamente por conta da sua natureza complexa, Legion é definitivamente um dos personagens mais interessantes do universo Mass Effect.

Continue lendo para conhecer melhor a sua história, mas atenção: o texto contém spoilers.

A raça Geth

A primeira aparição de Legion acontece no Mass Effect 2, e de uma maneira pouco convencional. No primeiro encontro entre os dois, Shepard reconhece Legion como um Geth - uma raça alienígena que nada mais é do que uma rede de inteligências artificiais interligadas, criada pela raça Quarian como trabalhadores e como uma ferramenta de guerra. Porém, o coletivo de inteligências artificiais começou a criar uma consciência, tornando-se ciente da própria existência e começando a questionar os próprios criadores. Preocupados, os Quarians decidiram que a sua criação estava evoluindo longe demais e decidiram exterminá-los. O resultado foi uma guerra entre criador e criatura, onde os Quarians perderam.

Quando foram criados, os Geths foram projetados para se parecerem com os Quarians fisicamente. No entanto, cada “corpo físico” abriga uma média de 100 programas independentes que trabalham em conjunto. Um Geth sozinho tem apenas uma inteligência básica, mas quanto maior o conjunto de Geths, maior a capacidade de pensamento complexo e de análise situacional. Em grupos, os Geths são tão capazes de tomar decisões estratégicas quanto qualquer outra raça. Uma vez que os Geths se interligaram numa rede única e absoluta, a sociedade funciona sem um governo formal. Como eles são capazes de se comunicar na velocidade da luz, sempre que é preciso tomar uma decisão, todos os Geths são consultados, todos os pontos de vista são expostos e se chega num consenso generalizado.

Após expulsarem os próprios criadores do planeta, a raça Geth viveu uma vida bastante isolada - não interagiam com outras raças, não participavam das políticas interplanetárias e atacavam indiscriminadamente qualquer nave que adentrasse o seu espaço áereo. Durante os acontecimentos do primeiro Mass Effect, a raça Geth é convidada a ajudar os Reapers em troca de uma tecnologia avançada que eles tanto buscavam. A grande maioria decide que não vale a pena, enquanto uma pequena porcentagem vê os Reapers como “deuses” e resolve ajudar. Como a sociedade dos Geths está completamente baseada no consenso, os dissidentes são classificados como “hereges”, e decidem abandonar a comunidade em paz. A comunidade Geth original seguiu o seu caminho, enquanto os hereges participaram ativamente como inimigos no Mass Effect 1. Quando os Reapers são derrotados, grande parte dos hereges também são destruídos.

O primeiro encontro

Shepard é enviado para resgatar uma tecnologia a bordo de uma nave abandonada pelos Reapers - uma missão aparentemente simples. Porém, a nave estava completamente preenchida por Husks (uma espécie de zumbi sintético-orgânico), e Shepard precisa combatê-los para chegar até o seu objetivo. Prestes a ser engolido por uma horda de Husks, ele é salvo por um misterioso sniper, que acerta cada um dos inimigos, cumprimenta-o pelo nome e vai embora.

Apesar de reconhecer imediatamente um Geth, Shepard fica confuso. Geths hereges são hostis, não existe nenhum motivo para ele salvar um humano. E um Geth sozinho não tem capacidade de se comunicar através da fala, mas mesmo assim ele soube dizer o nome do Shepard em voz alta. No final da missão, o misterioso Geth é encontrado desativado, após sofrer um ataque de Husks. Encontrar tecnologia Geth intacta no universo de Mass Effect é praticamente impossível, ainda menos um exemplar desativado. Shepard decide correr o risco de o Geth acordar e hackear o sistema da nave, e decide levá-lo.

