Na semana passada, contei como meu protagonista, Daniel Shepard, corre até o centro do governo galáctico para procurar ajuda e consegue apenas o princípio de uma chantagem. Para estabelecer uma ofensiva contra os Reapers, que estão destruindo a Terra (e começando a atacar outros planetas da Galáxia), ele precisa unir raças com profundas desavenças e mágoas seculares, além de enfrentar seus próprios problemas.
Atenção: esta matéria contém spoilers de Mass Effect, Mass Effect 2 e Mass Effect 3. Leia por sua conta e risco, e preste atenção aos alertas de spoiler espalhados pelo texto.
Fantasmas
Ao retornar à Normandy, em vez de iniciar imediatamente minha tour pela nave, me deparo com uma cena inusitada: Shepard está numa floresta descolorida, e vê o garoto que morreu enquanto ele partia da Terra. Isso é um pesadelo, algo que fica claro logo de cara, e fortalece a ligação emocional entre o personagem e o jogador. Mesmo que a cena da morte desse garoto não tenha te tocado, vê-lo queimar bem na sua frente é... indescritível. Toda essa sequência de pesadelo me surpreendeu positivamente.
Finalmente tenho acesso ao resto da nave, amplamente modificada, e preciso dizer: eu preferia ela como era no jogo anterior. Pode parecer estranho, mas ver passagens fechadas, salas vazias e ambientes totalmente reformulados me deixaram com uma sensação de que tinham tirado algo de mim. Dito isso, não demorei a me acostumar com a nova Normandy, e os novos membros de sua tripulação, a Especialista Traynor, que cuida das comunicações e o Tenente Cortez, que pilota o shuttle (a pequena nave) que leva Shepard até suas missões em terra. Ambos são declaradamente homossexuais e o jogo faz um bom trabalho em não tornar isso uma bandeira ou algo extremamente marcante. Eles simplesmente são, e falam sobre isso com naturalidade.
É na Normandy que eu posso acompanhar meu progresso na questão da guerra através da Sala de Guerra, que contém um console central mostrando, em números, meu nível de preparação.
Sidequests à vista
Logo de início, a especialista Traynor me avisa que existe um laboratório da Cerberus num planeta distante que eu preciso invadir para obter tecnologia Reaper. É a primeira de 6 missões N7, que são basicamente missões combativas que usam os mapas do multiplayer. A missão transcorre normalmente, e no decorrer dela eu consigo um item, e o Journal (que marca as missões e o progresso delas) mostra que eu preciso achar alguém na Citadel que queira usar isso.
Aí surge a minha primeira insatisfação em relação ao jogo. A primeira sidequest que eu consegui andando pela Citadel era de um alienígena que precisava de um obelisco perdido no espaço. Para minha surpresa, ao abrir ao mapa da Galáxia, eu não tenho acesso ao sistema onde está localizado esse obelisco ainda. O Journal não indica isso, e nem mostra o meu progresso em algumas missões, o que é um retrocesso. Mass Effect 2 fazia um excelente trabalho acompanhando o meu progresso e me indicando onde ir. Agora me vejo meio perdido.
A batalha em si mostra uma relação próxima com o esquema do multiplayer, com ondas de inimigos e objetivos a se alcançar. É bem empolgante, e a Bioware manteve a promessa de fazer o jogo mais difícil dos três.
Um planeta em chamas
Finalmente parto para a lua de Palaven (o planeta dos Turians), chamada Menae. O planeta-natal deles está sendo devastado pelos Reapers, assim como a Terra, e do espaço é possível ver um clarão amarelo-alaranjado, uma grande área em chamas.
Essa missão apresenta novos inimigos: versões transformadas de Turians e de Krogans (uma outra raça alienígena), os Marauders e os Brutes, respectivamente. Os Marauders têm como diferencial os escudos que utilizam para se defender, e os Brutes são enormes e causam um enorme dano se conseguem chegar até você. Esses novos elementos que são introduzidos aos poucos nas batalhas são bem interessantes, forçando sempre uma nova abordagem de cada situação.
*Contém spoilers!*
De qualquer maneira, a missão tem um ritmo interessante e eu reencontro outro ex-companheiro de batalhas, Garrus. Como "especialista em Reapers" dos Turians, ele está responsável pela frente de batalha em Menae, e acaba juntando-se ao meu time. Cheia de reviravoltas, ao final da missão eu resgato o NOVO Primarch dos Turians, já que o anterior morreu ao tentar deixar o planeta. Esse novo Primarch chama-se Victus e é um personagem cativante e interessante, que me acompanha até a Normandy para dar prosseguimento às negociações entre os Turians e os Krogans.
