Blast Test

Blast Test: Mass Effect 3 (PS3)

Toda semana a Sony atualiza a PlayStation Store com conteúdo. Além dos numerosos DLCs , jogos exclusivos para download e jogos completo... (por Unknown em 19/02/2012, via PlayStation Blast)

shepard01 Toda semana a Sony atualiza a PlayStation Store com conteúdo. Além dos numerosos DLCs, jogos exclusivos para download e jogos completos, nos últimos tempos têm sido disponibilizadas demos de diversos jogos. Nos PCs, as demos de jogos eram mais comuns, e bastante difundidas na década de 90. Agora, com as redes onlines bastante eficientes, as produtoras podem atiçar o público e ao mesmo tempo testar o impacto, a exemplo dos betas em multiplayers. Claro que o PlayStation Blast não iria perder a chance de trazer informações sobre essas demos, e a partir dessa semana, teremos a coluna Blast Test, com esse intuito.

 

E, para começar bem, é claro que vou falar sobre a demo de Mass Effect 3, indiscutivelmente o jogo mais aguardado de 2012. A seção single-player foi liberada no dia 14 e a multiplayer, no dia 16. Confira a (ótima) impressão deixada!

Atenção: esse texto contém spoilers da série Mass Effect e de Mass Effect 3, leia com cuidado caso não tenha jogado ainda. E jogue.

O primeiro Mass Effect foi lançado em 2007 apenas para Xbox 360 e chegou aos PCs em 2008. Aclamado pela crítica, embora tivesse uma jogabilidade meio travada e certos problemas no level design, o jogo nunca foi e nunca será lançado para PS3 pois foi publicado pela Microsoft. Sua principal marca era possibilitar ao jogador que montasse seu personagem, escolhendo inclusive o sexo, e tomasse decisões que moldavam a história, já com a promessa de que essas decisões seriam importadas num segundo título.

Com o sucesso, Mass Effect 2 foi lançado, agora publicado pela Electronic Arts, e graças às melhorias na jogabilidade e diversas inovações, alcançou um público ainda maior e ganhou diversos prêmios, sendo considerado por muitos (inclusive eu) um dos melhores jogos dessa geração. As decisões foram, de fato, importadas, junto com o personagem criado no jogo anterior. Conhece outro jogo (tirando Dragon Age, que também é da Bioware) que faça isso? Nem eu.

Mass Effect 3, a última parte da trilogia de todos os nossos Comandantes Shepard, será lançado no dia 6 de março no mundo, e, aparentemente, no dia 5 de abril aqui no Brasil, e sua demo está disponível na PSN desde o dia 14 (com acesso ao novo modo multiplayer liberado desde o dia 16).

Introdução de um final épico

Antes de começar a jogar de fato, é possível escolher se seu personagem é homem ou mulher, o estilo de jogo que você quer (Ação, Roleplay ou História - mais sobre eles adiante) e, enfim, montar seu personagem. É possível utilizar os personagens padrão, mas parte da graça está em moldar a coisa toda do jeito que você quiser. Uma adição interessante é que existe uma opção de definir o perfil das perdas de combate do seu personagem, simulando decisões que teriam sido tomadas nos jogos anteriores. Mesmo sendo uma demo, é possível moldar a experiência a seu modo.

A primeira parte da demo no single player parte exatamente de onde a história do DLC Arrival parou no título anterior: Shepard é enviado à Terra para ser julgado pelo crime de explodir um sistema solar, matando 2000 batarians (uma raça alienígena bastante hostil) no processo. Sem seu título (pois afinal, no início do jogo, ele ou ela não é mais Comandante da nave Normandy) e sob tutela da Aliança Espacial, uma das primeiras cenas é justamente de Shepard olhando pela janela de um complexo militar enquanto um garoto brinca com uma nave num quintal ali próximo. Enquanto isso, no espaço, os Reapers estão chegando para aniquilar a raça humana, e o Almirante Hackett, já ciente, começa a preparar as defesas do planeta Terra.

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Essa é a primeira vez que o nosso planeta é mostrado de fato na série. É também a primeira vez que uma criança aparece, seja em CG ou durante a gameplay. Isso já mostra uma intenção do jogo em te emocionar, e vou explicar o motivo mais adiante. Para situar melhor quem não jogou os títulos anteriores, ou pelo menos Mass Effect 2, os Reapers são uma raça alienígena de máquinas sentientes (ou seja: podem ter consciência, percepção e sentimentos) que têm como objetivo extinguir a vida orgânica no universo, processo que eles repetem de tempos em tempos. Suas motivações para tal atrocidade não são claras, mas Shepard é uma das únicas pessoas a verem a ameaça de fato, e tanto as autoridades alienígenas quanto humanas preferem ignorar a seriedade da ameaça.

