Análise: Dead Space 2 (PS3)

Com Resident Evil se transformando cada vez mais em uma série de ação, Dead Space surgiu como uma esperança para os fãs de jogos de horror. Com seus corredores claustrofóbicos e criaturas bizarras que surgem de qualquer lugar, ele se mostrou como um retorno aos bons tempos dos games de horror. Devido ao sucesso do game, uma continuação era inevitável e, assim, logo foi lançado Dead Space 2, que além de aumentar a mitologia da série, melhorou algumas das mecânicas do primeiro jogo, trazendo também um novo e assustador cenário.

O Horror está de volta

Dead Space 2 começa três anos depois dos eventos do primeiro jogo, com o protagonista Isaac Clarke internado em um hospício e sem se lembrar do que aconteceu na nave USG Ishimura. Após um interrogatório, um homem aparece dizendo que precisa libertar Clarke, mas antes de conseguir fazer isso, ele acaba sendo infectado por um organismo alienígena que o transforma em um Necromorph. Neste ponto, o jogador assume o controle de Isaac já tendo que escapar de uma infestação necromorph, enquanto está amarrado em uma camisa de força. Não demora muito para que Isaac receba a ajuda de outro interno, que logo depois acaba cortando a própria garganta.

Já neste ponto, temos a primeira grande mudança deste jogo em relação ao primeiro: o protagonista agora fala. Embora muitos defendam que um protagonista mudo faz o jogador se sentir na pele do personagem, eu gosto mais deles quando possuem algo a dizer. Fora que saber o que se passa pela cabeça de Clarke é importante para a história, já que ela apela muito para o psicológico do personagem.

No lugar da nave Ishimura, dessa vez temos toda uma estação espacial a se explorada, chamada The Sprawl. Aqui, os corredores apertados do primeiro jogo dão espaço a cenários que assustam por mostrar que pessoas comuns moravam ali e foram massacradas. Há quartos de criança repletos de sangue nas paredes, cadáveres espalhados pelo chão e gritos que parecem vir de qualquer lugar e lugar nenhum. Além disso, o jogo conta com várias cenas impactantes envolvendo os poucos sobreviventes do local. Em uma delas, vemos uma mulher chamando um bebê que vai engatinhando em direção a ela e que, ao chegar bem perto, simplesmente explode, manchando toda a janela com o sangue de ambos.


Apesar de ter bastante ação, uma das coisas que mais impressiona nesse jogo é que ele é realmente perturbador psicologicamente, com vários corredores onde não aparece monstro algum, mas com vários sons que não deixam o jogador ter um momento de paz. Se você prestar bastante atenção, é sempre possível escutar pedaços de metal caindo, sussurros e pessoas chorando. Isso sem contar que Isaac Clarke parece estar ficando louco, então em diversos momentos ele vê coisas que não estão ali de verdade, ou luzes e monitores se acendem e fazem um barulho ensurdecedor, aumentando o nível de tensão.

O teatro de uma escola da estação é um dos cenários mais assustadores da série por todo o clima de calmaria, que parece indicar que algo muito ruim pode estar por vir. Já em outra ocasião, será quase impossível se manter calmo quando, em determinado momento, nós somos obrigados a revisitar a USG Ishimura, que está passando por reformas após os eventos do primeiro jogo.

Novos truques

Graficamente, Dead Space 2 não mudou muito em comparação com o anterior, mas os controles apresentam várias novidades. Pra começar, o ataque corporal do protagonista agora realmente serve para alguma coisa. Em alguns momentos eu tinha pouca munição e consegui enfrentar alguns monstros apenas na porrada. Outra inovação se percebe nos ambientes em gravidade zero, nos quais o jogador agora pode flutuar e ir para onde quiser, não precisando mais escolher um ponto onde se fixar. Um dos momentos mais interessantes em gravidade zero se dá quando Isaac precisa consertar alguns geradores de energia no espaço e você pode navegar do jeito que quiser pelo cenário.

Além dos Necromorphs clássicos, com vários braços ou pernas para serem desmembrados, Dead Space 2 apresenta algumas novas criaturas bem irritantes. A primeira é uma espécie de velociraptor dos necromorphs, que se movimenta a uma velocidade bem acima da dos outros monstros e que ataca em bando, sendo essencial o uso do stasis no combate contra criaturas desse tipo. A outra novidade no bestiário é uma espécie de bebê que pula e corre igual a um maluco e que gosta de atacar em grupos bem grandes, sempre demonstrando muita agilidade para se desviar dos tiros. A melhor coisa a se fazer é usar o stasis e descer a porrada nestes infelizes.


Infelizmente, as batalhas contra os chefes, que eu achava bem tão divertidas no primeiro game, foram praticamente abolidas nesta continuação. Às vezes surgem alguns monstros mais fortes que os normais, mas nada fora do comum. No lugar dos chefes, os produtores preferiram colocar hordas e mais hordas de inimigos contra o jogador. Até mesmo a batalha final segue este estilo, sendo um pouco chata em alguns momentos.

E que venha Dead Space 3…

Com uma jogabilidade excelente, cenários bem acabados e extremamente perturbadores, além de efeitos sonoros de arrepiar, Dead Space 2 é um dos melhores jogos de horror disponíveis no mercado e faz com que a série conquiste de vez o coração dos fãs deste gênero de jogos.

Prós

• Novas manobras em gravidade zero
• Uma estação espacial gigante para ser explorada
• Novas armaduras

Contras

• A falta de chefes interessantes
• Menos sustos que o primeiro game

Dead Space 2 – PlayStation 3 – Nota Final: 10
Gráficos: 10 | Som: 10 | Jogabilidade: 10 | Diversão: 10

Revisão: Samuel Coelho