Há mais de 25 anos foi lançado o primeiro filme da trilogia Back to the Future, ou De Volta para o Futuro, como é conhecido por aqui. Foi um tremendo sucesso na época e é um dos maiores clássicos já feitos por Hollywood. O jogo, como o próprio nome já indica, é baseado no filme, o que já deve deixar muitos com o pé atrás, já que games que tomam filmes como base geralmente são muito ruins e só são criados para aproveitar o sucesso cinematográfico. Nós, que somos fãs, podemos ficar bem tranquilos, pois o jogo não apenas é muito bom, como também não é feito com o enredo da famosa trilogia, e sim com uma história completamente nova que ocorre meses depois do final da terceira parte, quando Marty McFly já está vivendo sua vida normalmente no seu próprio tempo, a década de 80. Assistir aos filmes é fundamental para aproveitar melhor cada parte do jogo, pela muitas referências que existem nele. E também porque já estava mais do que na hora de você assistir a essa obra-prima.
A Telltale Games, empresa norte-americana formada por ex-funcionários da LucasArts, é a responsável pelo desenvolvimento e pela distribuição dessa nova aventura de Back to the Future. Para ter sucesso na empreitada, ela não poupou esforços em garantir que os fãs tivessem uma experiência completamente nova, sem que os fatos deixassem de fazer sentido quando comparados à história e aos fatos passados nos filmes. Tanto que contratou (como consultor) Bob Gale, que ajudou a criar, escrever e produzir a trilogia.
Michael J. Fox e Christopher Lloyd permitiram que os desenvolveres do jogo usassem a sua aparência para levar os seus respectivos personagens, Marty McFly e Doc Brown, para o jogo. O que foi ótimo, pois seria mesmo estranho se os personagens do game tivessem uma aparência que não lembrasse em nada os protagonistas dos filmes.
Lloyd também faz a voz do seu próprio personagem, enquanto AJ LoCascio – que tem uma voz idêntica ao de Michael J. Fox quando fez os filmes – interpreta o Marty, devido à doença (Parkinson) que Fox enfrenta já há alguns anos. O que não o impediu, felizmente, de fazer duas participações especiais no episódio 5, Outatime, como William McFly e também Marty do futuro.
São 5 episódios ao todo, apesar de ser apenas um jogo. Quatro diretores ficaram responsáveis pela direção, sendo um para cada episódio, e apenas o Dennis Lenart se encarregou de dois: o primeiro e o quinto. Ele até falou sobre a produção do jogo e do que ele procuraram fazer no início do trabalho:
"como nós nos mantemos fiéis à licença e fazemos algo completamente novo e interessante, que não apenas funciona para pessoas que podem ter visto o filme há muito tempo, mas também para grandes fãs que conhecem cada linha dos diálogos. Tudo, desde os diálogos aos designs dos personagens, à forma como nós filmamos as cenas, as câmeras que nós usamos, nós tentamos sempre perguntar a nós mesmos: isso seria plausível no filme de ‘De Volta para o Futuro’?"
Dennis Lenart (Diretor dos episódios 1 e 5)
Foi usado um estilo mais cartunesco para os gráficos, em vez de um tipo mais realístico, o que é uma opção bem acertada, pois ficou uma aparência mais leve, divertida e interessante. Ainda mais que ficou bem feito, principalmente os personagens centrais, aí incluso o DeLorean, objeto de deseja de 10 entre 10 rapazes que já assistiram ao filme. Outro ponto forte do jogo são as músicas, todas instrumentais, tais como nos filme, inclusive a famosa música tema, que é um deleite para os fãs, e um verdadeiro convite à aventura. Não há como não relembrar os bons momentos e não ficar animado. Um bom ponto positivo.
