Em outubro desse ano a franquia Resident Evil vai ganhar seu sexto título da série principal. A Capcom ouviu os pedidos dos fãs e, pela primeira vez, Chris Redfield e Leon S. Kennedy vão estrelar o mesmo título, que promete agradar tanto aos fãs nostálgicos que anseiam pelo retorno da série ao gênero Survival Horror quanto àqueles que gostaram do estilo mais voltado para a ação dos últimos lançamentos da franquia. Quer saber o que esperar de Resident Evil 6? Confira agora um pouco do que a demo disponível da E3 desse ano pôde nos revelar.
Um jogo balanceado
Os esforços da Capcom em retomar o clima sombrio e assustador dos primeiros games da série são visíveis. Resident Evil 6 não é o primeiro em que a desenvolvedora tenta trazer de volta a sensação de medo e os calafrios; o mais recente lançamento da franquia, Resident Evil Revelations (para Nintendo 3DS), de certa forma alcançou esse objetivo. Estrelado por Jill Valentine, o jogo constantemente tinha seu ritmo interrompido: a cada capítulo o jogador era levado a acompanhar outros personagens, os quais tinham um gameplay mais puxado para o lado da ação.
Em RE6 a coisa vai funcionar de maneira semelhante, mas ainda assim diferente: o novo game vai apresentar três histórias diferentes, estreladas por personagens diferentes, com estilos de gameplay diferentes, mas que em determinados pontos vão se interligar, fazendo a história tomar uma forma mais abrangente. E o melhor: cada campanha pode ser jogada separadamente, isto é, vai ser possível jogar todos os capítulos de Chris de uma vez, e depois partir para outra campanha, por exemplo.
A trama principal gira em torno de alguns recentes ataques biológicos que utilizaram como arma o C-Vírus, um novo agente biológico capaz não apenas de “zumbificar” os infectados, como também age de formas distintas em alguns grupos de pessoas. Isto é, além de se tornarem mortos-vivos, alguns indivíduos adquirem habilidades como a criação de novos membros quando os seus são destruídos, por exemplo.
O retorno do medo
A timeline de Leon, protagonista de Resident Evil 2 e 4, começa com o agente do governo se vendo obrigado a matar o presidente dos Estados Unidos com um tiro na cabeça. Mas não por qualquer motivo: o líder dos EUA havia sido infectado pelo C-Vírus. Leon logo descobre que toda a cidade de Tall Oaks, local onde se passa essa parte do jogo, está sob risco biológico e praticamente todos os habitantes se tornaram zumbis.
É aqui que o jogo mostra que a Capcom se preocupou em agradar os fãs mais saudosos. Os cenários são em geral bem escuros e, muitas vezes, bastante estreitos – e até mesmo claustrofóbicos. Os efeitos sonoros do ambiente e a música de fundo contribuem para criar um clima de suspense que há muito não se via em um Resident Evil para consoles de mesa. Os controles respondem bem, e trazem uma novidade bem vinda: Leon agora pode executar golpes físicos a qualquer momento. Isso aí, pra economizar munição, nada melhor do que sair chutando tudo o que vir pela frente.
Ao lado de Leon está a também agente do governo americano Helena Harper. Ao que tudo indica, ela era a responsável pela segurança do presidente durante sua visita a Tall Oaks, onde faria um discurso que traria a público a verdade sobre o incidente em Raccoon City. Aparentemente a moça se sente culpada pela infecção do presidente, mas para sabermos seu real envolvimento em tudo isso, teremos de esperar até o jogo ser lançado.
Luz, câmeras e muita ação
Chris Redfield está de volta, mas dessa vez o rapaz está bem diferente da versão vista em RE5: na cena de apresentação da sua parte do gameplay disponível na demo, somos apresentados a um Chris bêbado arrumando confusão em um bar. Um jovem que aparentemente o conhece puxa conversa, e logo se revela como Piers Nivans, uns dos soldados sob o comando do Capitão Redfield. Isso aí, Capitão, mas não que isso faça diferença – afinal, Chris está sofrendo de amnésia e não se lembra nem mesmo da BSAA. Tudo isso graças a uma missão em que grande parte dos homens sob o comando de Chris veio a falecer.
Traumatizado, Chris é confrontado por Piers, que força lembranças dos soldados que morreram obedecendo as ordens de seu Capitão. Aos poucos, Chris vai recobrando sua memória – e é aí que a ação começa. Os controles são basicamente os vistos na demo de Leon; a principal diferença está na quantidade de inimigos, sua forma de atacar e frequência em que você consegue munição, bem semelhante ao que vimos em Resident Evil 5.
