Stage Select

Stage Select: Wake Island (Battlefield)

Um cenário paradisíaco: águas cristalinas, sol a pico, a agradável temperatura do Pacífico, belos corais, mata nativa… e chumbo grosso pra ... (por G. Sarco em 15/04/2012, via PlayStation Blast)

Um cenário paradisíaco: águas cristalinas, sol a pico, a agradável temperatura do Pacífico, belos corais, mata nativa… e chumbo grosso pra todo lado. Wake Island é, provavelmente, o mapa que mais apareceu na franquia Battlefield, usado em nada menos que seis títulos desta. Mas por quê este cenário traz tanto apelo ao jogador de FPS? É o que iremos analisar.

Um pouco de história

Antes de entrarmos no game em si, é relevante conhecermos a história do local. Wake Island é uma ilha real no Pacífico Norte, controlada pelos Estados Unidos, e fez parte da Campanha do Pacífico na Segunda Guerra Mundial, notadamente pela batalha que leva seu nome. Entre 8 e 23 de dezembro de 1941, simultaneamente ao notório ataque a Pearl Harbor, forças do Império do Japão atacaram e conquistaram a ilha onde havia uma base militar americana.

940 soldados pereceram na batalha, e apesar dos japoneses terem vencido, também foi deles o maior número de baixas: 820. A ilha permeneceu sob domínio japonês até 4 de setembro de 1945, quando foi retomada pelas forças americanas com o fim da Campanha no Pacífico.

Durante o domínio japonês, uma história chamou minha atenção: a da pedra 98. Após um bem-sucedido ataque americano à ilha, em 5 de outubro de 1943, o capitão Shigematsu Sakaibara, da Marinha Imperial, decidiu retaliar executando os 98 civis americanos que restavam na ilha, vivendo sob regime de trabalho forçado: tiveram suas vistas vendadas e foram metralhados no norte da ilha.

Um dos prisioneiros conseguiu escapar, e escreveu em uma pedra de coral, próxima à sepultura coletiva onde seus companheiros foram enterrados, a inscrição 98 US PW 5-10-43, traduzida como 98 prisioneiros de guerra americanos, seguido do mês, dia e ano. Este fugitivo foi eventualmente recapturado e decapitado.

A foto acima mostra o local, preservado até hoje. Com a retomada americana, os corpos foram exumados para um enterro apropriado no Cemitério Nacional Memorial do Pacífico, e o capitão japonês foi condenado por este e outros crimes de guerra. Inicialmente foi setenciado à morte, mas a pena foi depois mudada para prisão perpétua.

Agora você sonha em conhecer este belíssimo local? Esqueça. O atol é controlado pela Força Aérea Americana, e infelizmente visitas ao território são restritas. Os Estados Unidos mantém, ainda, uma base de mísseis do Exército na ilha.

Contraste de paz e guerra

Voltando ao universo dos games, a primeira coisa que chama a atenção no cenário é a dicotomia entre sua bela geografia e o porquê de estarmos em tal lugar. Ao pensarmos em guerra, imaginamos ambientes urbanos arruinados, desertos inóspitos ou matas fechadas, não sabendo de onde o inimigo pode atacar. Dificilmente vem à mente praias de águas translúcidas, palmeiras e corais… e é neste cenário improvável que você molha suas botas - de água do mar e sangue.

Meu primeiro contato com a ilha se deu em Battlefield 1943, FPS da Electronic Arts/DICE de 2009, disponível para download na PlayStation Store (não na brasileira). O tutorial do jogo é neste mapa, onde você pode explorar todo o cenário, veículos e armas à disposição sem o perigo de virar peneira.

O arquipélago é dividido em três ilhas: Wilkes, à oeste, Peale, ao norte (ligada à anterior por um recife) e a maior, Wake, que ocupa todo o sul e leste com seu formato de ferradura - ou ave, segundo os japoneses. No modo Conquista, cinco bases devem ser mantidas a salvo do domínio inimigo: North Village, North Base, Airfield, Beach e South Base. Vale notar que a disposição da ilha, no jogo, é diretamente inversa à da geografia real da ilha.

