Como todos sabem, hoje videgame é coisa séria. A indústria de jogos eletrônicos há tempos movimenta mais dinheiro que a indústria do cinema, tendo orçamentos astronômicos e retornos que garantem e justificam a continuidade de muitas franquias e o surgimento de novos jogos a cada ano. O gosto pelos videogames nos nivela e todos que gostam de alguma coisa e levam a sério aquilo que gosta tende a desenvolver algum senso crítico para defendê-lo. Mas ainda há uma margem que separa uma analise crítica de uma visão baseada na preferência. Essa diferença está em “defender opinião” e “defender gosto”.
Quando tudo começou...
Os primeiros passos dos jogos eletrônicos datam o final da década de 1950, quando ainda nem eram considerados videogames. Neil Armstrong ainda não tinha posto os pés na Lua, assim como o esboço da internet como a conhecemos só surgiria dez anos mais tarde e o que é pior, ainda estava longe de haver revistas com detonados e dicas. Sem videogames, sem revistas de videogames e sem internet... depois da Santa Inquisição e da Segunda Guerra Mundial, esse deve ter sido o período mais negro da história humana.
Felizmente, o tempo passa e as coisas mudam. O conceito de jogos eletrônicos evoluiu marcando passo com o desenvolvimento tecnológico. Entretanto, o videogame ao longo dos anos foi visto como “coisa de criança” e até mesmo como mero brinquedo, talvez por oferecer apenas uma atividade lúdica em seus primeiros anos, sem muito a acrescentar além do entretenimento.
Hoje em dia videogame tornou-se área de especialização, pesquisa e conhecimento, tendo até mesmo classificações que determinam para qual público é voltado um determinado tipo jogo, assim como os filmes e as programações de TV. Tal crivo passou a ser tão necessário quanto importante, já que os games abordam os mais variados temas, desde esporte e aventura a sexo e violência.
Videogame é arte
A evolução e a propagação dos games na sociedade moderna se devem ao fato de eles estarem diretamente tão relacionados quanto dependentes às muitas áreas do conhecimento, que abrangem ciências humanas, exatas e tecnológicas, conferindo aos jogadores experiências e aprendizado num processo de imersão que caracteriza os jogos de videogame como arte contemporânea.
Os jogos eletrônicos, variavelmente, integram em sua oferta de experiência ao jogador as artes que o antecedem e o compõem: Musica, Dança, Pintura, Escultura, Artes Cênicas, Literatura, Cinema, Fotografia e História em Quadrinhos. Assim sendo, os jogos de vídeo ocupam o status de a Décima Arte.
A crítica que critica
E não diferente dos outros segmentos artísticos, os jogos eletrônicos também têm seus críticos, com conhecimentos específicos e derivados para avaliar o resultado final da obra. Ou seja, assim que games de grande repercussão perante o público são lançados, naturalmente a mídia especializada promove testes e análises sobre esses jogos com a finalidade de expor suas qualidades atribuindo notas a Som, Gráfico, Jogabilidade, Replay e Diversão.
Muitas vezes, o consumidor final se apoia nessas avaliações, daquela revista ou daquele site com que está mais bem familiarizado, seja por confiança no julgamento ou por simples afinidade critica, para comprar ou não o próximo game que ampliará sua estimada coleção.
O público
Contudo, há consumidores intransigentes quando o assunto é seu game favorito, não aceitando qualificação inferior àquela que eles mesmos dariam se tivessem feito tais críticas. Esse tipo de gamer quase sempre tem a convicção de saber mais do que qualquer um sobre o jogo ou a franquia que ele mais gosta, diminuindo tudo aquilo que não está de acordo com sua concepção das coisas.
Esses defendem sua opinião fundamentando-a em seu gosto particular, muitas vezes sem senso crítico, imparcialidade, conhecimento de causa ou sem nem mesmo ter se permitido experimentar – de mente aberta – algo diferente, para fazer um paralelo em relação ao que defende de forma tão ferrenha e assim saber se o que tanto lhe agrada é de fato tão bom quanto afirma ser, independente de seu gosto.
