10 anos de Kingdom Hearts - Parte 2

Continuando com o especial de 10 anos de Kingdom Hearts, falaremos nesta edição sobre a chegada de suas sequências e spin-offs para os cons... (por Alan Kottwitz em 14/04/2012, via PlayStation Blast)

Kingdom HeartsContinuando com o especial de 10 anos de Kingdom Hearts, falaremos nesta edição sobre a chegada de suas sequências e spin-offs para os consoles portáteis. Como vimos na primeira parte deste especial, Kingdom Hearts despertou a desconfiança antes de seu lançamento, mas agora, estabelecida como uma franquia de sucesso e tendo, inclusive, arrecadado um exército de admiradores, a equipe de produção, a comando de Tetsuya Nomura, tinha uma tarefa difícil pela frente: tentar fazer uma continuação tão boa quanto o primeiro jogo.

Botando as cartas na mesa

Kingdom Hearts: Chain of Memories, lançado em 2004 para o Game Boy Advance, era a continuação direta do primeiro KH. A história continuava exatamente do ponto onde o primeiro jogo havia parado: nesta nova aventura, Sora, Donald e Pateta vão parar em um misterioso lugar chamado Castelo do Esquecimento (Castle Oblivion, no original). Mal sabiam eles que tudo fazia parte dos planos da até então desconhecida Organização XIII. Os objetivos nefastos dessa organização consistiam em transformar Sora em uma marionete a serviço dos Nobodies, os futuros vilões da história. O jogo, na verdade, era um prólogo para Kingdom Hearts II, que seria lançado no próximo ano. Todos os personagens do primeiro jogo, incluindo os inimigos e os cenários dos mundos Disney, foram totalmente convertidos em 2D. O game trazia também um novo sistema de batalha baseado em cartas, onde cada golpe ou magia desferida correspondia a um card ilustrado. Era uma mistura de jogo de estratégia, ação em tempo real e Card Game.Cards de Chain of Memories
Após o lançamento de Kingdom Hearts II, muitos jogadores que deixaram de zerar Chain of Memories reclamaram por causa da brecha na história. Havia um buraco a ser preenchido e os eventos ocorridos em KH: COM não poderiam passar em branco. Por iniciativa da Square, um remake chamado Kingdom Hearts Re: Chain of Memories foi lançado para o PS2 em 2007. O jogo agora estava totalmente redesenhado em 3D, trazendo consigo muitos conteúdos extras, além da dublagem original dos personagens. Entretanto, ele fazia parte da coletânea Final Mix +, ou seja, era uma compilação, era vendido apenas como um disco bônus de KHII e sua venda era limitada ao território oriental. Apenas em 2008 ele chegou às lojas dos EUA, agora como um jogo à parte e exclusivo para o PS2.

Sora vs. Marluxia.

Como as crianças crescem rápido hoje em dia

KH2No Natal de 2005, Kingdom Hearts II, a promissora continuação, se torna o jogo com a maior pré-venda das lojas japonesas de games daquele ano. Novos personagens, novos mundos e uma nova história a ser contada. Um ano após os eventos de Chain of Memories, Sora, ao lado de Donald e Pateta, continuam (ainda) a procura por Riku, seu melhor amigo, e pelo Rei Mickey. Sora está mais velho e também aprendeu alguns truques novos: a adição dos Reaction Commands, uma espécie de Quick Time Events de um só botão (o triângulo) incrementa e deixa mais divertidas as batalhas contra os inimigos. A função Drive, que além de mudar a cor das roupas do protagonista, permite que ele possa empunhar duas Keyblades, tornando os combates mais empolgantes. Além dos Heartless e dos vilões da Disney, Sora e seus amigos precisam lutar contra novos inimigos, os poderosos Nobodies, dentre os quais estão os membros da Organização XIII.

XIIIEm determinados pontos da história, o game permitia o controle de personagens diferentes. No começo do jogo controlamos Roxas, um menino introvertido que se torna alvo da Organização XIII devido a sua capacidade de manusear duas Keyblades. Em algumas Boss Battles, havia a possibilidade de controlar uma versão sombria e misteriosa do Rei Mickey, que dava suporte em momentos críticos da batalha. Como explicado anteriormente neste especial, Mickey não pode matar os inimigos. Ele desce a Keyblade na fuça dos chefões, tira HP, mas não os mata. Sua participação nos combates, basicamente, serve para ressuscitar o personagem principal quando o mesmo morria. E até mesmo era possível controlar uma versão leonina de Sora, com comandos e movimentos exclusivos.