Para minha surpresa, ao retornar à Normandy, me informam que a nave está tendo diversos problemas técnicos, e que isso parece estar partindo da sala central da inteligência artificial EDI. O maior susto mesmo é descobrir que ela tomou o corpo de um robô assassino da Cerberus e agora se tornou uma squadmate! Uma das minhas personagens preferidas, e agora reforçando a ideia de que a vida sintética pode e deve evoluir… é muito amor.
*Fim dos spoilers*
Reencontros #1
Agora o jogo fica mais aberto. Posso finalmente ir buscar o obelisco que me foi pedido na Citadel, ir reencontrar alguns amigos por lá, procurar por outros elementos perdidos pela galáxia, fazer uma sidequest que me é oferecida pela Especialista Traynor ou seguir com a história.
*Contém spoilers!*
Como eu bem aprendi com Mass Effect 2, fazer sidequests antes de prosseguir com a história é o ideal, então eu parto para a Academia Grissom para resgatar alunos cheios de potencial das garras da Cerberus, e de quebra reencontro Jack, uma das personagens mais legais do jogo anterior, agora com uma visão mais positiva de sua vida e do mundo ao redor, sendo um alívio muito bem-vindo ao teor sombrio e pessimista do restante do jogo. Nessa missão também tenho a resolução de uma decisão que tomei no DLC Overlord, de Mass Effect 2, e piloto pela primeira vez um Atlas mech, algo totalmente inédito na série e até que bem interessante.
Os outros reencontros são com a gostosona de Mass Effect 2, Miranda, que fica se queixando da sua vida após deixar a Cerberus e a perseguição de seu pai, um milionário inescrupuloso; e Thane, inegavelmente uma das estrelas do jogo anterior, membro de uma raça alienígena com memória fotográfica e que está com uma doença terminal, sob cuidados médicos no Hospital Huerta. Ambos os encontros deixam um toque de "isso ainda não terminou". Para completar, também recebo novas side missions e tenho meu primeiro bug sério no jogo.
*Fim dos spoilers*
Ao aceitar uma missão específica, que possui ligação com Kasumi Goto, uma outra personagem de Mass Effect 2, eu preciso examinar uma série de terminais de informações pela Citadel, que são indicados no mapa. O problema é que o jogo não deixa claro onde ficam esses terminais e o Journal também não indica. Como a cereja no bolo, ao sair e retornar para a Citadel, pensando que isso resolveria o problema, descubro que toda vez que eu tentar acessar uma área específica o jogo vai travar, me forçando a desligar o PS3 e ligar novamente. Isso me impediu completamente de completar essa missão e criou um empecilho durante o resto do jogo, já que os travamentos ocorrem sempre que tento acessar aquela área através do elevador.
Negociações
Com uma raiva residual por ter perdido uma sidequest de forma tão abrupta, vou para o encontro com os representantes dos Salarians, Turians e Krogans para tentar obter ajuda. A Dalatrass dos Salarians é bastante rígida, enquanto o líder dos Krogan é um amigo de longa data, chamado Wrex, que eu fiz questão de salvar quando tomei as decisões do primeiro Mass Effect na HQ interativa. Os Krogan foram praticamente esterilizados pelos Salarians há séculos, através de um vírus chamado genophage. A condição para que Wrex ajude os Turians é que o genophage seja curado. Isso poderia ser uma missão impossível, mas ele possui a informação de que algumas fêmeas imunes ao vírus sobreviveram a experiências (eventos contados em Mass Effect 2, e também ligados a uma decisão que tomei) e poderão ser usadas para a cura.
Sabendo disso, finalmente chego ao que era a segunda parte da demo de Mass Effect 3, a missão em Sur'Kesh, o planeta-natal dos Salarians, para resgatar essas fêmeas. O início da missão fornece uma visão mais ampla da situação entre os Krogan e os Salarian, que estão à beira da guerra devido aos rancores passados. Reencontro Mordin, um Salarian que me acompanhara na missão suicida em Mass Effect 2 e está trabalhando nas pesquisas com as fêmeas Krogan, e ele demonstra grande vontade de curar o vírus que ajudou a modificar anos atrás. Essa é uma história de redenção para ele, e aqui está um dos pontos mais fortes de Mass Effect 3.
As grandes resoluções ("quem são os Reapers? De onde vieram? O que vai acontecer? Como matá-los?", por exemplo) não são muito satisfatórias. O que realmente tem força são as pequenas resoluções, os dramas de cada personagem, os sacrifícios e a luta que cada um tem de enfrentar para salvar a si mesmo e suas raças.
Após o resgate, todos reembarcam na Normandy, incluindo a única fêmea sobrevivente, apelidada por Mordin de "Eve", e o cientista começa a trabalhar na cura dos Krogan, que é o próximo passo de Shepard... e que você acompanha na próxima semana.
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