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Análise: Bloodborne: The Old Hunters (PS4) é uma experiência familiar e desafiante

A expansão do aclamado jogo traz poucas novidades, mas são suficientes para justificar revisitar esse macabro mundo.

Bloodborne já era uma experiência completa e interessante. O título da From Software para PS4 apresentou um universo meticulosamente construído, ação divertida e desafiante e uma trama complexa. The Old Hunters, a primeira (e única) expansão do jogo, tem como foco explorar as histórias de alguns caçadores e personagens mencionados vagamente na aventura principal. O conteúdo adquirido por download adiciona novas áreas, inimigos e equipamentos, em uma aventura que parece ao mesmo tempo familiar e nova.

Explorando o pesadelo

The Old Hunters adiciona uma nova área chamada de O Pesadelo do Caçador. O local, em um primeiro momento, lembra em alguns trechos as ruas de Yharnam e do Distrito da Catedral, mas bastam alguns minutos para que fiquem claras as diferenças: rios de sangue, caminhos distorcidos e bestas bizarras permeiam a área. A exploração avança por lugares bem distintos e macabros, como uma espécie de sanatório e uma sombria vila de pescadores.


Visitar estes locais me fez sentir nostálgico e deslumbrado ao mesmo tempo. A nostalgia vem por conta da estrutura extremamente similar à do jogo principal; afinal, o objetivo continua sendo explorar regiões repletas de inimigos grotescos e brutais em busca de segredos e dicas da trama. Armadilhas, atalhos, inimigos à espreita, muito combate e outros aspectos característicos de Bloodborne figuram na área. O deslumbre, por sua vez, vem na forma da riqueza de detalhes e na ótima direção de arte — destaque especial para os horríveis monstros novos.

Tensão, agressividade e novas possibilidades

A campanha de The Old Hunters pode até ser muito parecida com a aventura principal, mas algo a deixa interessante e divertida: o aumento da tensão e a agressividade dos inimigos. O Pesadelo do Caçador está repleto de Caçadores de Caçadores, o que torna tudo mais complicado. Eles são extremamente agressivos, contam com movimentos variados e oferecem bom desafio — e, assim como os monstros normais, reaparecem quando o jogadormorre ou usa a lanterna para mudar de área. Além disso, as novas criaturas são brutais e perigosas. Fiquei tenso o tempo por conta desses novos desafios.


A expansão conta também com novos chefes, e eles continuam a oferecer grande dificuldade, como era de se esperar. Os confrontos são divertidos e intensos, mas algumas batalhas em particular são um tanto quanto simples e fáceis de entender, esperava um pouco mais. De qualquer maneira, tive muito trabalho e precisei da ajuda de outros jogadores para derrotar os monstros — era possível que conseguisse sozinho depois de muitas tentativas, mas os ataques brutais dos chefes me derrotavam muito rapidamente.

Mais armas e mais lore

The Old Hunters explora um pouco mais da trama e ambientação de Bloodborne. Nessa expansão, conhecemos melhor alguns personagens mencionados na aventura principal e somos apresentados a outros. Como é de costume, os detalhes são nebulosos, e é importante prestar atenção nas descrições dos itens, conversas com NPCs e elementos do cenário. Mas mesmo quem não se interessa a fundo na ambientação vai se surpreender com algumas revelações da nova aventura.


Gostei também das várias novas armas novas, pois elas são bem criativas e têm jogabilidade única. Estão disponíveis, por exemplo, uma espécie de metralhadora, um bastão com uma serra elétrica na ponta, um martelo explosivo, uma lâmina que se transforma em arco e flecha e até mesmo um escudo. Destaque para uma chamada Braço de Amigdala, que é justamente o que o nome diz: um braço do chefe em questão, que oferece ataques estranhos e imprevisíveis. As armas são bem legais e é divertido testá-las, mas senti falta de mais itens para melhorá-las — quem já tiver terminado o jogo várias vezes provavelmente vai acabar usando o mesmo equipamento de sempre.

Familiar e divertido

Bloodborne: The Old Hunters traz uma experiência bem parecida com a campanha principal, o que não é de todo ruim. Toda a essência do jogo da From Software está presente no novo conteúdo: a atmosfera tensa e opressora, a bela ambientação gótica e macabra, os confrontos de grande dificuldade, o lore enigmático. As novas armas e chefes, um ótima adição, são os maiores destaques. O defeito da expansão é, no entanto, justamente ser muito similar ao jogo base, pois a estrutura básica está intocada. Explorar as novas áreas não deixa de ser divertido, mas jogadores mais exigentes podem se decepcionar.

Mesmo assim, Bloodborne: The Old Hunters é um ótimo incentivo para retornar ao tenso mundo de Yharnam.

Prós

  • Várias novas armas de jogabilidade bem distinta;
  • Áreas interessantes e repletas de segredos;
  • Ótima direção de arte e música.

Contras

  • Estrutura básica de jogo mantida sem muitas novidades.
Bloodborne: The Old Hunters — PS4 — Nota: 9.0
Revisão: Bruno Alves

é brasiliense e gosta de explorar games obscuros e pouco conhecidos. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de boardgames, game music, fotografia e livros. Além de mostrar seus cliques no Flickr, tem também um blog onde escreve sobre inúmeros assuntos e também pode ser encontrado no Twitter.

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