A guerra dos 1000 HeartlessO jogo conseguiu cumprir o que prometia: revitalizou a série, mas sem perder o padrão de qualidade. Os gráficos estavam melhorados, os controles estavam mais intuitivos e a câmera estava posicionada de maneira melhor. Novos mundos foram introduzidos, enquanto que alguns, já visitados no game anterior, foram repaginados e expandidos, agora com novas áreas a serem exploradas. É claro que, como geralmente acontece após o lançamento da sequência de um game de sucesso, houve quem afirmasse que o segundo episódio da franquia não chegava nem aos pés do primeiro. Isso em virtude do desvio que a trama teve, fazendo-a se distanciar do lado Disney e entrar mais na atmosfera de RPG nipônico. De fato, Kingdom Hearts II estava mais maduro, mais dramático, voltado mais para o público adolescente. Mas nem por isso Kingdom Hearts II deixa de ser um ótimo jogo e uma experiência divertida, mesmo para aqueles que nunca jogaram seu antecessor.

Levando a aventura dentro do bolso

Além dos três jogos lançados para o console de mesa da Sony — isto é, contando com Re: Chain of Memories — a saga Kingdom Hearts teve mais três jogos lançados para consoles portáteis, fora a já mencionada edição para o GBA. O Nintendo DS recebeu dois jogos: 358/2 Days, que foca no personagem Roxas, durante o período em que ele esteve incluído na folha de pagamento da Organização XIII e Re:Coded, que, na verdade, é um remake (outro?!) de um jogo originalmente lançado para celulares exclusivamente no Japão, cuja história reprisava alguns eventos do primeiro game (de novo?!!!), mas incorporando alguns elementos distintos. Já o PSP recebeu Birth By Sleep, que narra alguns acontecimentos ocorridos anteriormente à cronologia original. E neste ano será lançado Dream Drop Distance, para o Nintendo 3DS, que será uma continuação paralela de Kingdom Hearts II, tal como Chain of Memories foi para o primeiro Kingdom Hearts.Eu contei e dá 14
Roxas olhando o por-do-solA ideia apresentada por essas aventuras indiretas é a mesma oferecida pela série de filmes Harry Potter. Mesmo que alguém nunca tenha assistido aos primeiros longas-metragens, com o Harry ainda criança, pode, apesar disso, começar a gostar da franquia se for assistir apenas ao sexto ou sétimo filme, por exemplo. O problema é que não vai entender patavina nenhuma da história. Isso se aplica também nas edições para os portáteis de Kingdom Hearts. Ninguém é obrigado a jogar todos os jogos para gostar da série (só vai ficar perdido no enredo). Mas é essa singularidade que torna cada um desses jogos especiais. Por mais que a pessoa só possua um PSP e não tenha condições de adquirir um novo console (e não quer recorrer para emuladores), pode tranquilamente jogar a versão compatível ao seu portátil. Seria hipocrisia tentar classificar entre melhor ou pior, pois todos possuem seu charme particular e todos oferecerem uma gama de entretenimento distinta.

* Atenção: o texto a seguir contém críticas destinadas a Square Enix e a Disney. Se você for um funcionário ou admirador do trabalho de uma dessas duas empresas, sugiro pular para o final da matéria.

As piadinhas sem graça da Square

Prepare-se, Square. Você é a próxima...Para quem é fã de alguma série de videogame e sente uma dor no peito (ou, nesse caso, no bolso) quando a continuação de seu título favorito é lançada e a bufunfa do mês anda meio apertada, deve compreender uma pequena fração do sofrimento pelo qual passam os fãs de Kingdom Hearts. A Square, nos últimos anos, andou brincando de roleta com os consoles portáteis. Numa pesquisa rápida em fóruns sobre games, quando o assunto é Kingdom Hearts, sempre vai ter alguém que vai escrever: “ainda não joguei, não tenho um [...], mas deve ser bom!”. Devido a maléficos contratos de exclusividade, toda vez que um novo Kingdom Hearts é anunciado, os jogadores ficam inquietos, na expectativa para saber em quais consoles sairá. Nesses casos, a ansiedade se transforma em frustração. Ao final, os aficionados são forçados a optarem por duas alternativas: economizar bastante e segurar a ansiedade, até que possa comprar outro videogame, ou então baixa-lo e jogá-lo via emulador (que, na verdade, é um nome bonito para pirataria). Não bastando ter que comprar as mídias, que já são caríssimas, ainda ter que comprar um videogame novo a cada lançamento? Intolerável. Ainda mais no Brasil onde os preços dos jogos (originais, é claro) são altíssimos.

