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Análise: Red Dead Redemption (PS3)

Quem disse que o Velho Oeste morreu, acertou. Só que errou feio ao pensar que essa morte estendeu-se ao mundo dos games. Quem diria que ... (por Unknown em 12/02/2012, via PlayStation Blast)

Red Dead Redemption Quem disse que o Velho Oeste morreu, acertou. Só que errou feio ao pensar que essa morte estendeu-se ao mundo dos games. Quem diria que a produtora de Grand Theft Auto faria um jogo em que seria possível explorar o sul dos Estados Unidos e o norte do México? Quem diria que essa produtora faria um jogo que lhe permite ser um famoso fora-da-lei ou um renomado herói do povo? Mais que isso: quem diria que esse jogo teria uma história tão envolvente e personagens tão cativantes? Pois então, Red Dead Redemption existe, sente-se aí no seu cavalo (ou mula, carroça, carruagem, como preferir) e vamos embarcar nessa jornada por um mundo prestes a mudar.

A Rockstar tem como grande feito a produção de Grand Theft Auto, indiscutivelmente uma das maiores franquias de video-games do mundo. Quando uma companhia tão bem estabelecida decide aceitar riscos e encarar o desafio de algo novo, o resultado pode ir para qualquer lado. No caso de Red Dead Redemption, lançado em 2010, o resultado foi positivo de todas as formas possíveis.

John Marston A lenda de John Marston

A história de Red Dead Redemption é bastante comum para os padrões de faroeste. John Marston é um ex-fora-da-lei, agora casado e com um filho adolescente, vivendo os últimos anos dessa época icônica. Em pouco tempo, cavalos darão lugar a carros, a justiça do povo deixará de existir e os cowboys ficarão esquecidos.

Mas para encerrar esse capítulo da história americana, o governo precisa que Marston faça um trabalhinho sujo: eliminar seus ex-companheiros de gangue. Para convencê-lo, os inescrupulosos agentes federais sequestram sua esposa e filho e o ameaçam com a possibilidade de nunca mais vê-los. Sem opções, John parte para encontrar esses homens, que um dia foram seus amigos, e encerrar suas operações, por assim dizer.

Como eu disse na minha matéria sobre o amor e sua relação com os videogames, essa premissa de Red Dead Redemption pode não ser nada novo para livros ou filmes, mas é um incentivo especial num videogame. Inevitavelmente, cada jogador acaba se sensibilizando com a dedicação de John Marston, sua fidelidade à esposa e o fato de ele atravessar dois países e enfrentar todo tipo de adversidade para recuperar sua família. Você se identifica com ele de imediato.

Honrado ou infame?

Assim como GTA, Red Dead Redemption é um jogo de mundo aberto, bem ao estilo sandbox. Você pode fazer basicamente qualquer coisa com John, incluindo entrar num bar e matar todos presentes. Mas, ao contrário de sua contra-parte moderna, o jogo traz um sistema moral.

As ações de John (e do jogador) são medidas através da Honra e da Fama. A honra cresce conforme boas ações são feitas, ou diminui caso o jogador faça algo de ruim. A fama aumenta de qualquer maneira, tornando o nome de John conhecido e influenciando a reação dos personagens. É possível evitar alterações à fama através do uso de uma bandana que cobre o rosto de Marston.

Quer matar geral e sair impune? Nada que uma bandana não resolva.

Esse sistema moral é bastante eficaz, possibilitando que o jogo identifique cada tipo de jogador da forma correta e beneficie ou puna de acordo com as situações. Assim é possível moldar o mundo do jogo e o personagem, assemelhando-se, nesse sentido, a um RPG. Claro que é um sistema baseado em extremos, mas, ao atingir o nível de Herói Legendário, por exemplo, é gratificante ouvir os cumprimentos dos moradores das cidades.

Confesso que eu tenho uma séria dificuldade de jogar como um fora-da-lei. Não consigo lidar bem com os gritos assustados dos inocentes e fico me sentindo mal quando mato alguém. Sim, é um videogame, mas eu conto isso como um ponto positivo. Se um jogo consegue me fazer sentir culpado por algo que eu faço dentro dele, é porque a imersão funcionou de forma perfeita e eu realmente me senti na pele daquele personagem.

Atirando, esfaqueando, atropelando

A jogabilidade de Red Dead Redemption é, basicamente, uma versão melhorada de GTA IV. O sistema de cover, mira e sprinting (corrida) é o mesmo. Até a presença de minigames, como lançamento de ferraduras, pôquer e aquela famosa brincadeira de "errar" os dedos da mão com uma faca mostram uma semelhança. Isso não chega a ser um problema, mas o jogo poderia se beneficiar de uma mudança maior na jogabilidade.

A diferença fica por conta das montarias, que são bastante variadas, e são facilmente controladas, através do botão X (que serve para que John use suas esporas no cavalo, acelerando seus movimentos) e o analógico para direcionar. É perfeitamente possível atirar enquanto está em cima das montarias.

