Game Music

Game Music: Kingdom Hearts (PS2)

Kingdom Hearts . Quando veio à tona, pela primeira vez, o jogo parecia ter sido inspirado em uma fanfic. Um game que tem como premissa a ... (por Vitor Navarrete em 10/11/2012, via PlayStation Blast)


Kingdom Hearts. Quando veio à tona, pela primeira vez, o jogo parecia ter sido inspirado em uma fanfic. Um game que tem como premissa a união de personagens da franquia Final Fantasy e os mais famosos mundos da Disney em um único universo. Parecia que alguém na Squaresoft, hoje Square Enix, havia perdido algum parafuso quando aceitou produzir tal disparate. Poucos sabiam, porém, que o jogo era produto do ideal de Tetsuya Nomura, pai de Sora e seus amigos, que consiste em criar um jogo no qual é possível se divertir apenas andando pelo cenário. E, convenhamos, existem poucas coisas mais divertidas no universo dos games do que explorar os diversos mundos da Disney ao lado do Donald e do Pateta, enquanto ouvimos uma trilha sonora estelar.

A Deusa...


Tia, tu manda muito!
Yoko Shimomura. Se você tem mais de vinte anos de idade e não sabe quem é essa senhora, está na hora de começar a ler os créditos dos jogos. Ela é apenas responsável pela trilha sonora de Street Fighter II (SNES/Genesis), o game que mudou a jogabilidade do gênero luta para sempre, e tem músicas como Guile's Theme. Após o período na Capcom, ela passou a trabalhar para a Squaresoft, onde contribuiu com diversos jogos, como Parasete Eve (PS).
Em 2002, Shimomura fez sua primeira contribuição para a série Kingdom Hearts. Apesar de não ser a única a compor para a série, já que outros compositores como Takeharu Ishimoto e Tsuyoshi Sekito também já participaram, Shimomura continua sendo a principal responsável pela trilha, mesmo após sair da Square Enix e começar seu trabalho como freelancer.

... e a Musa



Kawaii~~
Utada Hikaru. A cantora pop, meio japonesa, meio americana, é um caso raro no cenário musical, pois são poucos os artistas de origem japonesa que conseguem alcançar sucesso no mercado ocidental. Com tanto sucesso e talento, parecia difícil para um diretor iniciante como Tetsuya Nomura conseguir sua voz para cantar a música-tema da série. Muitos desencorajaram Nomura, mas, se ele não deu ouvidos nem aos executivos da Disney que discordavam de sua visão, não seriam os colegas de trabalho que mudariam sua resolução de garantir a participação de Hikaru na série. E, com muita determinação e um pouco de cara de pau, o diretor novato assegurou mais esse talento para sua equipe.
Apesar de Hikaru nunca ter jogado nenhum jogo da série, sua contribuição foi tão grande que ninguém consegue ficar bravo com ela por isso. Simple and Clean (Hikari, no original) é a música-tema do primeiro Kingdom Hearts e faz parte dessa abertura fenomenal.

Em 2003, sem YouTube, eu dava New Game só para rever a abertura.

A Jornada


Ao ligarmos o PlayStation 2, logo de cara somos agraciados com Dear Beloved

 Vou usar essa música para embalar meu filho.

A música, uma pequena lullaby no piano, talvez não aparente ter tanta importância quando é ouvida pela primeira vez. Mas a música, contudo, cresceu com a série. Assim como Prelude, de Final Fantasy, Dear Beloved marca presença no menu de todos os outros games da série. E não ache que é sempre a mesma música: a cada novo game, Shimomura faz uma nova versão, incorporando a temática do jogo em questão.
Após a cena de abertura, somos arremessados no tutorial, Dive into the Heart, que de cara conta a história do jogo. A forma como a música, Dive into the Heart Destati cresce, de um cântico para uma música pulsante e frenética, é contagiante.

Os olhos das princesas da Disney revelam sua situação atual na história.

Após a primeira hora de jogatina, chegamos à cidade que pode ser considerada como a base de operações do game, Traverse Town. E que melodia linda tem essa cidade para onde vão os sobreviventes dos mundos destruídos.

Quem não se emociona com essa música é um Heartless.

A partir desse momento, cada novo mundo da Disney possui, pelo menos, duas músicas: uma para o momento de exploração e outra para quando estamos dentro de uma batalha. Várias dessas músicas são inspiradas na trilha original dos filmes animados. Por exemplo, a Under the Sea, tema de Atlântida.

"Onde eu nasci, onde eu cresci, é mais molhado. Eu sou vidrado por tudo aqui."

