Blast from the Past

Blast from the Past: Final Fantasy X (PS2)

" Escute a minha história... essa pode ser nossa última chance. " Em 2001 o décimo capítulo da série Final Fantasy , popular fr... (por Vitor Navarrete em 18/11/2012, via PlayStation Blast)

"Escute a minha história... essa pode ser nossa última chance." Em 2001 o décimo capítulo da série Final Fantasy , popular franquia de RPG da Squaresoft (hoje Square Enix) foi lançado para o PlayStation 2, marcando a primeira aparição da franquia na sexta geração de consoles. O novo título trouxe, como de praxe, diversas inovações no quesito gameplay. Final Fantasy X, contudo, ficará registrado na história da franquia para sempre como o primeiro a utilizar dubladores e captura de movimento facial e corporal. Tal adição permitiu uma abordagem inovadora na forma contar histórias através dos games.

A voz da fantasia

A presença de vozes nos títulos da série não era exatamente uma novidade. Ninguém é capaz de esquecer a macabra risada do vilão Kefka, de Final Fantasy VI (PS), ou as incríveis canções One Winged Angel, de Final Fantasy VII (PS), e Eyes On Me, de Final Fantasy VIII (PS). Contudo, Final Fantasy X foi o primeiro jogo da série a possuir personagens com dubladores, o que adicionou um novo nível de profundidade à história, uma vez que, assim, suas personalidades não são mais definidas apenas por suas ações e falas, mas também pela sua entonação.

Tal adição, que foi característica marcante de vários jogos da sexta geração de consoles, era inevitável e foi muito bem vinda. A execução em alguns, entretanto, deixou um pouco a desejar. Se por um lado na versão americana temos excelentes trabalhos com as vozes de personagens como Wakka, Lulu, Auron e Seymour, por outro temos atuações pouco inspiradas ou que simplesmente não encaixaram, como as de Rikku, Tidus e Yuna. Para somar as vozes não tão marcantes de certos personagens, vem o fato da expressão corporal às vezes não colaborar em nada com a imersão. A Rikku, por exemplo, personagem mais expansiva da equipe, que muito lembra algumas protagonistas de animes shonen devido a suas ações exageradas, acaba ficando artificial, já que o seu modelo 3D não consegue acompanhar a eletricidade da sua personalidade. Contudo, no geral o saldo desse setor é bastante positivo, uma vez que essa foi a primeira tentativa da Squaresoft nessas águas, até então não completamente mapeadas, que eram as dublagens com captura de movimento em videogames.

O herói sem nome...

O fato de todo o roteiro ser interpretado por atores indica que uma antiga característica da série, a liberdade de nomear os personagens, precisou ser abolida. O único personagem que não possui um nome pré-determinado é o protagonista que, devido a tal fato, nunca tem seu nome proferido in game. Isso é de extrema importância para a narrativa do jogo, uma vez que a história é contada em primeira pessoa, criando, assim, um grau de imersão até então inexistente na série.

Calma, isso não quer dizer que o nosso herói foi tratado como um indigente pelos seus criadores e não teve um batisado apropriado. Caso você aceite a sugestão inicial do jogo, o protagonista atenderá pelo nome oficial: Tidus. Como diria nosso Capitão Nascimento, Tidus é um fanfarrão. Atual astro dos Abes de Zanarkand, Tidus sempre foi uma criança mimada. Sua relação conturbada com o pai, Jecht, durante sua infância não ajudou em nada na formação da sua personalidade. Dessa forma iniciamos o jogo com um personagem que pensa ser o último copo de água do deserto.

No início da história, durante um importante jogo de blitzball na copa memorial Jecht, um monstro gigante ataca a cidade natal do protagonista e, ao tentar escapar de toda a confusão, Tidus é arremessado em Spira, um mundo totalmente diferente da cidade de Zanarkand que lhe é tão familiar.

... e seus companheiros

Esta seção contém spoilers leves/moderados do enredo. Caso você ainda não tenha jogado o game e pretenda fazê-lo algum dia, aconselho-o a pular para a próxima.
Ao chegar em Spira, Tidus se depara com diversas "pessoas" que, de uma forma ou de outra, o ajudarão a salvar o mundo e a crescer como pessoa antes do café da manhã, como todo e qualquer protagonista veterano de Final Fantasy está acostumado. Os companheiros de labuta são

  •   Auron: Ou melhor, Sir Auron, é o mentor de Tidus. Amigo de longa data de Jecht, pai do herói, ele toma para si a tarefa de educar o filho do amigo depois do seu desaparecimento dez anos antes. Auron está presente no momento em que Tidus é arremessado em Spira e, após reencontrá-lo no novo mundo, descobrimos que ele foi guardião do Lorde Braska, pai de Yuna, juntamente com Jecht.
 
