Cuidado: esta análise contém spoilers da primeira temporada.
O que nos resta é sobreviver
All That Remains é o nome do primeiro episódio da segunda temporada de The Walking Dead e com ele já podemos ver o que sobrou de Clementine para contar história. Depois de perder Lee, amigo e figura paterna, a garota ficou completamente perdida e solitária. Mas quem esperou os créditos do primeiro jogo terminarem viu que ela acabou encontrando um casal muito conhecido.Sem explicar muita coisa do hiato entre as temporadas, já começamos acompanhados de Omid e Christa em um lugar isolado e nem um pouco seguro, afinal, nada no universo da franquia pode ser considerado seguro. Não se passaram nem 15 minutos de jogo e a Telltale já vai fazer você chorar de raiva ou de tristeza. A tela é tomada pelo título do jogo e você já sabe que isso é apenas o começo. Muitas pessoas vão morrer e é bom que nenhuma delas seja você.
Poucas escolhas, muita ação
Mais intuitivo e dinâmico, All That Remains é repleto de momentos de ação e angústia. Diferente da temporada anterior, que focava mais no suspense da trama, esse primeiro episódio mostrou um lado mais frenético que a série pode seguir. Ainda temos as antigas opções de escolher o que falar durante os diálogos, é claro, mas são os comandos e movimentos durante as cenas de ação que tomam conta do jogo.Poucos puzzles e alguns que não exigem muito raciocínio do jogador também são características marcantes. Parece que a produtora realmente decidiu seguir um caminho onde a intuição fale mais alto. Isso é bom ou ruim? Por um lado é bom, torna tudo mais prático e vai parecer que você está jogando um quadrinho ao invés de apenas lê-lo, mas para os grandes fãs de jogos de aventura pode ser um ponto negativo. Entretanto, toda a ação vai atrair a sua atenção de tal forma que você nem vai ter tempo para pensar sobre isso.
E não foi apenas a ação que deixou o jogo mais rápido, esse episódio realmente parece mais curto que os anteriores. Enquanto os outros levavam em média duas horas e meia, esse levou apenas uma hora e meia para ser concluído. Mas isso pode variar de jogador para jogador. Afinal, tudo que é bom dura pouco mesmo.
Muito karma nessa hora
A Telltale prometeu que todas as ações escolhidas durante a primeira temporada de The Walking Dead teriam suas consequências na segunda parte do jogo, desde que estejam todas salvas no HD do seu PlayStation 3. Por enquanto não foi possível identificar nenhuma dessas influências. Nada do que eu fiz anteriormente pareceu ter alguma relevância em All That Remains.Pode ser cedo para querer ver algo, mas seria interessante ter adicionado esse elemento logo na volta do jogo. 400 Days, o DLC do primeiro jogo, também não apresentou nenhuma diferença, nenhum dos personagens que conhecemos na curta expansão deram as caras.
Os gráficos estão excelentes, ainda melhores do que antes. Desde as expressões dos personagens até a sua movimentação nos ambientes, está tudo muito mais fluído. Com ótimos atores para dublar os personagens seria difícil pecar nesse quesito. A jogabilidade ainda permanece a mesma e não apresentou grandes diferenças, a não ser pelo layout das opções de comando na hora de examinar ou usar itens.
...tr-tr-troféuuuusss…
Se você corre atrás de troféus assim como zumbis correm atrás de cérebros, All That Remains pode decepcionar um pouco. Ao contrário do primeiro jogo que possuía toda uma lista de troféus que eram conquistados a partir dos episódios concluídos para ganhar a platina, agora você tem apenas oito troféus para alcançar os 100%. Isso só significa uma coisa: o jogo não terá platina.Entretanto, conforme os novos episódios sejam lançados até pode existir uma pequena chance de adicionarem a platina. Mas de qualquer forma vai ser uma média de oito troféus fácil, fácil por episódio. Tanto para os caçadores de troféus quanto para quem não liga muito para isso, você sai ganhando, afinal o jogo é ótimo e é The Walking Dead.
Arte de Daniel Machado |
Crescer para poder sobreviver
Com gráficos melhores e uma jogabilidade mais intuitiva, All That Remains trilha um caminho que valoriza mais a ação do que o suspense. Não precisamos mais ser apresentandos ao personagem principal para criar um elo emocional com ele, pois já acompanhamos a jornada de Clementine há tempos. Talvez por isso as coisas pareçam mais corridas. Mas de qualquer forma é preciso de uma pausa para criar uma relação com os personagens novos que estão surgindo.Alguns bugs podem aparecer e atrapalhar o jogo, nas telas de loading entre uma cena e outra ou nos momentos de mais ação. Nada que faça uma grande diferença, mas é difícil não ser percebido. Vamos torcer para que eles sejam corrigidos nos próximos episódios.
A segunda temporada de The Walking Dead diverte e emociona logo em sua estreia. Mas ainda é uma criança assustada que precisa crescer, assim como Clementine, para poder sobreviver e ficar à altura do sucesso e repercussão da temporada anterior.
Prós
- Jogabilidade mais intuitiva;
- Momentos de ação e angústia, que já são marcas registradas da franquia;
- Dublagem expecional;
- Agora você é a Clementine.
Contras
- Muito curto;
- Poucos puzzles;
- Alguns bugs atrapalham a dinâmica do jogo.
The Walking Dead: Season 2 – Episode 1: All That Remains – PS3 –
Nota: 8.0
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Migueis
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