Discussão

Discussão: Vale a pena comprar jogos no lançamento?

É quase inevitável não sermos pegos, em algum momento, pela avalanche marqueteira dos lançamentos de jogos. Se o hype gerado é suficiente ... (por Washington Magalhães em 22/04/2012, via PlayStation Blast)

É quase inevitável não sermos pegos, em algum momento, pela avalanche marqueteira dos lançamentos de jogos. Se o hype gerado é suficiente para nos convencer a comprar aquele jogo que nos fazia torcer o nariz, imagine o que faz com aquela franquia que adoramos. Além disso, existe a "publicidade espontânea" - pessoas que fazem (e postam) fotos exibindo as caixas dos seus jogos como troféus no primeiro dia de venda, análises amadoras, detonados e videos no YouTube... Mas será que vale mesmo a pena esta corrida desenfreada para adquirir um jogo?

Tão perto e tão longe...


Não é necessário voltarmos muito no tempo. Há quatro dias foi anunciado o God of War: Ascension e, mesmo sem ter feito nenhuma pesquisa, me sinto confortável para afirmar que 70% de nossos leitores já estão querendo colocar as mãos no título. Desses, uma boa porcentagem deve adquirir o jogo nos primeiros 10 meses após o lançamento. Logo depois disso, vão receber duas notícias bem óbvias: 1ª - o jogo vendeu milhões de cópias e 2ª - por causa da primeira notícia, será lançada uma versão Greatest Hits - na Europa, Platinum e, no Japão, The Best. A segunda notícia ainda pode ser substituída pelo lançamento de uma versão G.o.t.Y. - Game of the Year, com conteúdo extra e DLCs já inclusos. Assim, os fãs mais assíduos, que compraram suas cópias nos primeiros dias de venda ou mesmo após alguns meses, poderiam ter comprado o mesmo jogo por um preço mais acessível e, em alguns casos, com dezenas de dólares em "conteúdo baixável".

Há anos este tipo de prática tem sido adotada pela Sony. Logo, não é algo que nos pegue de surpresa. Para ser mais exato, o selo Greatest Hits foi criado em 1997 e, para fazer parte do seleto time dos melhores, um jogo teria que vender 150 mil cópias. Hoje, um título precisa alcançar a marca de 500 mil cópias vendidas para ser "aceito" e, ainda assim, existem 84 jogos da Sony que alcançaram este número apenas no PS3. Embora o aumento deste número seja um sinal de crescimento para a indústria de games, quando trazemos isto para nossa realidade, com jogos vendidos a R$199 no lançamento, esta diferença fica ainda mais gritante.

Para onde vamos?


Quando um governo coloca em prática o rodízio de automóveis, está sendo tomada uma medida paliativa que em nada melhora o problema, pelo contrário... É quase como se o governo estivesse punindo as pessoas que conseguiram trabalhar e comprar seu carro. Isso tudo para tentar resolver, temporariamente, um problema de infraestrutura. No caso dos games não é tão grave, mas também é como se houvesse uma "punição" para aqueles que apoiaram o título e a desenvolvedora desde o lançamento.

Cada dia parece mais claro que a pirataria é um problema muito mais de serviço do que de qualquer outra coisa. Se o produto final vale a pena, as pessoas vão pagar por ele. As versões diferenciadas vão continuar aumentando suas vendas porque, de fato, são um bom produto. Mas, e as versões simples da época do lançamento? E as pessoas que ainda pagam mais no lançamento para ter uma versão especial e depois se veem obrigadas a desembolsar uma grana extra para comprarem aquele capítulo extra que completa a trama? Existem pessoas que adquirem versões piratas para "saciar a vontade" e, só depois, se o jogo valer mesmo a pena, compram a versão original e mais "completa".


Claro que as empresas estão pensando no lucro e quanto mais versões elas puderem lançar para atrair mais consumidores - e, ocasionalmente, fazer aquele mesmo gamer comprar mais uma versão por causa de um conteúdo extra - elas o farão. Mas quais são as consequências a longo prazo desta postura? Será que já não temos consumidores que optam por não comprar um jogo no lançamento porque sabem que serão recompensados por isso mais tarde? Talvez seria muito mais fácil para ambos se as empresas simplesmente disponibilizassem o conteúdo das versões lançadas posteriormente gratuitamente para os jogos instalados até o mês "x" após o lançamento e um download extra pela queda do preço das versões Greatest Hits. Assim, o fã que gosta de comprar o jogo no lançamento saberia que teria a versão mais recente ao fazer a atualização via download e aquele que não é tão fã poderia comprar o título depois, por um preço menor, mais conteúdo e, quem sabe, não se transformar em uma daquelas pessoas que fazem fotos exibindo seus jogos como troféus no dia do lançamento. E você, concorda? Discorda?  Comente.

Revisão: Catarine Pereira 

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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