  • Rikku: A primeira pessoa com quem Tidus conversa ao chegar em Spira. Rikku é uma Al Bhed, uma das diversas raças existentes nesse mundo, e, por isso, a única no time que entende de máquinas (Machina), já que todas as outras raças de Spira seguem os ensinamentos de Yu Yevon, que proibem o uso de equipamentos mecânicos. Ela também é a única da equipe a falar o estranho dialeto Al Bhed. Única ao menos enquanto não coletarmos todos os vinte e seis Al Bhed Primers que se encontram espalhados por Spira.

  • Wakka: O técnico e capitão do time de blitzball Besaid Aurochs. Wakka é um ótimo jogador, já o resto do seu time, nem tanto. A sua habilidade no jogo está presente até durante o combate, quando Wakka utiliza uma bola para realizar ataques de longa distância. Quando não está praticando blitzball, Wakka trabalha como guardião de Yuna. Ele se apega tanto a Tidus, por achá-lo parecido com seu finado irmão, Chappu, que o presenteia com a espada deixada por ele.

  •  Lulu: A guardiã. Lulu é um dos dois guardiões de Yuna que assumem esta função em tempo integral. Contudo, essa não é a primeira vez que Lulu exerce tal ocupação. Antes de se filiar a Yuna, Lulu foi guardiã de outra Summoner que faleceu durante a sua peregrinação. Adicione a isso o fato de que Chappu, irmão de Wakka, era seu namorado até falecer e temos uma bela mulher madura afligida pela culpa de não conseguir salvar seus entes queridos. Uma das melhores personagens femininas de toda a série, em minha opinião.


  •  Kimahri: O renegado. Kimahri é um Ronso, uma das diversas raças que habitam Spira, junto com os humanos, os Al Bhed e os Guados. Seu chifre quebrado é a herança de um briga com um antigo rival, Biran Ronso. Com o chifre e a honra quebrados, Kimahri foi expulso da Montanha Gagazet foi neste momento que ele encontrou Auron e Yuna e acabou virando o protetor desta. Por cuidar de Yuna desde que a mesma era apenas uma criança, Kimahri é o seu primeiro guardião.

  •  Yuna: Ou melhor, Lady Yuna. A Summoner, protagonista e ponto ao redor do qual todo o enredo se desenvolve. Yuna, assim como Tidus, viveu à sombra dos feitos do pai, Lord Braska, e segue os passos do mesmo, tentando trazer a paz novamente para Spira. Prima de Rikku, afilhada de Auron, protegida de Kimahri, guardada por Wakka e Lulu e vista como a donzela a ser protegida por Tidus, Yuna pode aparentar fragilidade à primeira vista. Ledo engano. A sua determinação e resolução em cumprir sua missão e objetivo, sem nem pestanejar, é estonteante.
 

A peregrinação


Ao chegar em Spira, Tidus descobre que Zanarkand, como ele conhece, não existe nesse mundo. Na verdade, a Zanarkand de Spira é composta por ruínas de uma cidade sagrada que foi destruída há mais de 1000 anos por Sin, ao final da guerra das Machina. Tidus, contudo, recusa-se a acreditar que todas as suas lembraças não são reais e decide partir em uma jornada que o leve de volta para casa.

O destino de Tidus, entretanto, faz com que ele cruze caminhos coma a Summoner Yuna e seus guardiões: Wakka, Lulu e Kimahri. Os Summoners de Spira têm uma grande missão a cumprir. Eles devem realizar uma peregrinação por toda Spira, visitando os diversos templos de Yu Yevon para que possam orar para os Fayths (espécie de espíritos unidos a totens), em busca de obter, com o auxílio destes, o poder de conjurar os Aeons, que são criaturas deíficas muito poderosas, e, dessa forma, fortalecer o poder do Summoner. O objetivo da peregrinação? Chegar em Zanarkand, que possui o último templo, obter lá o Aeon final e, com a ajuda deste, obter o poder para derrotar Sin, o monstro que assola Spira destruindo incontáveis cidades e ceifando diversas vidas. Vale lembrar que Sin também é o responsável por trazer Tidus de Zanarkand para Spira.