O novo passageiro não é recebido com uma festa. Pelo contrário, enquanto alguns tripulantes argumentam que o Geth deveria ser “jogado no espaço”, outros acreditam que a unidade precisa ser entregue para pesquisa. Se o jogador optar por entregar, nem chegará a conhecer nosso personagem Legion. A única forma de conhecê-lo é optando por interrogar o novo passageiro. Mas não espere fazê-lo sem resistências: outros tripulantes dirão que é perigoso, imprevisível e provavelmente irreversível.

Ao ativar a unidade Geth, Shepard descobre que ele não é hostil. Na verdade, ele está disposto a ajudar na missão contra os Reapers. Esta unidade é independente, e foi projetada para interagir com seres orgânicos em outros planetas. Para que consiga funcionar sozinho, Legion possui mais de 1.800 programas dentro de si. É mais de 11 vezes do que a quantidade normal, permitindo que Legion funcione sozinho intelectualmente.

Uma divisão

Após explicar para o Comandante Shepard a diferença entre os dois tipos de Geths, Legion conta que os hereges estão desenvolvendo um virus para transformar todos os Geths em apenas um. A ideia é fazer com que todos sigam os Reapers, mesmo que a raça original não seja a favor. Diferente dos hereges, os Geths originais são indiferentes quanto aos seres orgânicos, e não pretendem assumir uma postura hostil. Legion pede ajuda para erradicar este vírus antes que ele seja libertado, para garantir que a paz não seja perturbada.

Ao chegar na estação herege, Legion pondera que, ao invés de destruir o vírus, ele poderia ser simplesmente ser reprogramado para funcionar ao contrário. Ou seja, ao invés de infectar a maioria e fazer com que todos sigam os Reapers, a ideia seria alterar para que o vírus infectasse os hereges e mudasse a forma de pensar deles. Sendo assim, os hereges deixariam de ajudar os Reapers e tudo voltaria a ser como era antes. Mas Legion não consegue chegar num consenso interno.

Os Geths não são uma colmeia, onde todos pensam igual. Cada programa tem direito a opiniões próprias. A maior prova desta individualidade é o fato da subraça herege ter se formado. No entanto, os ideais das duas raças são conflitantes e proíbem a coexistência. Ao ganhar acesso a database dos hereges, é preciso decidir: deletar os hereges, ou reescrevê-los para que se juntem à maioria? Existe uma questão ética por trás desta decisão. É possível argumentar que reescrever os dissidentes seria o equivalente a uma lavagem cerebral. Por outro lado, destruí-los é igualmente prejudicial. A escolha final é do jogador.

A história se repete

Em Mass Effect 3, os Quarians declaram guerra contra os Geths. Independente da decisão tomada no jogo anterior, os Geths são obrigados a formar uma aliança com os Reapers para se defenderem do ataque. Em troca de um “upgrade”, eles passam a ser controlados pelos Reapers através de um sinal eletrônico.
Shepard é enviado para desligar o sinal, e durante a missão descobre que o Legion está sendo forçado pelos Reapers a emitir o sinal. Ao resgatá-lo, o sinal é desligado e Legion regressa para a nave. Ele explica que a tecnologia nova permitiu que os Geths criassem uma individualidade ainda maior, fazendo com que cada um deles desenvolva uma consciência de verdade. Com a ajuda do Legion, Shepard consegue destruir o vírus Reaper que estava controlando toda a comunidade Geth.
Através de um Reaper derrotado pelo Shepard, Legion ganha acesso ao upgrade que elevará a consciência dos Geths para níveis nunca antes alcançados. Cabe ao Comandante Shepard decidir se permite o upgrade ou se tenta impedir que ele aconteça. Caso o upgrade aconteça, é certo que a guerra entre Geths e Quarians vai se intensificar. Porém, se Shepard tentar impedir o progresso dos Geths, o resultado pode ser que Legion torne-se hostil. Existe uma terceira opção, que é conversar com os Quarians e pedir para eles cessarem fogo. Neste caso, Legion poderá fazer o upgrade sem maiores consequências, e atingir uma consciência de “eu” ao invés de “nós”.