Na versão de Battlefield 3 (EA/DICE, 2011), os três modos de disputa online podem ser explorados na ilha: Conquest (captura de bandeira), Rush (detonar bombas em território inimigo) e Team Deatmatch (batalha campal sem objetivo estratégico). Só muda o tamanho do mapa, que diminui progressivamente seguindo a ordem em que os citei.

A estreia do mapa foi em Battlefield 1942 (EA/DICE 2002, para PC), e foram desenvolvidas diferentes versões para Battlefield 1943, Battlefield Vietnam, Battlefield 2, Battlefield 2142 e, finalmente, Battlefield 3.

Conflito total: terra, mar e ar

Wake Island tem dimensões bem diferentes de acordo com o jogo. A “menor” é a de Battlefield 1943, com bases relativamente próximas e que permitem cobertura a pé mesmo – a travessia das duas pontas da “ferradura”, por exemplo, pode ser feita com certa paciência a nado. Já na versão do conteúdo adicional Back to Karkand, de Battlefield 3, o atol apresenta proporções gigantescas.

Conforme vemos no trailer oficial de Battlefield 1943, abaixo, prevalece a claridade no ambiente - um belíssimo dia de sol para ser mais exato. Esta é a tônica para a maioria das versões: ambiente aberto, dimensões limitadas e um visual confortável para o jogador, que pouco lembra a tensão de um campo de batalha. Nesta versão, as forças japonesas e americanas partem de porta-aviões distintos no litoral, através de transportes marítimos ou aviões individuais. Jipes e tanques são encontrados em cada uma das bases.

O mapa de Battlefield 3 é algo à parte. As tropas russas e americanas podem iniciar o combate em terra e o clima “alegre” das versões anteriores apresenta iluminação e cores bem mais sombrias, vegetação esparsa e, notadamente, dimensões enormes – até para proporcionar uma arena boa para o combate aéreo. A ação é de tirar o fôlego! Confira no trailer oficial de Back to Karkand a diferença:

Este é, disparado, meu mapa favorito da série. Por seu tamanho e por ser um ambiente aberto, o que proporciona extrema liberdade, o jogador tem muito a explorar em todos os sentidos: classes de soldado, transportes, paisagem, estratégias de abordagem aos pontos de disputa.

Se por um lado é fácil ver um tanque vindo de longe, por outro ficam helicópteros atacando tudo o que se move no front. Enquanto snipers podem caçar suas vítimas a centenas de metros de distância, submetralhadoras e escopetas são inevitáveis na luta de proximidade pelos M-COMs (as bombas no modo Rush).

Todos os fronts são acionados: lanchas e veículos anfíbios garantem um acesso rápido à costa. Em terra, tanques, jipes e baterias anti-aéreas confrontam-se e também dão apoio à batalha aérea entre helicópteros de ataque e caças – destacando o F-35, que pode pairar no ar tal como um helicóptero.

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Snipers podem acertar alvos distantes mas, pela dimensão do lugar, precisam da munição providenciada pelos soldados de apoio. Tropas de assalto travam combate palmo a palmo na disputa pelas bases, e engenheiros tentam explodir blindados e ameaças aéreas. É incrível a liberdade de exploração proporcionada por este mapa.

Por fim, a versão de Back to Karkand traz uma série de segredos interessantes: um memorial aos soldados que tombaram nas versões anteriores de Wake Island (homenagem à pedra 98 que citei antes), dinossauros de brinquedo escondidos pelo mapa (uma brincadeira da DICE, referente à sugestão recebida de que “faltam mais dinossauros” para tornar Battlefield mais atraente ao jogador de PC) e uma dica de que Battlefield 2143 está sendo produzido. Fica a torcida: a bela ilha será apresentada em mais uma versão? Assim esperamos!

Revisão: Rafael Becker


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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