Chris pode correr, subir escadas, se esconder atrás de paredes e se esquivar, e na sequência disponível na demo ele deve combater alguns J’avos (aqueles infectatos pelo C-Vírus que podem adquirir novos membros citados anteriormente) sobre os telhados de uma cidade chinesa. É perceptível que essa parte do jogo é focada nos novos fãs da série, que começaram a jogar a partir de RE4 ou RE5, ou ainda para aqueles que nunca jogaram Resident Evil na vida – ou já jogaram, mas acharam a mudança de ares, rumando para o lado da ação, uma boa sacada.
“Evil” May Cry
Leon e Chris no mesmo jogo, novos personagens coadjuvantes, campanhas diferentes porém interligadas. Apesar de tudo isso ser algo novo e interessante, o maior destaque talvez esteja para o novo protagonista apresentado em RE6: Jake Muller, o famigerado filho de Albert Wesker. Pouco foi dito sobre o rapaz até agora, mas graças aos trailers e informações liberadas até momento, sabemos que ele contém algum tipo de cura correndo em suas veias. E também que ele é tão habilidoso quanto seu pai.
Enquanto Leon tem de se virar com poucas armas e munição bem limitada, Chris tem disponível um arsenal considerável e balas até dizer “chega”. Já Jake, bem, ele não necessariamente precisa de armas para se virar: os velhos protagonistas até têm lá alguns golpes físicos, mas Jake é praticamente um especialista em pancadaria. Seus vários combos e sua movimentação chegam a lembrar não somente o eterno vilão da série, Albert Wesker, mas também um outro personagem de uma franquia diferente (mas que nasceu a partir de ideias descartadas para Resident Evil 4): Dante, de Devil May Cry.
A parte da demo dedicada a Jake e Sherry Birkin (isso aí, aquela loirinha irritante de Resident Evil 2 cresceu e vai fazer par com o “Wesker Jr.”) começava com os dois fugindo do Ustanak, um monstro gigante com “um quê” de Nemesis. Após concluir sua fuga com sucesso, a dupla acaba dentro de um galpão aonde a brincadeira vai realmente começar. Quando o Ustanak começa a atacá-lo, o jogador deve atrai-lo para perto de alguns barris explosivos espalhados pelo cenário e explodi-los quando o monstro se aproximar. Bem clichê, mas funciona.
Alguns probleminhas
Como a versão da demo apresentada durante a feira era de um estágio não tão avançado do desenvolvimento do game, algumas falhas eram bem perceptíveis – o que não quer dizer necessariamente que a versão final do game terá esses mesmos problemas. Era visível o problema de screen tearing (quando a tela parece dividida em duas, com a parte de cima se movendo em velocidade diferente da de baixo), mas parece que isso já foi consertado.
Um dos maiores incômodos, porém, era em relação à câmera: o posicionamento dela em relação ao personagem tornava o ato de mirar e atirar um tanto complicado, visto que por vezes o alvo era tampado pela silhueta do protagonista. Esse problema, porém, já foi confirmado como solucionado pela Capcom na versão atual do jogo.
Outra coisa que incomodava era a forma como o jogo obrigava o jogador a andar pelo cenário em determinadas partes. No gameplay de Leon, por exemplo, em alguns momentos a impossibilidade de correr dava nos nervos. Tudo bem querer criar uma atmosfera de suspense, mas obrigar o jogador a se mover pelos cenários devagar é um tanto chato.
O que esperar
Resident Evil 6 não vai ser o retorno triunfal da série para o gênero de terror de sobrevivência. O jogo até vai ter uma campanha bebendo praticamente apenas dessa fonte, mas pelo menos dois terços do game ainda são voltados para a ação. Porém, só a possibilidade de poder jogar as três campanhas separadamente já dá um ar de esperança. Afinal, de certa forma vai funcionar como se fossem três games em um, com a possibilidade de ainda rolar um crossover.
Algo bastante positivo é ver o retorno dos zumbis, ainda que diferentes da versão vista nos primeiros jogos, além do encontro de Leon e Chris e o retorno de alguns personagens bastante queridos pelos fãs da série.
A demo de Resident Evil 6 vai ser disponibilizada na PSN no dia 4 de setembro, mas somente para aqueles que possuírem uma cópia de Dragon’s Dogma e utilizarem o código disponível dentro da embalagem.
Revisão: Rafael Becker
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