Blast from the Past

Blast from the Past: Parasite Eve II (PS)

Qual seu jogo preferido do PlayStation? Digo o console mesmo, o quadradão cinza, ou talvez sua versão " slim ", o PSOne. Muitos ... (por Unknown em 12/11/2012, via PlayStation Blast)

Qual seu jogo preferido do PlayStation? Digo o console mesmo, o quadradão cinza, ou talvez sua versão "slim", o PSOne. Muitos certamente vão dizer que é Final Fantasy VII, outros vão dizer que é Metal Gear Solid e outros ainda devem lembrar de Resident Evil. Para mim, o páreo é duro, mas existe um jogo que me desafiou, divertiu e encantou, tudo ao mesmo tempo e de uma forma muito definitiva. Parasite Eve II é meu preferido, continuação de um outro preferido, e tem tudo que um RPG moderno precisa, além de diversas pequenas ousadias que passaram desapercebidas por muitos jogadores e críticos. Confira!

Parasite Eve ainda é, ao meu ver, uma maravilha dos games. Ele tinha tudo que é esperado de um jogo da Square da época: gráficos bonitos, uma história envolvente, traços fortes de RPG (ainda que o jogo não tivesse batalhas em turno) e, principalmente, muita criatividade. Desnecessário dizer que passei minha adolescência perguntando a todos os professores de biologia sobre mitocôndrias.

Vou explicar. No jogo, Aya Brea, uma policial de Nova Iorque, se depara com uma ameaça biológica: as mitocôndrias, organelas das células, se tornam conscientes e dominam uma cantora de ópera chamada Melissa Pearce, transformando-a num ser muito poderoso, que se auto-intitula Eve. Eve destrói metade da cidade com o intuito de dar à luz um ser superior, uma evolução do ser humano, dominado pelas mitocôndrias e usando todo o seu potencial. Aya frustra o plano de Eve, é claro.

Aya Brea, FBI

O segundo jogo se inicia muitos anos após o incidente em Manhattan. Aya agora é de uma divisão do FBI criada especificamente para lidar com episódios ligados às mitocôndrias, chamado MIST (Mitochondrial Investigation and Supression Team, ou Time de Investigação e Supressão Mitocondrial). A ação começa quando o time é chamado para investigar um aparente ataque de NMC (Neo-Mitochondrion Creatures, ou Criaturas Neo-Mitocondriais, que tiveram suas mitocôndrias evoluídas) em Los Angeles.

No. 9, o monstro/caçador/golem que inferniza a vida de Aya

Mas dessa vez as coisas estão um pouco diferentes: Aya encontra indícios que as criaturas são criadas artificialmente, e encontra um ser bizarro chamado No.9, que destroi o prédio em que eles estão, enquanto Aya escapa por um triz. As pistas levam a detetive até uma cidade no meio do deserto chamada Dryfield, e é lá que ocorre o resto da aventura.


Não entrarei em detalhes, porque eu espero que esse texto faça você pegar seu PlayStation e jogar Parasite Eve II, mas a trama é muito inteligente, partindo dessas criaturas artificiais, indo até uma instalação que as produzia e exibia, mostrando os esforços para criar "seres superiores". Além disso, o jogo é da época de ouro em que mesmo um jogo razoavelmente linear como esse tinha mil detalhes, como documentos para ler, lugares isolados que, caso o jogador visite, oferecem novos fatos e, enfim, tudo que tornava o primeiro jogo incrível elevado a uma nova potência.

Menos RPG

O sistema de tiro, mais dinâmico.
A jogabilidade de Parasite Eve II distanciou-se do RPG, abandonando a Active Time Bar, que simulava os turnos no primeiro jogo. O próprio sistema de tiro mudou: bastava agora mirar os inimigos e puxar o gatilho (ou usar os poderes de Aya), aproximando o jogo de um survival horror e tornando a ação mais dinâmica. Mas aqui é que temos um fator que torna o jogo diferente de muitos survival horrors e muito influente: em Parasite Eve II, o jogador ganhava pontos por derrotar inimigos. Com esses pontos era possível comprar armas e itens. Esse foi um dos primeiros jogos do gênero a implementar esse sistema, e foi seguido por Dino Crisis 2 e pela série Resident Evil a partir do quarto título.

O jogo funcionava em grande parte como um jogo de caça. O mapa mostrava em vermelho as áreas que estavam infestadas por monstros, e o jogador poderia ou não ir até lá e se livrar de todos. Ser um bom caçador era benéfico, já que era possível comprar armas melhores, evoluir os poderes de Aya e explorar melhor os ambientes. Mas o mais legal é que isso não era só usado para ganhar pontos. Viajar por todo o mapa (às vezes voltando TODO o mapa) eliminando monstros também garantia uma versão mais completa da história. Exemplo: em uma parte do jogo, Aya pode voltar até Dryfield, depois de prosseguir bastante no mapa. Fazer isso garante não só que ela salve um personagem importante na história, mas também garanta um passo em direção ao final real do jogo. Isso se repete em diversas sequências.


Outra parte impressionante de Parasite Eve II é a batalha contra os chefes. Dois deles são especialmente interessantes. O primeiro, um gigante com um lança-chamas na boca que ataca o hotel em Dryfield, deve ser derrotado rapidamente para minimizar os danos ao hotel e evitar a morte do cachorro do único sobrevivente da cidade, Douglas. Isso também influencia no final do jogo, acredite. O outro é um monstro gigante também que também destroi tudo em seu caminho. Mas em vez de uma simples batalha usando armas, Aya precisa atraí-lo até o compactador de lixo e esmagá-lo.

Apenas tecnicalidades

O triste de Parasite Eve II é a movimentação bizarra de Aya, que corre feito uma pata pelos cenários, e muitas vezes contra a parede (como você pode ver no vídeo da batalha contra o chefe do hotel). Isso prejudica muitas vezes a jogabilidade, tornando o jogo por vezes frustrante.


Mas é um fator que acaba passando desapercebido quando você se lembra das limitações técnicas no PlayStation, e vê tudo que foi feito no jogo. Os gráficos in-game são muito bons para a época, contando até com dano ao ambiente quase em tempo real e expressões faciais. As CGs são, obviamente, lindas, como sempre para o padrão Square. A trilha sonora segue o mesmo estilo do primeiro jogo, com músicas misturando elementos eletrônicos e rock com música clássica, e continua sendo excelente, nunca passando do ponto durante nenhuma cena ou batalha.
É, Parasite Eve II é meu jogo preferido do PlayStation e ainda está no top 10 de jogos preferidos de todos os tempos. Ele une uma história boa a uma jogabilidade muito divertida, e embora tenha mais de doze anos, não envelheceu mal, já que influenciou grande parte dos survival horrors.
Revisão: Leandro Freire 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook


  1. Dizer o que nessa matéria? Ficou perfeita. Ótimo jogo, clássico e único, vou tirar o playstation do armário e relembrar os bons tempos.

    ResponderExcluir