Não, você não encontrará aqui frases como "com socos e chutes você quebra carros com mais facilidade do que usando barras de ferro" e "um ataque de zumbis não é nada caso você tenha uma Glock com 10 balas e uma boa mira". Ao invés disso, vamos na contramão daqueles que afirmam que games podem causar dependência, incitar a violência, prejudicar a educação... O interesse aqui é justamente mostrar um pouco dos benefícios que os games podem trazer para o indivíduo, à tecnologia e à sociedade em geral.
Pesquisas e "pesquisas"
Antes de qualquer coisa, é fato que games podem causar sim dependência, gerar agressividade e influenciar indireta ou diretamente na formação de alguém. O problema é culpar os games. A cada seis meses sai uma pesquisa dizendo que seis em cada 10 assassinos já tiveram alguma experiência com videogames ou uma notícia alegando que um assassino em série jogava "jogo de tiro onde se mata deliberadamente". Cada vez que isso acontece, vem um fulano de tal dizer que games são prejudiciais e que determinado tipo de jogo deveria ser banido. O problema é que se perguntarem para os assassinos se eles já tiveram alguma experiência com livros, filmes ou cachorro quente, a resposta seria a mesma. O quê? Vai me dizer que não posso comer cachorro quente mais?
Mas esse comportamento é até compreensível, nós tendemos a julgar erroneamente aquilo que não conhecemos muito bem e é normal mudarmos de opinião quando nos aprofundamos em determinado assunto, seja ele qual for e já existem pesquisadores que tentam analisar os dados sob uma perspectiva diferente. Como exemplo, podemos citar Bruce Bartholow, da Universidade de Missouri-Columbia, nos EUA. Uma pesquisa feita por sua equipe indica uma ligação entre jogos agressivos e pessoas violentas, mas em vez de culpar os games, os pesquisadores levantaram outra hipótese: pessoas violentas procuram, naturalmente, por esse tipo de jogo.
Treinamento divertido
Cada vez mais os games estão sendo usados como ferramenta para melhorar a performance de profissionais em diversos campos. Pesquisadores da Faculdade de Piedmont, nos EUA, acreditam que jogos como SimCity podem ajudar na percepção de planejamento, por exemplo. Games como GTA, apesar de toda polêmica envolvida, podem contribuir para que o jogador aprenda a lidar com dinheiro, fazer investimentos e distribuir seus gastos. E o que dizer de jogos como Guitar Hero e Rock Band? Podem não nos ensinar a tocar instrumentos - apesar de que agora nós já temos o Rocksmith, mas são uma grande percepção de estrutura musical.
Games para ciência
Seguindo o mesmo raciocínio de games utilizados para treinamento, James Rosser, pesquisador do Centro Médico Beth Israel, em Nova Iorque, estudou a relação entre o uso de games entre cirurgiões e seus desempenhos em laparoscopias. Adivinhem qual foi o resultado. Médicos que jogavam por, pelo menos, três horas semanais, tinham 37% menos erros nas cirurgias simuladas.
Mas a questão dos jogos na ciência não se restringe "somente" ao treinamento. Games podem auxiliar na reabilitação de pacientes com doenças neurológicas. Segundo Claudio Kirner, professor da Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais, os jogos tem o poder de ajudar na atenção, memória e atividades de associação de elementos. Com isso, eles podem ser usados em casos de quem sofre com autismo e daqueles que tem traumas que precisam de reabilitação cognitiva.
Com a vinda dos consoles controlados por movimentos, toda esta contribuição aumentou ainda mais. Em um primeiro momento, tudo o que se viu foram, para variar, os efeitos "ruins". Televisores quebrados, pessoas sentindo dores, médicos alertando sobre os perigos de fazer movimentos bruscos, etc. Posteriormente, alguns profissionais da área biológica perceberam que este tipo de tecnologia permitia que as pessoas se exercitassem enquanto se divertiam. Em 2006, a revista "Pediatrics" resolveu mensurar o gasto de energia entre jogos "normais" e jogos controlados por movimento. Resultado: os últimos proporcionavam um gasto energético até 172% maior.