Outra diferença é que John pode usar um laço para capturar seus inimigos ao invés de matá-los. Isso fortalece aquele conceito do sistema moral: matar um inimigo, ainda mais se for pelas costas, pode render pontos negativos de moral para Marston. É bem mais lucrativo, por exemplo, durante as side missions de "Procurado: Vivo ou Morto" levar o alvo amarrado até uma delegacia. Só que também é bem mais difícil.

Falando nas side missions, também ao exemplo de GTA IV, é possível aceitar missões diversas espalhadas pelo mapa. Desde as que mencionei, que consistem em localizar um criminoso e matá-lo ou levá-lo vivo até uma delegacia para receber uma recompensa até as missões mais elaboradas, que você consegue conversando com determinados personagens. Essas missões são muito variadas e ajudam a mostrar qual o espírito do jogo. Sem spoilers, basta dizer que as conclusões delas são, quase sempre, repletas de humor negro.

Grandiosidade

Um dos elementos mais admiráveis em Red Dead Redemption é a atenção que foi dada a tornar o enorme mapa o mais real possível. Embora existam grandes extensões de terra sem praticamente nenhuma construção, o mapa é todo povoado por animais selvagens e plantas bem diversificadas.

PETA's gonna hate.

Os animais são uma verdadeira maravilha por si só. Cada região conta com uma fauna específica. Áreas elevadas no deserto podem trazer pumas, enquanto as montanhas cobertas de neve do norte trazem perigosos ursos. No céu, você pode ver aves passando a todo momento, e inclusive pode identificar onde existem corpos através dos movimentos delas. É possível também caçar animais, desde coelhos até alces, tudo isso incluído nos numerosos desafios que o jogo pede para que se complete 100%.

Por último, mas não menos importante, em suas longas jornadas através das longas estradas do enorme mapa (os adjetivos tinham que ser longos também, mas não deu), Marston se depara com diversos pequenos problemas completamente aleatórios. Desde grupos de ladrões que tentam roubar seu cavalo e pertences até pessoas sendo atacadas pelos numerosos animais selvagens, tudo isso traz aquela sensação de que o mundo que você está vendo é real.

Tecnicamente (quase) perfeito

Saiba desde já: não importa qual tipo de gamer você é, você vai querer ficar parado ou querer andar bem devagar para apreciar as paisagens de Red Dead Redemption. Apesar do mundo ser enorme e bem povoado (seja por pessoas ou animais), os cenários carregam rapidamente, sem loading (exceto entre missões) e tudo é absolutamente lindo. Os modelos dos personagens são excelentes e bem característicos dos jogos da Rockstar.

Apesar disso, o jogo tem alguns bugs curiosos. Desde animações fora de lugar, como John tentando subir no cavalo e ficando parado no ar até personagens desaparecendo ou se duplicando (!), os probleminhas estão ali. A frequência desses erros é muito pequena, no entanto, e isso não costuma atrapalhar a diversão.

Outro ponto muito forte do jogo é sua trilha sonora. As músicas foram compostas por Bill Elm e Woody Jackson, e trazem o clima de faroeste necessário para fortalecer a ambientação. Para completar, existem quatro músicas cantadas no decorrer do jogo (incluindo essa do vídeo acima, que é inserida exatamente dessa forma no jogo), cada uma encerrando uma "etapa" da história, todas excelentes e bem conectadas com o que acontece naquele momento. Um dos maiores trunfos de Red Dead Redemption é que o jogo te faz sentir as coisas, e os momentos em que essas músicas tocam, sem interrupção da jogabilidade, são quando você sente o quanto está envolvido com a história de Marston, e a vontade é andar bem devagar pelo cenário e aproveitar aquele momento grandioso e ao mesmo tempo tão íntimo.

Multiplayer

Para os fãs de multiplayer (eu não sou um deles), Red Dead Redemption oferece uma oportunidade ímpar: todo o mundo do jogo está disponível no modo Free Roam. É claro que, jogando multiplayer, os bugs se triplicam, mas é indiscutivelmente divertido andar por toda aquela imensidão e encontrar outros jogadores cuidando de suas vidas. É possível simplesmente ficar parado em alguma cidade apreciando o movimento, ou sair pelo mundo se aventurando, a exemplo de John Marston.

Prós

  • História envolvente.
  • Ambientação impecável, com um mundo repleto de detalhes e vida.
  • Gráficos impressionantes e paisagens lindas.
  • Uma das melhores trilhas sonoras de videogames.
  • Sistema moral que possibilita moldar o personagem.
  • Longevidade enorme, com um mundo aberto a ser explorado e cerca de 30 horas na linha principal da história, além do multiplayer.

Contras

  • Bugs ocasionais tornam o jogo um pouco "torto", amplificados no modo multiplayer.
  • Pouca inovação em termos de jogabilidade.

Red Dead Redemption - PlayStation 3 - Nota final: 9,5
Gráficos: 9,5 | Som: 10,0 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 10,0

Revisão: Alberto Canen


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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