Para evitar grandes spoilers, basta dizer que os Reapers não demoram a chegar à Terra, e durante uma reunião com o Comitê de Segurança, um deles ataca a instalação militar na qual Shepard se encontra. O protagonista, é claro, escapa com vida, junto de seu amigo de longa data, o Almirante Anderson.

A sensação de ver a invasão dos Reapers começar é indescritível. Durante Mass Effect 2, isso é tido como algo desastroso, algo que jamais pode acontecer, porque significaria a destruição de toda a vida. E pela completa falta de atenção das autoridades, a invasão chega sem que praticamente nada possa ser feito.

De qualquer maneira, após o ataque, você finalmente toma controle de Shepard, empunhando apenas uma pistola, e esse trecho serve de tutorial para os controles. Talvez tenha faltado uma explicação detalhada acerca do novo sistema de cover e rolagem, que está bastante diferente e todo baseado no botão X. Antes ele servia para entrar em cover e, junto com o analógico, fazer Shepard pular obstáculos. Agora ele também é usado para rolar (escapando de ataques), mudar de cover para cover e para correr e, consequentemente, pular espaços maiores, algo inédito. O jogo explica a questão do pulo e cover, mas não sobre locomover-se entre locais de cobertura.

Após uma pequena parte de tutorial, com direito a uma lição sobre o novo ataque mano-a-mano, que é chamado de Heavy Melee (acionado segurando o botão O), Shepard reencontra o garoto do início, agora entrincheirado num duto de ventilação. É impossível fazer com que ele vá junto com o protagonista, que fique claro.

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Após um pouco de combate, com o intuito claro de ensinar a novos jogadores o básico de utilizar covers e atirar, Shepard segue para uma nave que foi abatida para utilizar seu rádio e chamar ajuda. Segue-se mais um combate, mais aberto, possibilitando a locomoção entre covers e ataque mano-a-mano (ainda difícil de dominar). Em uma cena de arrepiar, a Normandy chega salvando o dia, e Anderson diz a Shepard para procurar ajuda de raças alienígenas, enquanto ele organiza a resistência na Terra. Com seu título de volta, Comandante Shepard parte para essa busca, não sem antes assistir a destruição de duas naves lotadas de civis, incluindo o garoto do início da demo. A trilha sonora de Clint Mansell (conhecido pelas trilhas dos filmes Cisne Negro e Réquiem Para Um Sonho) faz-se notar, e a cena é extremamente angustiante. O pavor de ver uma máquina gigante aproximar-se e matar aquelas pessoas é quase real, e torna a ameaça mais próxima. E, é claro, a morte desse garoto tem o efeito esperado: uma tristeza forte.

Um pouco de combate

Após a introdução (que provavelmente será a introdução do jogo), a demo parte para uma missão mais à frente na história, com o intuito de mostrar as novidades no combate. A premissa da missão é a seguinte: Shepard vai a uma instalação da raça alienígena dos Salarians para resgatar e escoltar uma fêmea de Krogan (outra raça alienígena). Essas duas raças estão em guerra e é necessário que a fêmea saia em segurança para que tanto os Krogans quanto os Salarians se unam para ajudar Shepard a salvar a Terra.

A missão não está completa, pulando da introdução direto para a ação. Um grupo de soldados da Cerberus (a organização que havia ressuscitado Shepard no jogo anterior e que agora voltou-se contra ele por motivos ainda desconhecidos) invade a base para matar a fêmea Krogan, e Shepard precisa protegê-la. Nesse ponto também temos acesso a tela de customização do personagem, podendo distribuir pontos nas habilidades. O fator RPG está bem mais forte agora, com cada habilidade possuindo uma “árvore” de evolução, com dois ramos diferentes (normalmente um mais combativo e o outro mais defensivo).

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O sistema de cover está simplesmente brilhante, mas a falta de explicação dele confunde os jogadores antigos. O botão L3 (o analógico esquerdo), quando apertado, agora serve para deslocar-se por trás da mesma cobertura, possibilitando uma flexibilidade maior do campo de batalha. A inteligência artificial dos inimigos também teve uma enorme evolução: agora eles se aproximam do seu time de forma a tentar encurralá-los, e o uso das granadas (também uma novidade) torna tudo mais desafiador. Por outro lado, com as melhorias, agora está muito mais fácil desentrincheirar seus inimigos, aproximar-se por trás e matá-los de forma mais discreta e até com outras abordagens, como o famoso “run and gun”, dispensando o uso das coberturas. É difícil, mas possível.

Perto do final da missão, a Cerberus envia um soldado dentro de um Atlas, que é uma espécie de armadura robótica enorme e muito bem armada e protegida. Com certeza o trecho mais difícil, nele é necessário locomover-se de cover em cover, balanceando os ataques dos membros da equipe e minando aos poucos as defesas do Atlas. Superado isso, é mais fácil eliminar os soldados restantes e encerrar a missão.