Em um estudo do Dr. Ben Herz, da Faculdade Médica da Geórgia, nos EUA, é demonstrado que esse tipo de jogo pode auxiliar também no tratamento de pacientes com Mal de Parkinson, por permitirem que eles exercitem a coordenação entre visão e movimentos, percepção visual e movimentos em sequência.
História e educação através dos jogos
Apesar de não saber muito sobre Renascença, sei quem foram Nicolau Maquiavel, Catarina Sforza e sei a influência das famílias Borgia, Medici e o conflito da última com os Pazzi durante este período. Também conheço algumas invenções de Leonardo Da Vinci da época em que ele ainda vivia em Florença e reconheço construções históricas - além de saber o porquê delas existirem - de cidades como Veneza, Forli e San Gimignano em qualquer lugar que as vejo. Pode parecer idiota se você estudar história, mas acho que não está nada mal para quem aprendeu isto jogando videogame - no caso, Assassin's Creed II.
A relação entre jogos e educação é muito recente e não é difícil vislumbrar um belo futuro vindo a partir daí. Segundo Mark Eyles, da Universidade de Portsmouth, games como ACII estão constantemente apresentando novas ideias e conceitos para pessoas que o experimentam. Se essa nova informação ultrapassar os limites da tela e fazer com que os jogadores procurem se aprofundar em determinado tema, é um ganho muito importante.
Will Wright, designer de Sims, acredita que não é somente o conteúdo ou a precisão - no caso de simuladores - que fazem com que games sejam utilizados na educação. Para ele, o simples fato de jogar pode ser um ganho. Poucas pessoas pegam um jogo e lêem o manual de instruções antes de colocá-lo para rodar e jogar por algum tempo. Segundo Wright, quando pegamos o controle e começamos a apertar os botões para ver o que acontece, "não é somente um processo randômico. Isso é a essência do método científico". Ele continua dizendo que o uso de games para desenvolver a habilidade de solucionar problemas deveria ser levado mais a sério porque o mercado adora pessoas com alta capacidade analítica e que sabem lidar com problemas.
Jogos para todos
Claro que todos os pontos positivos aqui apresentados não isentam os games de também ter pontos negativos. Mas para que focar somente neles? Com bom senso, jogos podem, além de entreter, ensinar, treinar e aprimorar habilidades.
E você leitor? Consegue ver alguma vantagem nos jogos além da diversão? Vai utilizar estas informações para justificar a compra de algum jogo para sua mãe/pai, namorada(o) ou esposa/marido? Comente.
Revisão: Rafael Becker
Graças aos video games, sou ótimo em inglês, talvez o melhor da minha escola. =P
ResponderExcluirMas nunca repeti, isso depende de cada um.
Eu também nunca repeti, mas graças aos video games foi que eu aprendi 99.9999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999999% do que eu sei de inglês
ResponderExcluirSério, gostei demais do texto. Sempre que alguém levanta dados importantes e positivos sobre games eu fico contente. Não somente por ser uma paixão minha, mas pq eu sei que eles fazem bem. Esse "pré-julgamento" do ser humano com o desconhecido é uma droga, se levassem em consideração todo esse julgamento errôneo de cada uma das minhas coisas favoritas, qualquer dia a polícia aparece em casa pra me prender... huahuahua. Só os games sendo julgados como ferramentas para "adestrar" assasinos basta.
ResponderExcluirUma coisa que os jogos ajudam bastante, apesar de ser um belo de um clichê, é no aprendizado de novas línguas. Eu sei inglês hj por causa dos games, aposto que vc e muita gente também.
OMG, não posso mais comer cachorro quente... e agora? huahuahua... sério, como é ridículo isso tudo que a sociedade fala sobre o desconhecido, estou me incluindo nisso também, claro. Mas enfim, o jeito é aguentar esse tipo de coisa, de que videogame é coisa de criança, desocupado ou assassino. Um dia vão aprender que não é bem assim, televisão também não era bem vista quando era novidade.
Muito bacana mesmo o texto.
Abraço