Segundo a visão profética do apóstolo João, contida no livro bíblico do Apocalipse, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse são Peste, Guerra, Fome e Morte. Na versão cristã, esses personagens são simbólicos, cada um representando um evento diferente que acontecerá no fim dos tempos. A Virgil Games, desenvolvedora de Darksiders II, por outro lado, os utilizou de uma forma diferente e bem mais interessante para os gamers: como personagens jogáveis e bastante poderosos, possuidores de personalidades próprias e marcantes. A trama também é inédita, deixando de lado as passagens contidas na Bíblia. O que temos é muito hack 'n' slash, com resolução de puzzles e muitos elementos de RPG.
Primeiro Guerra, depois Morte
No primeiro Darksiders, lançado em janeiro de 2010, os jogadores foram apresentados ao cavaleiro Guerra, protagonista do game. No enredo, Guerra respondeu ao suposto chamado do Apocalipse, vindo à Terra para cumprir o seu papel bíblico. Contudo, não era o momento correto, o mundo ainda não deveria acabar. Diante dos acontecimentos, o conselho responsável pelo balanço entre o Céu e o Inferno, chamado Charred Council, o considerou culpado por esse Apocalipse prematuro, mas deu a ele uma chance de provar a sua inocência, procurando pelo verdadeiro culpado, o que só ocorreu depois de 100 anos de aprisionamento.
"Apocalipse 6:8 - E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte;"
Em Darksiders II, recém-lançado, os eventos ocorrem logo após esse Apocalipse do primeiro jogo, durante o período que Guerra se encontrava preso, mas não na Terra, e sim no Veil, um lugar entre o Céu, o Inferno e a Terra. Tomando o lugar do protagonista anterior, temos o Morte, que buscará provar a inocência de seu irmão injustamente acusado.
A diferença entre os personagens é evidente, pois enquanto Guerra era mais reservado e mal-humorado, com golpes poderosos e um pouco lento; Morte é bem mais falante e sarcástico, valendo-se mais da velocidade e agilidade do que propriamente da força bruta. Não que ele seja fraco, longe disso, apenas precisa desferir mais golpes que seu irmão e utilizar mais estratégias.
Um jogo com identidade própria
Assim como o primeiro jogo da série, Darksiders II se utiliza de elementos de jogos como God of War, The Legend os Zelda e Prince of Persia. Mas isso não quer dizer que o jogo se trata de uma mera cópia. Pelo contrário, podemos perceber um identidade própria durante a jogatina, mesmo que o pessoal da Virgil tenha se inspirado nas experiência com outros títulos conhecidos.
Apesar do já esperado hack 'n' slash, com inimigos genéricos durante o caminho pelo campo aberto e um certo esmagamento de botões, o jogo também apresenta combates mais avançados, que exigem mais do que apenas bater o tempo todo. É necessário utilizar uma certa estratégia, com muita esquiva e contra-ataque no momento certo, bem como a utilização das diversas habilidades que vão sendo adquiridas no decorrer do game. Não é que a dificuldade seja elevada, mas também não dá para simplesmente sair atacando, pois esse não é o estilo de Morte. Além disso, ainda temos os já conhecidos puzzles, que se passam nas áreas das masmorras e quebram completamente o ritmo de pancadaria, pois não há muitos inimigos para serem derrotados, e sim um bom tempo de raciocínio na medida certa: nem tão fácil que enjoe, nem tão difícil que frustre.
A maior novidade do segundo game está nos fortes elementos de RPG. Morte sobe de nível, ganha novos poderes, coleta dinheiro e itens que caem dos inimigos, como armas, armaduras, botas e amuletos. Dessa forma, é possível personalizar o personagem como desejar, e as mudanças ficam visíveis na aparência, da mesma forma que acontece, por exemplo, em World of Warcraft. Algumas armas ainda podem ser combinadas para ficarem mais fortes ou receberem um aumento na resistência com a utilização de um determinado item.