A demo termina com um toque de mistério, com Shepard tentando interrogar um soldado da Cerberus que está ferido, e recebendo apenas a palavra “nós…” como resposta.

Tecnicamente delicioso

Tive a chance de jogar a demo tanto no PC quanto no PS3, e me surpreendi com o fato de não haver nenhuma perda da qualidade gráfica na versão para PS3. As texturas foram melhoradas a um extremo e os efeitos de iluminação são lindos.

O único porém é que alguns modelos de personagens são estranhos, e um problema repetiu-se com vários deles: os dentes ficam quase sempre à mostra. Parece que a boca dos personagens (normalmente os humanos) não se fecha completamente. Isso provavelmente será corrigido para a versão final do jogo, mas não é nada que atrapalhe de fato.

A trilha sonora dispensa maiores comentários. É um compositor renomado do cinema americano, com toda a grandeza e ao mesmo tempo com a delicadeza necessária nos momentos certos.

O fato da Bioware ter incluído os modos Ação e História mostra que eles querem aumentar seu público, mas eu realmente não consigo entender porque alguém abriria mão das decisões (um dos pontos mais fortes de Mass Effect) para fortalecer a parte de ação. O modo História talvez seja mais voltado para jogadores menos aptos na questão da jogabilidade (sou um deles, embora eu melhore com o tempo).

Galáxia em Guerra

Finalmente, o modo multiplayer. Ele gerou ódio em muitos fãs quando foi anunciado, mas subestimar a Bioware é bobagem. Mesmo na demo, pode-se perceber como ele foi pensado para não interferir na campanha single player, possuindo atrativos o suficiente para fazer todos participarem.

Esse modo consiste em algo simples: até quatro jogadores entram de forma cooperativa numa missão, e enfrentam 10 ondas de inimigos com dificuldade crescente. Durante as ondas, são apresentados objetivos, como hackear computadores, desativar dispositivos, matar determinados inimigos ou defender uma área. É muito desafiador, mas um bom trabalho em equipe resolve as coisas rapidamente.

Na versão final do jogo, ao que tudo indica, será seu próprio Comandante Shepard que irá enviar os personagens do multiplayer para executar missões pela Galáxia. Você poderá ter mais de um personagem, em diversas classes, e os níveis de cada um se acumularão para formar seu ranking.

Completando ou não as missões, os jogadores obtêm experiência e, se tiverem atingido os objetivos, ganham dinheiro para comprar Kits. Esses Kits trazem munições especiais, melhorias para as armas, para as armaduras e até modelos de personagens novos para serem utilizados. E o mais legal: o conteúdo dos kits é aleatório. Você nunca sabe o que vai sair de cada um.

Eu não sou um fã de multiplayer, mas achei tudo bastante atraente e divertido, ainda que simples. Nessa demo ainda não é possível ter outros inimigos além de soldados da Cerberus, e há apenas dois mapas disponíveis. Mas dá para ver claramente como o multiplayer vai ser abrangente e, talvez, tão grande e instigante quanto o single player.

Surpreendentemente, a conexão com os servidores da EA está ótima. Não houve nenhuma queda, nada de lag e não vi nenhum bug. Enquanto jogava no PC, por outro lado, o som desapareceu por diversas vezes. O lado ruim é que no PS3 não é possível desativar o áudio dos headsets de companheiros de time, o que pode ser chato.

Conclusões finais

Mass Effect introduziu uma ideia incrível e deu ao jogador o poder de ajudar a escrever uma história. Mass Effect 2 pegou essa ideia e elevou a um novo patamar, com grandes melhorias na jogabilidade. A série já se tornou uma divisora de águas.

Mass Effect 3 será, então, o marco final. Essa demo mostra que, sim, fãs antigos é que vão se arrepiar ao ver a Normandy chegar e salvar o dia, irão se amedrontar diante da invasão Reaper, irão se animar com a aparição de velhos conhecidos. Mas novos jogadores não ficarão de fora, recebendo a ajuda necessária para se habituar com a jogabilidade. O jogo anterior já conseguia alcançar todo tipo de jogador. Agora o jogo promete ser capaz de agradar a todos, e manter sua qualidade.

Cada decisão terá seu impacto definitivo e o destino da Galáxia, da raça humana e de toda a vida estará nas nossas mãos. E, para completar, poderemos ajudar uns aos outros a completar esses objetivos através do multiplayer.

Resumindo: Mass Effect 3 promete ser o jogo da década. E essa demo certamente irá manter todos os fãs (incluindo eu) ocupados até o lançamento da versão final, que, por sua vez, irá nos manter livres de qualquer vida social. E eu não vejo a hora.

Revisão: Leandro Freire


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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