Duvido que alguém que tenha assistido a A Pequena Sereia não escute Sebastian cantando na sua cabeça, enquanto nada pelas águas do mundo de Ariel.
O penúltimo mundo da jornada é Hollow Bastion, o local onde as grandes revelações da história são feitas. E um mundo tão importante não poderia ter uma música mais digna. Sinceramente? Uma das melhores de toda a série.

 Escrevi a matéria escutando-a em loop. Viciante!


A Princesa


Depois de dez anos e sete jogos, se me perguntarem hoje sobre o que a série Kingdom Hearts fala eu responderia com uma palavra: personagens. A narrativa da série, atualmente, é totalmente centrada nos personagens, ainda que, à primeira vista, pareça ser apenas mais uma jornada para salvar o universo de um vilão malvadão.
No primeiro jogo, talvez nem o próprio Nomura soubesse que a série teria este formato, em que cada um dos protagonistas tem uma música-tema própria e problemas individuais a serem resolvidos. Mesmo assim, o primeiro passo foi dado. O tema da amiga de infância/princesa do coração/donzela em perigo, Kairi, possui nada menos do que três versões na trilha sonora do primeiro jogo.

"But small fragments of light survived... In the hearts of children." ("Mas pequenos fragmentos de luz sobreviveram... No coração das crianças.")

Os chefes


O que seria de um jogo sem os seus tenebrosos vilões? O primeiro chefe de Kingdom Hearts e também recorrente na série, Nightmare, sempre vem ao som de Destiny's Force.

E pensar que no Reino das Trevas tem Nightmares pra dar e vender. Cruzes.

A vilã de A Bela Adormecida, Malévola, é uma das melhores contribuições do elenco da Disney para a trama e, em termos de importância, só não supera o Mickey. Ela é uma fada má. Precisa mais que isso? Que tal um ótimo tema para os seus planos maléficos?

"Muahahahahahahaahahahah...... Ahahahahahahahaha"

A batalha mais épica do jogo. O antes, o durante e o depois. Uma das melhores sequências de cutscenes da série, ou melhor, do mundo gamístico. Não vou entrar em detalhes para não dar spoilers, mas quem jogou sabe de que luta estou falando. E, de lambuja, mais um tema primoroso.

Quem não chorou na cutscene pós-batalha é um Nobody.

E, de repente, o chefão. Não vou mentir e dizer que morro de amores por esse tema, quando existem tantas músicas tão épicas quanto essa, ao longo do jogo; mas, mesmo assim, ainda é uma boa composição. Só acho que um chefe final merecia um pouco mais.

, a música é legal. Eu é que sou exigente mesmo.

A Recompensa?


E, depois de toda a jornada, chegamos aos créditos finais. Esse final dá início a uma tradição na série? Você quer um "E foram feliz para sempre" antes dos créditos? Pode esquecer. Nomura faz questão de chutar as partes baixas e rir da sua cara na cena final. Sério. Esse homem é um sádico o que me faria no mínimo um masoquista por amar essa série. Mas, convenhamos, só uma palavra pode descrever esse final: encantador. E, para deixar cair aquela lágrima, a versão clean de Simple and Clean. Eu já falei que amo a voz da Utada?

"I'll come back to you, I promise." "I know you will." ("Vou voltar para você, eu prometo." "Eu sei que vai.") Pronto, comecei a chorar novamente. Satisfeitos?


Cenas dos próximos capítulos


Nem o diretor nem os produtores, Shinji Hashimoto e Hironobu Sakaguchi, esperavam que o jogo fizesse sucesso a ponto de estabelecer uma franquia que já dura mais de dez anos e já conta com sete jogos. Mesmo assim, Nomura deixou um final secreto que possuía um conceito para um possível futuro game da série, Another Side, Another Story. Após a ótima recepção do jogo, a Square lançou, apenas no Japão, uma versão revisada do jogo, Kingdom Hearts Final Mix. Com ela, um novo final secreto, Another Side, Another Story [deep dive], mostra Riku e um garoto de cabelos louros se enfrentando em uma cidade cheia de prédios gigantescos e conta com uma das melhores músicas de ação do jogo.

  Atire a primeira pedra quem assiste a essa cena e não fica louco pelo próximo jogo.

Kingdom Hearts possui uma trilha fenomenal, mas, mesmo assim, poucos a consideram um dos melhores trabalhos de Yoko Shimomura. E, se algo tão bom não é o seu melhor, qual será o limite dessa compositora? Em breve, talvez tenhamos a chance de escutar essa trilha novamente no PS3 se a Square Enix decidir nos agraciar com Kingdom Hearts 1.5 HD ReMIX, previsto para 2013, apenas no Japão, por enquanto.

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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