Assim, tendo como objetivo chegar a Zanarkand, mesmo que seja uma diferente, Tidus se une ao grupo de Yuna em sua peregrinação. No decorrer da jornada Auron e Rikku também se juntam ao grupo.

Entre o pecado e a religião

Final Fantasy X traz a tona um interessante tema: religião. O Alto Summoner, conjuntamente com os Meisters, rege as diretrizes sociais do mundo de Spira de acordo com os ensinamentos de Yu Yevon. Dentre tais ensinamentos o maior de todos é: Não usarás Machina.

Segundo os ensinamentos, Spira é assolada por Sin devido aos antigos, que abusaram do poder das Machina (equipamentos mecânicos em geral). De acordo com os ensinamentos, os Summoners devem enfrentar Sin para garantir a paz de Spira e para pagar pelos pecados da humanidade. A discussão fica ainda mais interessante quando Rikku se junta ao grupo, devido a sua raça, Al Bhed, insistir em utilizar Machina. Alguns habitantes de Spira que seguem os ensinamentos mais fervorosamente, como Wakka, não simpatizam com eles, devido a tal teimosia. Assim, diversas discussões sobre até onde onde os ensinamentos devem ser seguidos e sobre, afinal, de onde surgiram esses ensinamentos, ocorrem entre os dois. Bem similar a qualquer discussão atual ou passada sobre religião, não?

Outro tópico religioso interessante está na passagem dos mortos para o Farplane. Para que o espírito posso ascender para este lugar, que é uma espécie de plano superior, é necessário que um Summoner realize um rito de passagem, caso contrário, a alma do falecido pode virar uma "cria de Sin", nome dado a alguns dos monstros que assolam Spira.

Yuna realisando a passagem dos falecidos, após um ataque de Sin.

Sobre Fayths e Aeons

Assim como os cristais, moogles e chocobos, os Summons, nome genérico dado as criaturas míticas invocadas por Summoners, são um elemento clássico da série Final Fantasy. A cada novo jogo eles podem responder por nomes diferentes: Summon, Eidolon, Esper, Guardian Force ou Aeon. Mas independente do nome, eles continuam entre as criaturas mais poderosas de cada game.

Em certos jogos, entretanto, além de se manifestarem como magias poderosas, os Summons têm papel fundamental no enredo. Esse é o caso dos Aeons de Final Fantasy X. Só aos Summoners que participam da peregrinação, visitando os diversos templos do mundo, se submetendo as provas e orando para os Fayths, é garantido o poder de conjurar Aeons para lutarem ao seu lado. Devido a sua importância na narrativa, os Aeons ganharam um maior destaque na mecânica do jogo. Eles possuem um menu próprio e podem evoluir suas habilidades, assim como os demais personagens. Os Aeons compulsórios, que se obtidos durante a jornada até fim do jogo, são:

Valefor

  • Templo: Besaid
  • Ataque especial: Sonic Wings
  • Overdrive: Energy Ray/Energy Blast
  • Elemento: Nenhum
  • Fala de Yuna: "Please, fight with us!" ("Por favor, lute conosco.")


Fayth de Valefor

 

         Ifrit

  • Templo: Kilika
  • Ataque especial: Meteor Strike
  • Overdrive: Hellfire
  • Elemento: Fogo
  • Fala de Yuna: "Will you... help us?" ("Você vai... nos ajudar?")




Fayth de Ifrit.



Ixion

  • Templo: Djose
  • Ataque especial: Aerospark
  • Overdrive: Thor's Hammer
  • Elemento: Eletricidade
  • Fala de Yuna: "My name's Yuna. Pleased to meet you" ("Meu nome é Yuna. Prazer conhecê-lo.")


Fayth de Ixion.

         Shiva

  • Templo: Macalania
  • Ataque especial: Heavenly Strike
  • Overdrive: Diamond Dust
  • Elemento: Gelo
  • Fala de Yuna: "Please help us." ("Por favor nos ajude.") 



Fayth de Shiva

 Bahamut

  • Templo: Bevelle
  • Ataque especial: Impulse
  • Overdrive: Mega Flare
  • Elemento: Nenhum
  • Fala de Yuna: "Oh my..." ("Minha nossa...")





