O jogo, assim como os demais da franquia, mistura elementos de puzzle e estratégia, onde controlamos pequenos roedores humanóides, os lemmings (lêmingues em português). Nós fazemos as vezes de um ser onisciente capaz de comandar esses simpáticos seres, que nos obedecerão sem qualquer questionamento, mesmo que isso signifique suas mortes, o que muitas vezes é o que acontece — nem sempre sem intenção.
Roedores nas pontas dos seus dedos
A fórmula de sucesso da franquia foi mantida, o que é uma boa notícia. O jogo continua focado nos puzzles e nas brincadeiras em relação aos lemmings, com um objetivo bem simples: levar o maior número possível de lemmings do ponto de partida até o portal de salvação. Infelizmente, nem todos os lemmings podem ser sempre salvos, o que é uma pena, já que não gosto de sacrificar qualquer dos roedores — mesmo que o game diga, com bom humor, que todos eles vão para o céu dos lemmings.Todos os comandos de Lemmings Touch, como seu nome bem indica, são feitos através da tela de toque do portátil da Sony. Exceção feita apenas aos botões superiores: pressionando o botão R, as ações são aceleradas, uma função muito importante, já que esperar em certos momentos deixaria o jogo bem monótono e enjoativo. O botão L, por sua vez, permite pausar a jogatina e arrastar a tela para verificar outros pontos do cenário, uma função muito bem-vinda para aqueles momentos de dúvida sobre o que fazer a seguir, sem que os seus lemmings tenham um final trágico.
A opção pelo uso da touchscreen é a mais natural e a melhor escolha para utilizar no PlayStation Vita em virtude de sua enorme e precisa tela. Ainda assim, não dá para negar que a precisão de um mouse não é perfeitamente emulada pela ponta de nossos dedos. Em alguns momentos, há uma certa dificuldade em selecionar a ação ou o lemming desejado, principalmente nas fases mais complexas, onde há muita coisa para fazer e o tempo está sempre contra o jogador.
Uma forma que o pessoal da d3t encontrou para aumentar a precisão foi o zoom, feito por um simples movimento de pinça na tela. Além disso, o lemming selecionado brilha, destacando-se dos demais. Contudo, mesmo assim, há confusão durante a jogatina, mas dificilmente uma solução melhor poderia ser encontrada, já que não dá para compará-lo com uma tela de computador com utilização de mouse.
Os comandos aos roedores são feitos de uma forma prática, através de uma roda flutuante, que aparece toda vez que tocamos no lemming desejado. São comandos simples, como cavar, escalar e utilizar o guarda-chuva (que serve como para-quedas). Caso a roda de comandos atrapalhe a visão, basta arrastá-la para uma posição mais neutra da tela.
Outra forma de interagir com os puzzles é movimentando os objetos estrategicamente colocados no cenário, como plataformas flutuantes (esqueça a física), canhões para lançar os lemmings e enormes blocos que obstruem o caminho. A mistura desses objetos com os comandos feitos aos lemmings deixará os seus dedos bastante ocupados.
Uma novidade na franquia foi a adição de lemmings maléficos. Eles podem ser identificados pelo cabelo de cor vermelha. Esses roedores não devem chegar à saída, o que significa que devemos impedi-los — sim, vamos dar um fim neles — ao mesmo tempo que precisamos ajudar os lemmings bons. Foi uma ideia interessante para diversificar a jogatina, mas pouco explorada no game. Nos próximos títulos da franquia, seria bom vê-los aparecendo mais.
O jogo possui cem fases, com quatro níveis de dificuldade. Há puzzles mais fáceis, inicialmente, e os mais complexos, que exigem mais habilidade dos jogadores — não é apenas saber o que fazer, tem que administrar bem tudo o que acontece na tela ao mesmo tempo.
Cada fase libera de uma a três estrelas, que servem para desbloquear outras fases, ao estilo Angry Birds e Cut the Rope, ambos para mobile. Os resultados melhores dependem do número de lemmings salvos e do tempo despendido para chegar ao ponto de salvamento deles. Não basta ser rápido se não houver qualidade.
De início é simples conseguir as três estrelas, mas gradualmente vai se tornando uma tarefa mais complicada e, embora seja gratificante consegui-las, não há um grande incentivo para jogar a fase novamente. A tentativa de aumentar a longevidade do game reduz-se a objetivos sugeridos, como construir escadas sobre uma saída. Esta ação serve para conseguir um determinado número de moedas, que são usadas para desbloquear visuais novos dos bichinhos (cor de cabelo e roupa, adição de bigode etc.), o que não é exatamente muito atrativo, apesar de divertido por um curto período.
Uma franquia revisitada
Os cenários de Lemmings Touch são bonitos e coloridos, apesar de não serem tão variados e se repetirem um pouco; ao menos quanto ao tema, que vai de Egito Antigo a um ambiente mais macabro, que parece referir-se ao Inferno — mas nada assustador, claro.Os clássicos efeitos sonoros da franquia marcam presença no game, como os famosos ô-ou, uhuu, thank you e outros. Também há músicas novas, mas totalmente no estilo lemmings: bem animadas e divertidas, como antigamente.
Ainda mantendo essa pegada clássica, a função de destruição coletiva continua lá. Se você tiver errado em alguma fase ou apenas estiver a fim de detonar seus lemmings, basta clicar no botão "bomba nuclear", localizado no canto inferior da tela, duas vezes para que a contagem de cinco segundos se inicie, com um final desastroso (ou divertido), no qual todos os lemmings da tela explodem ao mesmo tempo.
Lemmings Touch conta com a mesma pegada que os clássicos da franquia. Ainda que não haja grandes inovações — nem era essa a intenção —, o jogo traz tudo o que gostamos desses roedores hilários, e é uma ótima adaptação para o PlayStation Vita e sua belíssima tela de toque, mesmo com imprecisões ocasionais.
Prós
- Controles bem projetados para a tela de toque;
- Mantém o estilo consagrado da franquia;
- Lemmings são hilários.
Contras
- Os controles, apesar de bem adaptados, não são tão precisos;
- A ação fica um pouco confusa nas fases mais complicadas;
- Não há estímulo para rejogar o game.
Lemmings Touch — PlayStation Vita — Nota: 8.0
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Sybellyus Paiva
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