As frescuras da Disney

Para quem jogou o primeiro Kingdom Hearts, deve se lembrar de que havia um mundo do Tarzan. Por que ele não apareceu em Re: Chain of Memories? É simples: a Disney não tinha os direitos autorais. Ela não é detentora do direito de uso da imagem de alguns de seus personagens. Para fazer um game, um filme ou um desenho animado, a Disney precisa pedir autorização das pessoas que detém os direitos autorais, ou seja, os autores originais ou seus familiares. Isso significa botar a mão no bolso. Lembram-se do Professor Pardal? Ele deveria aparecer desde o primeiro KH, como um vendedor/inventor de itens, mas não apareceu porque os direitos de exibição, até então, estavam restritos à família de Carl Barks, o autor original, falecido em 2000. Em seu lugar foram colocados os sobrinhos do Donald.
O Mundo que faltouA Disney, se tratando de seus personagens, é como uma criança que não quer emprestar os brinquedos. Ela é quem decide quais filmes e quais personagens aparecerão no jogo, de acordo com sua vontade. Isso deixa a equipe de produção da Square, incluindo os roteiristas e o diretor, de mãos atadas. Existe uma animação chamada Mogli, O Menino Lobo (uma espécie de Tarzan indiano). Nomura tinha a intenção de inserir um mundo baseado nesse filme desde o primeiro jogo, até esquematizou alguns dos personagens, dentre eles o tigre Shere Khan. Por que então ele não colocou? A Disney não deixou. Mandou colocar o Tarzan, com o pretexto de passar para o público a imagem de um personagem mais “familiarizado” (americanizado, na verdade).

Isso é da Disney. Sinistro...Muitos questionam o porquê da inclusão do mundo Hallowen Town. “Eu nunca vi esse filme!” ou “isso aí nem é da Disney!”, protestam. The Nightmare Before Christmas, ou O Estranho Mundo de Jack, no Brasil, é um filme em stop-motion de 1993, dirigido por Tim Burton, e sim, ele é da Disney. É considerada a animação mais sombria e sinistra feita pelos estúdios do Mickey Mouse. Ele aparece em Kingdom Hearts, porque o próprio Tetsuya Nomura, que afirmou publicamente ser admirador do trabalho de Tim Burton (ele se inspirou nos desenhos de Burton para criar os Heartless e Unverses), pediu pessoalmente a autorização do diretor americano para usar a temática do filme em seu projeto. Burton liberou, a Disney chiou, Nomura bateu o pé e hoje temos um dos mundos mais interessantes e esquisitos do jogo.

* Fim das criticas, podem voltar a ler.

O que esperar do futuro

Outro fã de Kingdom Hearts, esperando pelo próximo lançamentoAinda se sabe pouco quanto ao lançamento do tão aguardado Kingdom Hearts III. A equipe de produção de Kingdom Hearts está atualmente trabalhando em Final Fantasy Versus XIII, para o PS3. Nomura afirmou que depois que terminar Versus XIII, vai se concentrar inteiramente no terceiro capítulo da aventura de Sora. Em média, um jogo da geração atual leva de dois a três anos para ser produzido, isso se não houver atrasos. Fazendo as contas, possivelmente só veremos notícias concretas de um KHIII em 2014 ou 2015.

Além disso, Nomura já afirmou que, de acordo com seus planos, o terceiro Kingdom Hearts, seguindo a história principal, será o epílogo do vilão Xehanort e também a última aventura de Sora. Contudo, ele não descartou a possibilidade de um quarto ou quinto capítulo, possivelmente com novos protagonistas, mas por enquanto essas informações não passam de rumores. O jogo Kingdom Hearts: Dream Drop Distance, a ser lançado ainda este ano, está sendo visto por muitos como o prólogo para o Kingdom Hearts III, devido ao seu prometido “final espantoso”.

Oathkeeper_&_Oblivion_KHIITanto a Sony quanto a Square Enix ainda não se posicionaram oficialmente a respeito sobre o lançamento de alguma HD Collection, contendo os jogos antigos da franquia, tal como aconteceu recentemente com Metal Gear Solid. Ambas, quando questionadas, apenas afirmam que “os fãs não vão se decepcionar”. Será? Por enquanto, resta aos jogadores e fãs apenas esperar pacientemente por novas informações. E enquanto esperam, por que não tirar a poeira do PlayStation 2 e jogar novamente esta, que é uma das séries mais queridas dos videogames?

Revisão: Leandro Fernandes

é formado em Administração de Empresas e seu primeiro videogame foi um Dynavision Radical com 64 games. Adora escrever, é fã de carteirinha de Neil Gaiman e se amarra em coisas Nerds. Para trocar uma ideia com ele, basta procurá-lo no Facebook.
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