Fayth de Bahamut

"Essa é minha história e você não é parte dela."

Uma das maiores críticas que Final Fantasy X recebeu após o lançamento foi a respeito da linearidade do jogo. Ele foi o primeiro Final Fantasy a abandonar a possibilidade que tínhamos de navegar livremente pelo mapa mundi do jogo. Ao invés disso, ao obtermos a já esperada nave, característica da franquia, só podemos escolher para qual destino queremos ir, sem ter a liberdade de pilotar a maquína voadora. Essa premissa, para a infelicidade de alguns, tem sido replicada em diversos jogos recentes, tirando parte da magia de exploração.

Além da falta de uma versão navegável mapa mundial, temos uma grande linearidade nas fases. Há poucos caminhos alternativos e, diversas vezes, ficamos sem opção de exploração. Uma crítica vinda da maioria dos fãs se deve ao fato do jogo não deixar que o jogador descubra o mundo sozinho, por ele estar sendo constantemente guiado por uma enorme seta vermelha no mini-mapa.

Blitzball

A geração PlayStation adicionou uma nova característica a série Final Fantasy: os minigames. Após um parque de diversão temático e dois minigames de cartas a Square decidiu chutar tudo. Literalmente. A bola da vez é o Blitzball, uma espécie de pólo aquático submerso.

O minigame é tão viciante e bem elaborado que é possível gastar mais tempo nele do que o necessário para terminar a campanha principal do jogo. Muito se engana quem pensa que é um jogo de esporte comum. É um jogo tático, com diversas habilidades, atributos, níveis, torneios e que ainda conta com a possibilidade de contratar novos jogadores espalhados pelo mundo afora, visando criar o melhor time.

Uma tradicional partida de Blitzball em Spira.


Um RPG sem níveis e um Final Fantasy sem ATB

O fato do jogo não possuir um sistema de evolução tradicional com níveis não é novo para a série. Final Fantasy II já fez isso. Mas Final Fantasy X foi além. O sistema de evolução do jogo consiste apenas de um enorme mapa, o Sphere Grid, que contém um grande conjunto de nós para representar todas as habilidades, magias e bônus para atributos do jogo. Ao ganharem uma determinada quantia de pontos de experência nas batalhas, os personagens adquirem Sphere Levels que são utilizados pelo jogador no sistema de movimentação nó-a-nó do Sphere Grid. Chegando em um nó não ativado e não vazio, basta que utilizemos o item correto para ativá-lo, garantindo, assim, um novo bônus/magia/habilidade.

Seção do Sphere Grid.

No início do jogo, devido as restrições de movimentação, cada personagem se assemelha a algum Job já conhecido da série, por exemplo, a Lulu tem todas as habilidades de um tradicional Black Mage. Perto do fim do game, contudo, é possível obter todas as habilidades com cada um dos personagens. Basta ter muita paciência.

Outra mudança aparente no jogo é a ausência do tradicional sistema de batalhas ATB (Active Time Battle, Batalha em Tempo Ativo). Na verdade grande parte do sistema ainda está lá, exatamente como surgiu no distante Final Fantasy IV (SNES), invisível. Desta vez, contudo, a ordem dos turnos de cada participante da batalha é exibida em uma grande pilha no canto superior da tela. Cabe salientar que determinadas ações/magias podem alterar a ordem das próximas ações.

Pilha no canto superior direito informa a ordem dos turnos: Yuna, Tidus, Yuna, Kimahri, monstro,...

A adição mais importante ao sistema de combate, na minha opinião, é a possibilidade de trocar os membros do seu time no meio da batalha. Isso amplia e tanto a gama de estratégias, além de possibilitar evoluir todos os personagens ao mesmo tempo.

"Essa também é minha história."

Final Fantasy X foi um jogo que, no lançamento, obteve uma recepção mista, mas pendendo para o lado positivo. Quer você tenha gostado ou não do jogo, hoje, após 11 anos do seu lançamento, é indiscutível a sua influência na série. A história, apesar de ter certos momentos sem noção, é envolvente e emocionante. Se você não jogou vale a pena conferir, seja no PS2, seja na futura versão em HD para o PSVita/PS3. E, lembrem-se: "Nunca se esqueçam deles."

 Revisão: Samuel Coelho

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Um clássico único e absoluto,amo esse jogo de coração,pra mim é disparado o melhor da série principal,e até hoje possuo uma cópia original do jogo.

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