Jogamos

Análise: Top Spin 4 (PS3)

Desde que o PlayStation Move foi lançado, em setembro de 2010, os fãs de jogos de tênis ficaram ansiosos pelo dia em que a 2K Games lançar... (por Alberto Canen em 08/11/2012, via PlayStation Blast)

Desde que o PlayStation Move foi lançado, em setembro de 2010, os fãs de jogos de tênis ficaram ansiosos pelo dia em que a 2K Games lançaria a sua famosa franquia Top Spin para o PS3. Em março de 2011, a espera chegou ao fim, e o jogo não decepcionou, tornando-se, de imediato, o melhor jogo de tênis já produzido. Os controles de movimento da Sony até pareciam ter sido criados com o propósito de "ser uma raquete de tênis". O pessoal da 2K Czech, desenvolvedora do jogo, acertou uma verdadeira bola dentro, ao produzir Top Spin 4, um jogo imperdível para os amantes desse nobre esporte.

Top Spin 4 não é o primeiro jogo da franquia a ser lançado para o PS3, também temos a versão anterior, que fora produzida antes de o PS Move ser lançado. A terceira versão era mais focada na simulação, diferentemente da quarta, que mesclou um pouco o estilo anterior com o arcade, notadamente para alcançar o público mais casual, o que pode até não agradar aos fãs mais aficionados da série, mas contribuiu bastante para o sucesso do game.

Outro ponto que foi bem trabalhado no jogo foi a individualização dos jogadores, nos seus estilos de jogar, gestos, comemorações, roupas e aparelhagem oficiais, e também nas quadras e na torcida. A Czech tirou muito proveito da capacidade gráfica do PS3, fazendo um belo trabalho visual, para que o tenhamos a impressão de estarmos assistindo à uma partida oficial na TV, com a possibilidade de controlar os jogadores.

Jogadores profissionais

Diversos jogadores estão licenciados oficialmente nesse novo título. A série traz a maior lista até hoje: são 25 ao todo, alguns em atividade (tanto na parte masculina quanto na feminina), outros lendários (somente entre os homens). Abaixo segue a lista completa:

ATP (Association of Tennis Professionals)

  • Andy Roddick (USA)
  • James Blake (USA)
  • Rafael Nadal (ESP)
  • Roger Federer (SUI)
  • Stanislas Wawrinka (SUI)
  • Novak Djoković (SRB)
  • Andry Murray (GBR)
  • Gilles Simon (FRA)
  • Nikolay Davydenko (RUS)
  • Bernard Tomic (AUS)

WTA (Women's Tennis Association)

  • Serena Williams (USA)
  • Ana Ivanović (SRB)
  • Jelena Janković (SRB)
  • Dinara Safina (RUS)
  • Vera Zvonareva (RUS)
  • Caroline Wozniacki (DEN)
  • Eugenie Bouchard (CAN)

Lendas

  • André Agassi (USA)
  • Pete Sampras (USA)
  • Jim Courier (USA)
  • Michael Chang (USA)
  • Ivan Lendl (CZE)
  • Boris Becker (GER)
  • Björn Borg (SWE)
  • Patrick Rafter (AUS)

O que salta aos olhos é a grande quantidade de norte-americanos (praticamente 1/3) e a completa ausência de sul-americanos. Percebe-se que as vendas não são muito prósperas por essas bandas. Dessa forma, não vai melhorar, pois ídolos locais sempre atraem o público conterrâneo, por uma simples questão de identificação. Colocar, por exemplo, o Gustavo Kuerten (o "Guga") num game de tênis é mais do que merecido, é necessário, pois, além de ter sido número 1 do mundo e três vezes campeão de Roland Garros, é um dos mais carismáticos tenistas de todos os tempos, com um estilo inconfundível. Fora que os argentinos também têm muito sucesso no tênis, sempre despontando entre os melhores do mundo e na Copa Davis (competição de tênis entre países, jogada entre times), tendo conseguido três vice-campeonatos (1981, 2006 e 2008) até o lançamento de Top Spin 4.

Existe para cada jogador do game um medidor de habilidade de seus diversos atributos, como forehand (golpe executado com a palma da mão voltada para frente, é a direita do destro ou esquerda do canhoto), backhand (executado do lado contrário que se segura a raquete, podendo ser com uma ou duas mãos), serve (serviço, saque), volley (voleio) e speed (velocidade).


Em geral, os atributos ficaram bem distribuídos, podendo haver uma pequena discordância para mais ou para menos. Sobre isso, o jogador francês Gilles Simon concordou com a forma com que as suas habilidades foram retratadas, brincando que ele realmente não é bom no quesito voleio e que achou o seu personagem melhor do que ele na vida real, pois conseguiu vencer com facilidade o tenista britânico Andy Murray, o que não vinha acontecendo nos seus jogos não virtuais. Quem sabe se ele tirasse do fácil ficasse menos contente com o provável resultado. Infâmia à parte, até porque ele é um ótimo jogador, com um estilo muito bonito, que usa mais habilidade do que força. Eis o vídeo de sua entrevista para a 2K Sports (distribuidora do game). E notem que ele está jogando num PS3, pois todas as propagandas do jogo são assim, já que o jogo foi produzido pensando no console da Sony:



Rafael Nadal e Roger Federer, em momentos distintos, já declararam que jogam games de tênis e preferem jogar um com o personagem do outro. Nadal por achar que seu personagem é sempre muito defensivo, ficando dois metros atrás da linha de fundo, nunca conseguindo aplicar um winner (ponto vencedor, uma bola indefensável); já Federer diz sempre jogar com seu personagem, mas em Roland Garros prefere jogar com o Nadal, que é penta campeão do torneio. Bom, em Top Spin 4, ao menos Nadal vai poder jogar seu próprio personagem, por estar muito menos defensivo, evolução condizente com a sua própria nas quadras reais.


