Na época do PlayStation, o gênero survival horror foi dominado por Resident Evil. Foram lançadas três versões numeradas sequencialmente do jogo com temática zumbi da Capcom, contra apenas um game da série Silent Hill e um da série Alone in the Dark, franquias estas que também são excelentes representantes do gênero. No meio de tantos games bons de survival horror, alguns acabaram passando batido por muitos jogadores. Dentre estes podemos citar Galerians. Lançado em 1999, Galerians traz adolescentes com poderes psíquicos como protagonistas, além de muita violência física e psicológica.
Projeto G
A história começa com o jovem Rion acordando em um hospital, sem conseguir lembrar-se de sua própria identidade e escutando a voz de uma jovem garota que pede ajuda a ele. Ao tentar escapar do hospital, o garoto descobre que possui estranhos poderes psíquicos que o ajudam a lutar contra a segurança do local em que ele se encontra aprisionado. E ele não é o único a ter habilidades paranormais. No decorrer do game, o jogador descobre que Rion faz parte do Projeto G, um experimento secreto que visa aumentar a capacidade psíquica dos seres humanos. Um dos responsáveis pelo projeto é o próprio pai de Rion, Albert Steiner, que criou uma inteligência artificial chamada Dorothy.
As coisas começam a dar muito errado quando Dorothy resolve criar sua própria raça de humanos superiores, repletos de poderes. Os seres dessa raça são chamados de Galerians. Claro que a última esperança da humanidade reside nos poderes de Rion e em Lilia, a tal garota que fala dentro da mente dele e que,mais tarde, se revela como a filha do parceiro do dr. Steiner nos experimentos. Lilia carrega dentro de si um vírus que pode destruir Dorothy, porém ele deve ser ativado por meio dos poderes de Rion, que possui uma jornada nada fácil pela frente. Como toda boa história envolvendo crianças sendo cobaias, o enredo apresenta chefes de fase que se destacam por serem personagens bem perturbados e viciados nas drogas que aumentam seus poderes. Além disso, alguns possuem distúrbios tais como o de personalidades múltiplas ou algum outro envolvendo rompantes de violência como característica.
O clima de Galerians é bem diferente do de seus “concorrentes” no gênero survival horror. Para os que estavam acostumados com zumbis, enfermeiras macabras ou seres de outras dimensões, pode até parecer simples enfrentar vários humanos comuns, que utilizam armas também comuns. A questão é que, tirando os poderes psíquicos, Rion também não possui nada de especial. No começo, é bem divertido ficar utilizando os poderes para detonar qualquer adversário que aparece, até descobrirmos que esses poderes acabam e que os itens para recuperá-los são bem escassos durante o jogo. E levando em conta que os chefes de fase são todos Galerians poderosos, você não vai querer desperdiçar energia com simples policiais armados com pistolas. O melhor mesmo é fugir dos caras.
Drogas e muita violência
Uma das características mais polêmicas sobre os poderes de Rion é que ele os recupera através da ingestão de drogas chamadas Psychic Power Enhancement Chemicals (PPECs). Além disso, o personagem possui uma barra de energia que vai enchendo conforme ele recebe dano ou fica estressado e, quando cheia, Rion libera todo o seu poder destrutivo. Com um simples ataque, o garoto consegue matar quantos inimigos estiverem na tela, geralmente explodindo suas cabeças. Obviamente que isso não funciona nos chefes, mas pode salvar sua vida em áreas com muitos inimigos e pouco espaço. O problema é que isso acaba consumindo Rion fisicamente, fazendo com que sua barra de life se esgote aos poucos. Por isso, é recomendado que o personagem utilize algum tipo de droga que o faça recuperar o controle.
Graficamente o jogo segue a linha Resident Evil, com ângulos de câmera fixos, cenários 2D pré-renderizados e personagens em 3D. O esquema de controle também é o mesmo da franquia da Capcom, que usa o chamado esquema de tanque, porém, Galerians tem uma versão um pouco piorada deste sistema. O personagem é um pouco lento, principalmente quando precisa fazer alguma curva. Essa imprecisão nos controles acaba dificultando a fuga de ambientes apertados e cheios de inimigos, fazendo com que o jogador gaste poderes sem necessidade. Isso também se torna problemático ao se enfrentar chefes, já que os combates acontecem em lugares pequenos e os Galerians possuem poderes iguais ou melhores que os de Rion.
Apesar dos controles travados, dos cenários pouco inspirados e dos inimigos repetitivos, Galerians é um game que vale a pena ser jogado pelo menos uma vez. A história, que foge dos padrões dos outros survival horrors, é muito interessante e acaba prendendo o jogador mesmo com os pequenos defeitos que o jogo apresenta. Além disso, é extremamente divertido controlar Rion quando seus poderes estão no ápice, o que permite que o jogador saia explodindo cabeças aqui e ali. O jogo teve ainda uma continuação chamada Galerians: Ash, que saiu para PlayStation 2, mas essa versão eu não tive a oportunidade de jogar.
Revisão: Samuel Coelho
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