Aponte e clique
O game tem um típico estilo "point and click", ou seja, aponta com uma seta e clica no objeto para interagir com o mesmo. No caso do PS3, esse ato de “apontar” é feito de forma bem simples: uma seta ficará em cima do objeto próximo ao personagem, e com o R3 (analógico direito) é possível alternar entre os objetos. Esse sistema, em geral, serve para resolver os diversos puzzles que constituem o game, como, por exemplo, descobrir exatamente em que dia do passado está o Doc Brown, logo no início da partida, tal qual mostra o trailer do jogo abaixo:
Marty deverá examinar objetos, falar com Non-player characters (NPCs) – que são personagens do jogo não controlados pelo jogador – iniciando um diálogo no estilo árvore de conversação (conversation tree), que é quando o jogador tem algumas opções predefinidas do que dizer e as vai escolhendo até terminar o diálogo. Algumas dessas conversas são necessárias para que determinadas ações sejam tomadas por partes dos NPCs, para então poder avançar no jogo, como pedir para ele não interferir nas ações, por exemplo. Falar com os personagens também funciona como num RPG, pois eles dão dicas do que deve ser feito e algumas vezes é necessário voltar a falar com o mesmo personagem.
Alguns itens podem ser pegos e guardados no “inventório” do Marty e servem para serem usados depois com o intuito de interagir com outros objetos ou personagens, como achar um sapato que irá chamar a atenção de um NPC ou fazer uso do gravador para mostrar uma conversa para outro personagem.
A única dificuldade é a movimentação, que é lenta, mesmo quando Marty corre. Algumas vezes ele fica preso, sem poder continuar a se movimentar e também é um pouco robótico ao manusear objetos. Esse é um verdadeiro incômodo, pois retira bastante da dinâmica que poderia ter sido dada ao game.
Os puzzles não são muito complicados, e com um pouco de raciocínio ou algumas tentativas, logo são resolvidos. Isso pode ser ruim para os que buscam grandes desafios, que não é o objetivo do jogo, que buscar mais dinamismo e interação com a história. Ainda assim, se em algum momento estiver complicado desvendar o que é para ser feito, o jogo conta com um Hint System (Sistema de Sugestões), que vai dar uma pista (de cada vez) de como resolver o puzzle que está sendo feito. O nível desse sistema pode ser alterado nas opções. Mas convenhamos, quanto menos dicas melhor, pois o jogo se baseia justamente em resolver esses pequenos enigmas.
As partes do todo
O jogo foi repartido em 5 episódios curtos, que juntos formam um jogo de tamanho razoável de cerca de 20h. Eles têm o mesmo nível de produção e pode ser resumidos da forma abaixo:
- Episódio 1: It's About Time – Marty está se readaptando com o seu próprio tempo, a década de 80, quando o DeLorean (máquina do tempo), que ele viu ser destruído por um trem, materializa-se diante dele. Ele percebe que o Doc Brown está preso em algum lugar do passado e ele deve viajar de volta no tempo para salvar o Doutor.
- Episódio 2: Get Tannen – enquanto mantém o Doc Brown jovem sob sua vista, Marty e o Doc de 1980 devem impedir que a gangue do Kid Tannen cause estragos na família de Marty, e apague a sua namorada no futuro.
- Episódio 3: Citizen Brown – Depois de voltar para a década de 80, Marty se depara com uma versão às avessas do enigmático senhor do mundo “First Citizen Brown”.
- Episódio 4: Double Visions – Em 1986, Marty e “First Citizen Brown” devem unir forças para criar uma invenção épica para que possam impedir o jovem Emmett Brown de cometer o pior erro de sua vida.
- Episódio 5: Outatime – Marty e Doc Brown são enviados em uma buscar pelo passado, presente e futuro de Hill Valley.
Prós
- Músicas do filme e dublagens excelente
- Gráficos cartunescos que lembram os personagens do filme
- Roteiro novo ao estilo do filme
Contras
- Movimentação lenta e que “empaca” alguma vezes
- Puzzles fáceis
Back to the Future: The Game – PlayStation 3 – Nota Final: 7.5
Gráficos: 7.0 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 6.5 | Diversão: 7.5
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