Os movimentos dos jogadores realmente estão menos genéricos, mais individualizados em relação ao estilo de cada um, tanto na forma como ele joga quanto como comemora, ou mesmo uma atitude mais simples após o ponto, como enxugar o suor do rosto. Alguns movimentos ficaram bem comuns ainda, mas dá para perceber características individuais com certa facilidade, apesar de o momento nem sempre ser o mais apropriado. Veja o caso do americano Pete Sampras, que sempre foi contido, calmo, mas que comemora diversos pontos como se fosse o último.

Quase um Grand Slam

O ambiente ficou muito bem produzido, com excelente reprodução das quadras que sempre vemos pela TV (alguns mais de perto). São mais de 40 ao todo, incluindo as quadras principais de três dos Grand Slams, faltando apenas Wimbledon (Grand Slam da Inglaterra), mas é uma falta considerável, por ser o mais tradicional dos quatro. Eis as mais importantes do game:

  • Rod Laver Arena (Australian Open)
  • Court Philippe Chatrier (Roland Garros)
  • The Arthur Ashe Stadium (US Open)
  • Indian Wells Tennis Garden (BNP Paribas Open)
  • Sony Ericsson Open in Miami
  • BNP Paribas Masters of Paris
  • The O2 Arena in London (Barclays ATP World Tour Finals)

Com a raquete em mãos

Top Spin 4 traz um tutorial curto e pobre, dividido entre treinos de serviço e de jogabilidade básicas. Faltou enriquecê-lo com mais ensinamentos, tanto de jogadas quanto de situações de jogo, como subir à rede, quando subir, aplicar uma cruzada, em que parte da quadra ficar, bater inside out (de dentro para fora, muito comum) e muito mais. Quem não tem a menor noção de tática e posicionamento pode ficar perdido, correndo atrás da bola, ou, ao menos, deixará de desfrutar de todas as possibilidades, ficando naquele básico jogo de fundo, sem armar nenhuma jogada mais interessante. Outro incômodo é não haver uma subdivisão. Então, se quiser repetir apenas como executar um drop-shot (curtinha), o jogador terá que fazer o tutorial desde o começo.

Uma das opções mais interessantes é o Play Now, o modo que a maioria vai testar primeiro, antes mesmo do tutorial, e alguns talvez só se utilizem dele, pois é onde são feitas as partidas de exibição, podendo ser escolhido qualquer um dos 25 jogadores licenciados oficialmente, tanto em jogos de simples quanto de duplas, contra o videogame ou contra jogadores reais. Diversas quadras, dos três tipos de piso (saibro, grama e sintético) podem ser escolhidas. Aqui, mais uma vez, sentimos falta de Wimbledon.


No modo carreira, abre-se a possibilidade de customizar um jogador para se começar de baixo e progredir até o topo do mundo. O mais interessante é poder jogar com esse personagem tanto offline quanto online, que por sinal é um dos grandes destaques do jogo. O modo em si é bem longo, repleto de minigames para se treinar e melhorar seus atributos. Nem todos irão se interessar por essa opção, por ter menos partidas do que minigames. Melhor seria ter uma possibilidade de distribuir atributos ao seu jogador e participar direto dos torneios, sem treino, ou escolher um dos jogadores licenciados para entrar nas chaves dos torneios, assim teria opção para todo tipo de gosto, não obrigando os jogadores que apenas quisessem jogar partidas e vencer um Grand Slam a ficarem evoluindo o personagem como num RPG.


Bola cheia

Com um casamento quase perfeito com o PlayStation Move, Top Spin 4 apareceu para mudar a nossa forma de jogar tênis no videogame. Com jogadas quase precisas e permitindo a utilização de diversas táticas reais de jogo, além de uma proposta de imersão que é atingida em boa parte da jogatina, podemos dizer que ele é o melhor jogo de tênis lançado até o momento, rivalizado apenas com o mais recente Grand Slam Tennis 2, mas isso já é assunto para um futuro Blast Battle. E você, caro leitor, já deu as suas raquetadas virtuais? Deixe o seu comentário


Prós


  • Excelente uso do PlayStation Move;
  • Diversos jogadores profissionais licenciados;
  • Modo online;
  • Individualização dos jogadores.

Contras


  • Ausência de Wimbledon;
  • Tutorial limitado;
  • Alguns movimentos dos jogadores ainda são genéricos.


Top Spin 4 - PlayStation 3 - Nota Final: 8.5 
Visual: 8.5 | Som: 8.0 | jogabilidade: 8.5 | Diversão: 9.0
Revisão: Rafael Becker

é formado em Direito pela UFRN. Joga videogame desde os tempos do Atari e sempre acompanha as novidades na indústria de jogos. Está no Facebook e no Twitter.

Comentários

Google
Disqus
Facebook