Eu sou o tipo de pessoa que lê o mesmo livro dúzias de vezes, assiste o mesmo filme até decorar as falas e ouve a mesma música no repeat. E é claro que não seria diferente nos videogames: perdi as contas de quantas vezes terminei Resident Evil 3, Metal Gear Solid e Final Fantasy VIII na época do primeiro PlayStation. Esse hábito de revisitar, reler e rejogar pode parecer estranho, mas não é só meu. O "fator replay" é um quesito considerado por basicamente todos os críticos de games e se tornou uma preocupação das desenvolvedoras. Qual a importância da vida útil dos jogos de hoje em dia? Confira neste especial!
Quando seis horas não bastam
Um jogo que dura seis horas é curto. Não há discussão nesse ponto. Ele pode ser bom, divertido e criativo, mas é curto. Os desenvolvedores, numa tentativa de aumentar a duração do jogo, podem colocar os famosos itens coletáveis ou criar um New Game Plus. O primeiro método só atinge aqueles jogadores mais obcecados pelo "100%" ou por um troféu de platina. O segundo é um pouco mais abrangente, já que normalmente oferece uma experiência bem diferente da primeira.
Final Fantasy VIII foi o primeiro Final Fantasy que eu joguei, e até hoje é meu preferido. Passava horas tentando conseguir itens para transformar em magias, procurando Draw Points e pegando cada GF disponível. Toda a jornada era uma verdadeira viagem emocional por um mundo lindo, interessante e completo. Mas o que me fazia retornar ao papel de Squall era aquela sequência de animações no final do jogo ao som da melhor versão de Eyes On Me. O jogo nunca precisou de um New Game Plus, pois era tão longo e completo que garantia sua vida útil de outra forma.
Já nos casos de Resident Evil 3 e Metal Gear Solid, eu jogava tanto pela diversão quanto pela história. Rever as cenas era excelente. E no caso específico de Resident Evil 3, as decisões tomadas no decorrer da história eram um fator importante nisso. As pequenas diferenças na trama causadas pelas decisões eram interessantes, principalmente no final.
Múltiplos finais
Nunca me esqueço da primeira vez que vi a lista de finais para Chrono Cross. Não só eram doze finais, mas a forma para fazê-los era tão inusitada que me deixou encantado. Antes de mais nada, você tinha de terminar o jogo e depois tinha acesso a esses finais, que eram conseguidos basicamente através de variações em que o jogador prosseguia para a batalha final antes de certos eventos. Muito criativo, e uma tática que aumentava muito a vida útil do jogo.
Essa é uma das formas mais comuns, ainda hoje, de trazer o jogador de volta para o jogo. Heavy Rain é um dos casos mais notáveis da geração. O final do jogo é determinado por várias variáveis, e para conseguir ver todos, é necessário jogar diversas vezes.
Múltiplos heróis
O outro método é o mais usado pelos RPGs ocidentais. O protagonista é criado pelo jogador, e com a combinação disso com decisões feitas por ele que guiam a história, o jogo ganha uma longevidade impressionante.
Um exemplo? The Elder Scrolls V: Skyrim. Não bastasse ser um jogo enorme (muita gente chega às 120h de jogo sem chegar à metade da linha principal da história), ele ainda oferece essa possibilidade de personalizar seu herói, dar-lhe um nome e decidir como ele responde aos diálogos. Não tem como questionar: é um exemplo brilhante de como estender a vida útil de um jogo, através não só do incentivo a jogar mais de uma vez, mas na questão das horas em si.
Fallout, Mass Effect e Dragon Age são outros exemplos de jogos que usam esse método. Os dois últimos mais ainda, por importar as decisões feitas nos jogos anteriores, criando um número quase infinito de possibilidades: mesmo depois que você explorou todos os lados morais de Mass Effect, você pode criar um novo Shepard para explorar os interesses românticos, que são bem diferentes entre si e rendem boas cenas. Ok, eu sou suspeito para falar: tenho cinco personagens em Mass Effect e pretendo ter ainda mais.
E falando em Mass Effect, há alguns meses eu comecei uma nova personagem para testar um dos interesses românticos. E qual não foi a minha surpresa ao perceber que joguei 4 vezes e mesmo assim deixei passar toda uma sidequest? Benefícios de ser um jogador recorrente.
Como NÃO fazer
Um dos jogos mais frustrantes nessa questão é L.A. Noire. Um jogo longo, com diversas pequenas ramificações na história, mas que, uma vez finalizado, não oferece nenhum incentivo para que o jogador volte, exceto completar as cinco estrelas em todos os casos. O final decepcionante do jogo ainda contribui para piorar a situação.
Vou me preparar para a chuva de pedras agora: a série Uncharted, para mim, é outro exemplo. Não que não sejam jogos divertidos, mas a natureza repetitiva do combate no jogo é tão acentuada que depois que eu terminei Uncharted 2, me senti aliviado. A ausência de variações no jogo, somada a uma aventura curta (cerca de oito horas) e uma história (repito: na minha opinião) fraca e sem atrativos torna o jogo cansativo. Novamente: para mim. Muitos jogadores caem de amores pelas aventuras de Nathan Drake.
Você também é um desses jogadores recorrentes? Volta repetidamente ao mesmo jogo e não se envergonha disso? Qual jogo você mais rejogou? Conte-nos nos comentários!
Revisão: Samuel Coelho
Creio que além de uma boa história, muitas horas de gameplay no modo principal e conteúdo diversificado, as produtoras de diversas plataformas têm implementado atrativos no multiplayer, pra que seus games não caiam em desuso. De fato um bom atrativo! Outra alternativa seria a disponibilidade de DLCs que agreguem o modo principal, ou side quests que possam ser baixadas, de acordo com o gênero do Game.
ResponderExcluirEu mesmo adoro RPGs e games de plataforma. Skyrim, Final Fantasy e similares contabilizam muitas horas comigo! Games de outras empresas também perduram comigo por muito tempo. É b saber que as produtoras se empenham em sua maioria para satisfazer os gamers nesse sentido.