Uma outra característica marcante dos role-playing games são as missões secundárias. É possível ir direto para a missão principal sem completá-las, mas boa parte da jogatina será deixada de lado, perdendo a oportunidade de conseguir valiosos itens e muita diversão extra. Além disso, ainda dá para explorar o cenário, que é pelo menos duas vezes maior do que o do primeiro Darksiders, atrás de baús com novos equipamentos exclusivos. Essa exploração do mundo aberto pode ser feita utilizando uma montaria, o seu cavalo Despair, ou mesmo a pé (apesar de o cavalo ser muito bem-vindo em diversos trechos extensos). Outro animal que aparece para ajudar o jogador é o pássaro Dust, que serve de guia e, depois, como forma de viajar para pontos mais distantes do mapa.
Outro elemento interessante são as árvores de habilidades, nas quais pontos vão sendo ganhos para serem distribuídos a cada aumento de nível. Existem dois caminhos que podem ser seguidos: Harbinger e Necromancer. O primeiro é mais voltada para os ataques físicos, enquanto o segundo, para os encantamentos, como a capacidade de invocar certas criaturas, parecidas com mortos-vivos, para ajudá-lo nos combates, lembrando o próprio Necromancer de Diablo II. O jogador pode seguir apenas uma das árvores ou escolher habilidades de ambas. Dessa forma, a experiência da jogatina pode ser renovada a cada nova partida, e cada jogador terá uma experiência um pouco diferente, já que, provavelmente, não distribuirão os pontos da mesma forma.
Prova severa
Para aumentar a longevidade do jogo, a Virgil preparou um modo chamado Crucible, que pode ser desbloqueado durante a jogatina. É uma ideia que lembra o Challenge of the Gods, de God of War. O que se deve fazer é entrar em uma arena de combate, dividida em quatro partes, cada uma com 25 ondas de inimigos. Cada nova onda possui uma dificuldade maior que a anterior. Ao completar cinco ondas, o jogador poderá optar por receber o merecido prêmio ou continuar lutando. Se escolher a recompensa, o modo terminará, mas se preferir lutar mais, um novo item ainda mais raro irá aparecer. Por outro lado, caso seja derrotado, perderá os espólios que já havia conseguido. É uma verdadeira aposta na qual você não precisa confiar na sorte, mas sim nas suas habilidades.
Existe ainda um outro modo, que é desbloqueado ao se terminar o jogo pela primeira vez, chamado Nightmare (lembrando Diablo mais uma vez). Um nome bem apropriado, considerando o nível de dificuldade elevado. Nesse modo, os inimigos são mais fortes e morrer, mesmo que seja no último chefe, leva ao fim do jogo, e será necessário começar desde o início, perdendo os itens e equipamentos adquiridos. Para os que gostam de um bom desafio, essa será uma ótima opção.
O tempo está próximo
Darksiders II traz alguns problemas, que provavelmente serão corrigidos, em sua maioria, através de atualizações, como menus lentos, loadings (tempo de carregamento) ocasionais e até algumas travadas do jogo. Outro problema são alguns ângulos de câmera inúteis durante os momentos de plataformas. Ainda assim, é um jogo bem caprichado e melhorado em relação ao primeiro jogo da série em quase todos os aspectos. Entretanto, muitos dos elementos foram mantidos e, provavelmente, quem não gostou de controlar o Guerra não gostará de fazê-lo com o Morte. Já para os que gostaram, esse jogo está imperdível, pois a Morte nunca foi tão divertida.
Prós
- Jogabilidade fluída, com diversas habilidades para serem desbloqueadas;
- Diversos elementos de RPG que foram bem aproveitados;
- Puzzles divertidos e inteligentes, com a dificuldade na medida certa;
- Visual bonito.
Contras
- Menus lentos;
- Loadings ocasionais;
- Alguns ângulos inúteis durante os momentos de plataforma.
Darksiders II - PlayStation 3 - Nota final: 8.5
Visual: 8.0 | Som: 8.0 | Jogabilidade: 8.5 | Diversão: 8.5
Revisão: Leandro Freire
Darksiders II (PS3) nos foi gentilmente cedido para análise pela Iguana Mall.
Vai ta bem melhor no Wii U!!
ResponderExcluir@Dallas, espero mesmo que o Wii U leve a disputa entre os consoles para um outro nível. Assim as demais serão forçadas a fazer algo ainda melhor também. Quem sai ganhando são os gamers hehe.
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