Blast from Japan

Conheça Final Fantasy Type-0 (PSP), RPG de ação que nunca saiu do Japão

Com belos gráficos e ótimo sistema de jogo, Type-0 é um dos destaques da série Final Fantasy que os fãs ocidentais não puderam conhecer.

A Square Enix tinha planos grandiosos para o universo de Final Fantasy XIII (PS3/X360): além do título para consoles de mesa, mais jogos fariam parte da mesma saga, que recebeu o nome Fabula Nova Crystallis. Um destes era Fantasy Agito XIII, que seria um RPG para celulares. O tempo passou e o projeto foi alterado: o novo título seria lançado para PSP com o nome Final Fantasy Type-0.


Type-0 foi um projeto ousado. Ele foi um dos poucos jogos do portátil que utilizava dois UMDs, o que encareceu o pacote. A justificativa dos desenvolvedores é que eles precisaram de mais espaço para deixar o jogo bem polido e com muitas cenas não interativas de qualidade. As promessas foram cumpridas: Type-0 é considerado um dos títulos mais bem elaborados do PSP. Infelizmente o RPG não foi lançado no Ocidente.

Uma guerra pelos cristais

Orience é uma terra dividida em quatro nações, cada qual possuindo um cristal com poderes distintos, baseados na mitologia asiática: Rubrum controla o cristal Suzaku, que provê poderes mágicos; Milites tem o cristal Byakko, que contém o poder das armas; o cristal Byakko, de propriedades defensivas, é de posse da nação de Lorica; e Concordia controla a força do dragão com o cristal Soryu. Mesmo com as profundas diferenças, as nações assinaram um tratado de paz e coexistiam sem conflitos.

Tudo muda quando Cid Aulstyne, um alto comandante de Milites, põe em ação seu plano de dominação mundial. Ele ignorou os tratados e usou o cristal de sua nação para construir equipamentos bélicos avançados. Uma dessas criações foi um dispositivo capaz de neutralizar o poder dos cristais. Com armas poderosas e investidas-surpresa, Cid e seu exército sobrepujou facilmente as defesas de Lorica e Concordia, restando somente Rubrum para a completa dominação mundial.
Cid Aulstyne e seus equipamentos bélicos
O que Cid não esperava é que a última nação seria difícil de dominar. Com os poderes do cristal da magia, as forças de Rubrum detiveram alguns ataques, até o artefato mágico ser destruído pelas forças inimigas. Com isso, o exército de Milites decidiu atacar Peristylium Suzaku, a academia de magia do reino. Não foi uma boa decisão: a investida foi repelida pelo Class Zero, um grupo de habilidosos magos da instituição. De posse do pouco poder que sobrou dos restos do cristal, o Class Zero inicia uma investida para deter a conquista de Cid.

Lutando pela liberdade

Final Fantasy Type-0 não tem personagens principais, o jogador acompanha a trama do ponto de vista do grupo Class Zero como um todo. A jogabilidade acompanha essa característica: é possível controlar qualquer um dos 14 membros da equipe de feiticeiros, cada qual com armas e habilidades distintas. A progressão é estruturada em missões principais e secundárias, nas quais participa uma equipe de três personagens que pode ser alterada livremente.


Além de explorar cidades e calabouços, os magos se aventuram no mapa-múndi. Ao contrário de outros JRPGs, o mapa não se limita a somente locomoção de um ponto a outro e apresenta algumas atividades por meio de dois minigames. Um deles é o combate com Airships: algumas missões envolvem confrontos aéreos entre a nave dos aliados e as forças inimigas, como dragões e outros veículos. Já o outro se passa no solo e consiste em dar ordens a vários pelotões em batalhas estratégicas em tempo real.

Um trio contra um exército

Mesmo com tantas opções no mapa-múndi, boa parte das missões se passam em combates em várias localidades de Orience. O sistema de batalha de Final Fantasy Type-0 é em tempo real e o jogador controla diretamente os personagens, de maneira similar à serie Kingdom Hearts. Cada botão do portátil corresponde a uma ação: triângulo é o ataque básico, círculo ativa a habilidade especial, quadrado desfere feitiços e xis é utilizado para movimentos defensivos e esquiva. Várias outras ações podem ser ativadas ao se combinar comandos.


Um grupo de três magos participa das missões. Enquanto o jogador controla diretamente um deles, os outros agem por meio de inteligência artificial. A qualquer momento é possível controlar outro personagem com o toque de um botão. Os membros do grupo Class Zero utilizam armas variadas — como cartas, pistolas e espadas —, o que muda significativamente a jogabilidade e estratégia de acordo com o mago escolhido. Os feitiços também têm propriedades distintas, como alguns que seguem inimigos e outros de curtíssimo alcance. Montar um trio balanceado é necessário para se dar bem nas missões. Feitiços e técnicas podem ser melhorados por meio do Alto Crystarium, um sistema onde a energia coletada dos inimigos derrotados fortalece as características dos heróis.

A estratégia no caos

As batalhas são em tempo real, mas atacar aleatoriamente não é uma boa ideia por conta da quantidade elevada de inimigos. É importante ficar atento e desferir os golpes somente no momento correto. Para reforçar a necessidade de atenção e cuidado, Type-0 conta com duas técnicas especiais: Break Sight e Kill Sight. Ao travar a mira em um inimigo, o indicador muda de cor momentos antes de ele atacar. Golpeie-o quando o círculo estiver amarelo para ativar o Break Sight, que desestabiliza o oponente e inflige uma grande quantidade de dano. Já o Kill Sight, que acontece ao atacar um inimigo quando a mira estiver na cor vermelha, derrota imediatamente o adversário. Estas técnicas são de difícil execução e deixam o herói completamente vulnerável caso o golpe não acerte o alvo.


Os tradicionais Summons também estão presentes em Type-0, mas funcionam de maneira diferente. Para utilizá-los, é necessário sacrificar todo o HP de um personagem. O invocador é substituído pela criatura, que pode ser controlada normalmente por qualquer membro do trio. Os Summons têm níveis próprios e também aprendem técnicas, além de contribuir com a evolução dos magos do Class Zero. O jogo também conta com um aspecto multiplayer, no qual jogadores podem auxiliar uns aos outros em momentos de dificuldade.

Um conflito exclusivo de solo nipônico

Final Fantasy Type-0 foi sucesso de crítica e público, sendo considerado um dos destaques do PSP e até melhor que jogos da série principal, como Final Fantasy XIII. Os motivos disso foram a ótima e variada jogabilidade, aliada à parte técnica impecável. O jogo inspirou dois mangás, que exploraram a trama de maneiras alternativas e vai receber uma continuação para celulares no segundo semestre de 2014.

Boa parte dos títulos da Square Enix para o portátil foram localizados e lançados no Ocidente, mas Type-0 não teve esse destino. Em entrevistas, o diretor de desenvolvimento afirmou que tinha intenção de lançar o título fora do Japão, mas até o momento isso não aconteceu. Existem muitas teorias sobre isso, sendo a principal delas o fato do PSP não ser tão popular no Ocidente e a proximidade do lançamento do Vita. E vocês, gostariam de conferir este Final Fantasy?

Revisão: Alberto Canen
Capa: Rafael Lam

é brasiliense e gosta de explorar games obscuros e pouco conhecidos. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de boardgames, game music, fotografia e livros. Além de mostrar seus cliques no Flickr, tem também um blog onde escreve sobre inúmeros assuntos e também pode ser encontrado no Twitter.

Comentários

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  1. Muito bom, joguei um pouco a versão japonesa no PSP. Torço para ser localizado no Ocidente.

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