Blast from the Past

Blast from the Past: Shadow of Destiny (PS2)

É um belo dia, você está caminhando por uma rua tranquila de um vilarejo. E aí você é assassinado. Em vez de acordar com anjos ao seu redor... (por Unknown em 20/05/2012, via PlayStation Blast)

Capa americana a la filme de ação É um belo dia, você está caminhando por uma rua tranquila de um vilarejo. E aí você é assassinado. Em vez de acordar com anjos ao seu redor, quem te recebe é um ser bizarro que te oferece a chance de voltar no tempo e impedir seu próprio assassinato. Estranho? Claro que sim! Shadow of Destiny é um jogo estranhíssimo, complexo e inteligente em que, no papel do jovem Eike, é preciso desvendar um crime cometido contra si mesmo, viajando no tempo e descobrindo muito mais do que gostaria. Se você nunca tocou nessa preciosidade, corra para adquirir uma cópia. Mas antes, leia este Blast from the Past para ter uma ideia do que te aguarda.

Todos conhecemos muito bem a Konami. É uma das maiores desenvolvedoras do Japão, e em seu currículo estão joias como Metal Gear Solid, Silent Hill e Pro Evolution Soccer. Shadow of Destiny é uma verdadeira fuga da realidade para uma desenvolvedora tão grande.

Lançado em 2001 e dirigido e produzido por uma designer da série Suikoden, o jogo era basicamente um adventure em terceira pessoa, sem nenhum elemento de ação e com uma história que se desenvolvia em tempo real. O que tornava o jogo digno da atenção da Konami?

Eike susto!

Claro que eu ia fazer essa brincadeira. Eike é um rapaz de 22 anos que está na cidade de Lebensbaum, na Alemanha. Ao sair de um adorável café, ele é esfaqueado pelas costas e morre. Num meio-termo estranhíssimo entre o além e a Terra, ele encontra um ser chamado Homúnculo (fãs de Full Metal Alchemist, podem se empolgar: a história envolve alquimia, e tem várias semelhanças com o mangá e o anime).

"Eu sou estranho e ofereço aparelhos que voltam no tempo..." A criatura lhe oferece um aparelho chamado digipad, que dá ao portador a capacidade de mover-se no tempo. Assim, ele visita diferentes "eras" para impedir a própria morte. O conceito é muito diferente, original e inovador. Primeiro, é necessário desvendar seu próprio assassinato. Depois, é necessário encontrar uma forma de impedi-lo. Por exemplo: se alguém empurra Eike de uma torre, cabe a você voltar no tempo e achar uma forma de criar uma maneira para que ele se salve. Como um incentivo especial, quando você inicia uma nova "fase" (ou seja, quando volta no tempo para impedir sua morte), inicia também um timer no topo da tela, mostrando quanto tempo você tem para resolver a questão. Cada viagem temporal consome uma quantidade determinada de tempo desse timer.

Além de solucionar esse mistério, existem diversos outros segredos espalhados pela complexa história de Shadow of Destiny. Quem é de fato o Homúnculo? E Eike? O jogo possui oito finais radicalmente diferentes entre si, e cada um possui uma revelação bombástica específica. O mais legal é o seguinte: em diversos momentos que você está jogando pela segunda ou terceira vez, o jogo "dialoga" com o final anterior, e o jogo entra no campo de realidades e linhas do tempo paralelas. É simplesmente genial.

Homúnculo. Irônico, estranho e um tanto maldoso.

Outro destaque fica por conta dos personagens secundários. Desde a doce Dana, a garçonete do café em que Eike se encontrava antes de sua morte até o simpático Eckart Brum, dono de um museu, passando pela família Wagner na década de 1580... é muito raro um jogo trazer um elenco tão diverso e tão interessante de personagens humanos, mas Shadow of Destiny consegue.

Pular, esfaquear, atirar... só que não

A jogabilidade de Shadow of Destiny não é para qualquer um. Eike não pula, não rola, não briga. O jogo se comporta como um misto de adventure e filme interativo. Ironicamente, em nenhum momento ele se torna chato. O fato de ter um relógio te lembrando sempre quanto tempo você tem até que seja assassinado novamente torna o ritmo bem acelerado e instigante.

Corre, Eike!

Uma coisa que foi feita de forma primorosa em Shadow of Destiny foi espalhar segredinhos pelo jogo. Há coisas que eu mesmo só descobri após terminá-lo e pesquisar na internet. É possível até impedir a morte de personagens, bastando apenas viajar no momento certo para a "era" certa.

Mas, repito, o jogo não é para qualquer um. Essa ausência de ação e o foco na história e nos puzzles pode levar um fã de shooters à loucura. Além disso, a história é complicada e só é completamente revelada completando os oito finais. Mas vale o esforço.

Belo e velho

Já se passaram onze anos, e é claro que hoje em dia Shadow of Destiny parece uma piada. Os modelos de personagens, texturas, efeitos de iluminação e tudo o mais é datado e simplesmente feio para os nossos padrões. Mas acredite, para a época, o jogo era um grande avanço.

Os efeitos das velas eram bonitos... para a época.

A parte meio triste mesmo fica por conta da dublagem, que é simplesmente brega. Os personagens têm vozes por vezes estranhas e caricatas. A trilha sonora é boa, bem encaixada com a ambientação, mas não é memorável.

A verdade é que o destaque de Shadow of Destiny era sua história, e todo o resto (incluindo os gráficos, som e jogabilidade) se dobra para que ela funcione. E ainda é essa história que pode trazer jogadores para um jogo antigo, simplesmente pela diversão de desvendar cada linha temporal e acompanhar os complicados desfechos da história de Eike. Agora sim: corra e jogue, você não vai se arrepender.

Revisão: Leandro Freire


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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