Quando se pensa em SNK, a primeira coisa que vem à cabeça são as grandes séries de games de luta criadas pela produtora japonesa. Mas engana-se quem pensa que esse é o único nicho no qual a produtora se aventurou. No Blast from the Past de hoje vamos relembrar Koudelka, um RPG sombrio lançado para o PlayStation em 2000, recheado de mistérios e personagens cativantes, mas também cheio de equívocos.
Produzido por Hiroki Kikuta (de Secret of Mana e Soukaigi), esse foi o primeiro game da Sacnoth, uma equipe formada por ex-membros da Square para o desenvolvimento de games independentes. O mais legal disso tudo é que a equipe conseguiu, logo em seu primeiro trabalho, se distanciar dos games desenvolvidos pela Square, adotando um estilo mais adulto e sombrio e abordando temas impensáveis para a produtora naquele momento.
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Bruxaria com um toque de terror
Koudelka se passa no final do século XIX, mais precisamente em 1898, quando a bruxa que dá título ao game, Koudelka Iasant, é chamada por um misterioso fantasma para ir até o Nameton Monastery. Ao mesmo tempo, Edward Plunkett decide ir ao mesmo lugar em busca de tesouros e o clérico O’Flaherty é enviado pelo Vaticano para investir o lugar em busca de ocorrências misteriosas. Lá, esses três personagens vão se encontrar e dar início a história, que se desenrola de uma maneira bem típica de filmes de terror, apesar de apresentar muitos traços de ação.
Lançado em meio a febre dos survival horrors (que haviam atingido seu ápice nos últimos anos da década de 90), o game empresta para si elementos vindos desse gênero. A temática sombria e a história cheia de reviravoltas são os elementos mais marcantes que podem ser observados, isso sem contar a ambientação caprichada e os clichês típicos do cinema de terror. A História, aliás, traz como temáticas centrais de seu enredo elementos não muito comuns em RPGs, como magia negra e bruxaria. O legal é que mesmo que um pouco pesados para um game, essas temáticas são apresentadas de uma maneira bem competente e consciente, causando uma excelente primeira impressão.
O lado dark do game é ainda mais ampliado graças a uma acertada direção de arte. Apesar da existência de muitas quebras de polígonos (principalmente nas batalhas), Kouldelka apresenta um dos visuais mais interessantes entre toda a biblioteca do PlayStation. Os cenários pré-renderizados, as cenas em CG e o fantástico trabalho realizado com efeitos de luz são os destaques. O design dos personagens principais e dos inimigos também são de alto nível, mostrando que o game foi muito bem idealizado e pensado para oferecer um grande impacto visual para o jogador.
Essa ambientação só não é potencializada porque a trilha sonora não consegue acompanhar a riqueza gráfica, mesmo sendo de alto nível. Contando com dublagem acima da média e algumas canções realmente marcantes, Koudelka apresenta muita repetição desnecessária, causando no jogador um certo repúdio depois de algum tempo. Mesmo assim, vale o registro de que as músicas são perfeitamente combinadas com o estilão dark do game.
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Estratégia simplificada
De forma bem resumida, Koudelka apresenta uma boa mistura entre exploração e RPG. Nos combates, os confrontos seguem um esquema que mistura estratégia com turnos, bem típico dos games de RPG da época. É possível se movimentar pelo mapa, atacar com golpes físicos e mágicos e utilizar itens, nada muito diferente do que os RPGs costumavam fazer. O triste é que na maioria das vezes as batalhas são repetitivas e monótonas, principalmente porque a dificuldade é praticamente nula, mesmo nas batalhas contra os chefes
Já os momentos de exploração garantem muita inspiração, graças a puzzles muito bem projetados e desafiadores. O que acaba depondo contra é que os controles são muito presos e muitas vezes é fácil ficar perdido sem saber o que fazer.
Outras falhas consideráveis são a pouca presença de save points, a quantidade baixa de itens equipáveis e de cura presentes ao longo da jornada e um sistema estúpido de armas que quebram com o passar do tempo, deixando o jogador a mercê do destino depois de enfrentar muitos combates na sequência. Talvez fosse necessário ter investido mais nesse setor, o que seria um ganho enorme para o game como um todo.
O mangá
A história de Koudelka chamou tanto a atenção que chegou a receber um spin off em forma de mangá assinada por Yuji Iwahara, que já havia trabalhado até com personagens da Marvel. O mangá chegou a ser publicado pela Kadokawa Shoten, mas o lançamento nunca acabou acontecendo desse lado do planeta. Uma pena.
É realmente uma pena que Koudelka seja tão inconstante. Mesmo com um enredo inspirado, um belo trio de personagens protagonistas e uma aventura recompensadora (que dura pouco mais de 15 horas), o game acaba tendo tantas falhas a computar que se torna meio difícil esquecer cada um dos seus defeitos.
Para quem não se ligou, esse game foi o precursor da série Shadow Hearts, que acabou se tornando um dos grandes sucessos do PlayStation 2, que futuramente vai aparecer aqui no Blast from the Past, pode ter certeza.
Ainda vou jogar isso...
ResponderExcluirPrometo isso a mim mesmo, faz uns 3 anos...
Tbm já tive mta vontade de jogar Kodelka, mas nunca o fiz... agora acho que já é um pouco tarde.
ResponderExcluireu tenho esse jogo guardado no meu armario e nunca joguei agora vo jogar!
ResponderExcluirMuito bom, gostei, vou comprar ele na PSN para jogar no meu VITA. :)
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