O novo título da From Software traz muito do que eu adorava em seus anteriores aliado a novidades que eu não tinha ideia que iam funcionar tanto pra mim.
O Sangue nos torna humanos
A primeira delas é o ritmo da batalha. Até existe um escudo (de madeira) no jogo, mas a própria descrição do item diz que não é bom ser muito cauteloso. Em Bloodborne a movimentação é fluida e frenética. A todo momento o jogo te encoraja a tomar a iniciativa, mas a necessidade de observar e planejar com paciência ainda está lá, você sempre precisa medir a hora de atacar, a hora de desviar e ir para longe ou para perto. Desvio ou tento acertar um tiro para atordoar e me arriscar a ser pego no combo do inimigo caso dê errado? São decisões rápidas que devem ser tomadas e podem custar a vitória.Aqui meu personagem, Jon Leno, em Sgt. Pepper's Lonely Hearts Hunt Band. |
Voltando as armas, elas são um show a parte. Cada uma delas têm duas formas que mudam toda a movimentação e podem ser alternadas inclusive no meio do ataque, causando mais dano. O momento da transformação das armas é tão interesssante estéticamente quanto as variações são úteis.
Estou com 14 armas, tirando as de fogo, e ainda não ganhei o troféu por ter todas as armas do jogo. Ou seja, não se preocupem com um baixo número delas. Todas são diferentes entre si, e possuem duas formas distintas que agregam estratégia e diversidade ao combate. As diferentes movimentações que proporcionam vão além de qualquer jogo anterior da série, no qual existiam muitas armas com tamanhos, nomes e propriedades diferentes, mas com menor diferenças nos ataques e movimentos. Existe um bom grau de customização e melhoria das armas a partir de itens e gemas espalhadas pelos cenários. A ideia de conseguir os melhores itens para melhorar sua arma impele ainda mais à exploração. A build de mago, no entanto, deu lugar para a mais tímida e centrada em buffs (melhorias ao personagem) build de Arcano. Em Bloodborne temos quatro atributos que governam ataque, desta forma as builds se centram em como você vai evoluir esses atributos e que armas, “magias” e itens você vai utilizar.
Hunter's Dream é o refúgio, onde podemos evoluir, melhorar armas, equipar runas e trocar uma ideia com a Doll. |
O sangue nos torna mais que humanos
E me diverti muito ao passear pelas sombrias localidades. As diferentes áreas de Bloodborne são belíssimas, a direção de arte e a ambientação são incríveis. Os locais possuem uma proposta estética em comum, mas são distintos entre si. As áreas da cidade de Yharnam impressionam pela arquitetura e imponência. As ruas são tomadas por caçadores e bestas (já não há mais distinção?) e o desolamento e a desgraça são perceptíveis.Mais uma noite da caça em Yharnam. |
O Level design é formidável. Assim como em Dark Souls cada área traz desafios para serem vencidos aos poucos, e com paciência e vontade de explorar, novos caminhos interligam o local de uma maneira inteligente e impressionante: “onde isso aqui vai dar? Nossa! É aqui que sai essa porta!”, é um pensamento constante.
Essa área é fichinha perto da que me perturbou. |
Outras fases, como Old Ynarham, por exemplo, trazem novas ideias em relação aos antecessores espirituais de Bloodborne. Vejam essa imagem:
Esquadrilha da fumaça. |
O sangue nos torna humanos não mais
Outro aspecto do título também é milimetricamente pensado para que o jogador tenha uma ótima experiência: a batalha contra os chefes. Bloodborne traz um bom número deles, dentre os quais alguns são opcionais. São diversas batalhas emocionantes embaladas por uma trilha sonora impressionante. As músicas do jogo são um bom exemplo de que a Sony estava empenhada em investir no jogo, pois todas as faixas são orquestradas e muitas delas acompanhadas por um coro, tudo com um aúdio impecável.Muitos destes chefes alternam suas formas e ataques ao longo da batalha, fazendo com que o jogador fique atento mesmo após estar dominando a peleja em um determinado momento. Assim como a ambientação, os chefes também possuem uma proposta visual em comum, mas sem deixar de serem únicos.