Defendendo gostos e discutindo opiniões
O exemplo mais comum desta problemática são as séries PES e FIFA, já que ambas anualmente são grandes vítimas desse conflito de opiniões, entre as mídias e os consumidores – principalmente se Pro Evolution Soccer receber uma nota superior a FIFA.
É inegável que a série da EA nos últimos anos vem sendo um game de futebol melhor que PES como um todo. Entretanto, a temporada 2013 de ambas as franquias rompeu o paradigma. A Konami se mostrou mais atenta e ao que tudo indica também fez a lição de casa – mas isso a gente confirma na versão 2014 de PES – enquanto a Eletronic Arts se acomodou na zona de conforto.
Em terras tupiniquins, Pro Evolution Soccer 2013 foi bem conceituado, pois trouxe melhorias relevantes em todos os âmbitos. Por sua vez, a EA caiu no mesmo erro em que colocou a série da Konami em xeque, trazendo a FIFA 13 apenas atualizações e refinamento no que já estava estabelecido, o que lhe conferiu notas inferiores – não comparadas a PES, mas sim às suas versões anteriores. Ou seja, quando um jogo que pertence a uma franquia é avaliado, ele é confrontado com seu antecessor visando a evolução da série.
Saber analisar o que está analisando
Para dissertar, o critico não há de ser apenas um jogador inveterado ou um fã, ele também deve ter conhecimento e percepção apurada para checar todos os elementos que estão anexados ao game, indo da arte gráfica e sonora, passando por roteiro e imersão, verificando mecânica de jogo e funcionalidade de programação, para depois desenvolver sua analise baseando-a em seu saber e na experiência vivida, para evidenciar ao público o que o novo trouxe de novo a si mesmo.
Talvez não tão comum quanto PES e FIFA, o impasse também é percebido em jogos de outros gêneros – só que de forma mais bizarra. A exemplo, temos Need For Speed da EA e Gran Turismo da Polyphony Digital, que é evidente que ambos são games de corrida, mas GT é um simulador enquanto NFS é um arcade, tornado inviável qualquer comparação entre eles.
Contudo, há quem diga que um é melhor que o outro, quando “na real” não há melhor e nem pior, apenas há quem goste de simulador, de uma experiência mais próxima do real e há quem prefira o arcade, que é mais casual. Nesse caso, o mais coerente e justo seria confrontar Gran Turismo com Forza Motorsport ou Need For Speed com Midnight Club.
Tais diferenças, por vezes, nos parecem tão sutis ao mesmo tempo que são muito bem demarcadas pelo gênero. Foi-se o tempo em que um jogo de corrida era só um jogo de corrida, isso graças à tecnologia que permite as desenvolvedoras criarem jogos cada vez mais específicos, necessitando de conhecimento equivalente para analisar tais jogos.
No fundo, somos iguais
Essa mesma tecnologia há anos dá acesso aos leitores, gamers e fãs para que também refinem seus conhecimentos e saibam apurar a qualidade de um game sem basear-se na crítica especializada, usando de bons argumentos em muitos sites e blogs espalhados pela internet. E não é raro encontrar na World Wide Web análises, detonados e dicas muito bem estruturados, beirando o profissionalismo de tanto esmero.
Esse é o outro lado do fã, que procura contribuir e compartilhar o que aprendeu ao longo de sua jornada gamer, sendo neutro e com a consciência de que Zelda e Final Fantasy são RPGs, mas que são jogos diferentes, com propostas diferentes e voltados para públicos diferente, assim como Metal Gear e Splinter Cell, Tekken e Street Fighter e Mario e Sonic.
Revisão: Leandro Fernandes
Jeferson,
ResponderExcluirEu não sou fã PES nem de FIFA, mas vejo PES como simulador de futebol, assim como GT é simulador de corrida, enquanto que FIFA é arcade, assim como NFE.
Opa... NFS
ResponderExcluiro problema é esse. Jogo agora virou algo sério.
ResponderExcluirAntes era tão melhor^^"
Eu só acho errado dizerem que um jogo é melhor que o outro apenas por ser superior em gráficos.
ResponderExcluirisso mesmo!!!!!
ResponderExcluir