O segundo, ou primeiro dependendo do caminho que você fizer, chefe do jogo é bastante casca-grossa. A ideia talvez tenha sido utilizá-lo para que o fã entenda que em Bloodborne algumas coisas são diferentes, e que o ritmo das batalhas é outro. Fico um pouco receoso de que ele afaste muitos jogadores novos, no entanto. Mas para minha experiência o posicionamento deste chefe não poderia ser melhor.
As últimas batalhas do jogo são lindas, desafiantes e divertidas. Em muitas delas eu me pegava com o coração batendo acelerado, pois não podia errar. A música fazia o momento se tornar ainda mais épico, e toda a história por trás daquele chefe me deixava com um frio na espinha. Mecânicas de batalha, trilha sonora, narrativa, ambientação e design em perfeita harmonia para trazer uma experiência ímpar. Isso é Bloodborne.
Caçando bestas e pesadelos
Assim como nos jogos anteriores da From Software, Bloodborne traz uma história vaga. A maneira de entender os acontecimentos do jogo é através de investigação. Isso mesmo: leitura de descrição de itens, diálogos com NPCs, exploração dos cenários e muita, mas muita teorização e especulação. É um forma narrativa inteligente e que me agrada muito. Continuo pesquisando e tentando juntar as peças, assim como vários outros jogadores, e falarei mais da história e mitologia do jogo na próxima semana, mas não custa nada dar um quadro geral do começo do game.Ler as descrições dos itens é muito importante para conhecer a história do jogo. |
Na noite da caça, ninguém mais sabe quem é besta, quem é caçador. Todos estão infectados, por mais que neguem. Na noite da caça, todos são caças e caçadores.
Caçar e ser caçado
O original esquema online da franquia Souls volta em Bloodborne. Depois de conseguir certos sinos, você poderá ajudar outras pessoas, ser ajudado e invadido por outros jogadores (achou que era moleza?). Existem áreas, inclusive, em que um certo tipo de inimigo chama outros jogadores para invadir seu mundo. As batalhas PvP (jogador contra jogador) são muito frenéticas. Fui humilhado em algumas, perdi e ganhei em lutas acirradas outras tantas, e bem de vez em quando fui eu a humilhar.Também é interessante a possibilidade de chamar ajuda ou ajudar outros jogadores para passar de certos locais ou chefes. A interação pode se dar também a partir das chalice dungeons, que podem ser trocadas entre jogadores. Essas dungeons são geradas aleatoriamente a partir do itens que você usa no ritual. São quatro tipos de cálices, divididos em seis a oito subtipos. Esses lugares trazem uma experiência diferente.
Chalice Dungeon é uma proposta de dungeon-crawler cheia de inimigos e desafios, mas com uma dose de repetição. |
Tais áreas, no entanto, não proporcionam a mesma experiência e sensações que temos nas outras fases do game. É uma ideia e uma adição interessante para o jogo, que traz ainda mais conteúdo, principalmente certos chefes e mistérios escondidos.
Diferente das dungeons aleatórias, as áreas do jogo são imponentes, lindas e meticulosamente pensadas para te desafiar. |
Prós:
- Batalha dinâmica com mecânicas excelentes;
- Trilha sonora impressionante;
- Ambientação e level design;
- História e mitologia (Lore) bela, instigante e perturbadora;
- Chefes memoráveis;
- Chalice Dungeons são uma boa adição...
Contras:
- Que não traz a complexidade e possibilidades das outras áreas;
- Tempo de loading grande, que esperamos que possa ser corrigido no futuro próximo;
- Pequenas quedas de framerate.
Bloodborne - PS4 - From Software - Nota: 9.5
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