Lançado ao final de 2006, Lost Planet: Extreme Condition era uma das promessas entre as novas franquias que estavam nascendo na então novíssima sétima geração de consoles. Contando com uma narrativa diferenciada, gráficos fenomenais (para a época) e uma ambientação que proporcionava um alto grau de imersão, o título da Capcom só não decolou por conta de alguns problemas em sua jogabilidade, que em certos momentos era um pouco travada e acabava prejudicando a experiência. Quase sete anos – e uma sequência dispensável – depois, a franquia recebe mais um título pelas mãos da Spark Unlimited, desenvolvedora formada pelos idealizadores de Medal of Honor. Lost Planet 3 prometia voltar às origens da série com uma aventura mais focada no enredo.
A salvação da Terra
Lost Planet 3 se passa décadas antes do primeiro título da
franquia e conta como se deu a colonização do planeta E.D.N. III pelas mãos da
NEVEC, corporação antagonista de toda a série. Nessa época, o grupo buscava
colonizar o planeta para torná-lo habitável para os seres humanos e de quebra
extrair recursos do local para salva a vida na Terra. No controle de Jim
Peyton, membro da NEVEC que acaba de desembarcar no planeta gelado, o jogador
deverá explorar cada canto do local, enfrentando criaturas hostis, instalando
estruturas termais que permitam a sobrevivência humana no local e, claro,
controlando gigantescos Mechs.
Nada como um planeta inteiro para colonizar... |
Ao contrário do segundo jogo da franquia, que deixou de ser
completamente focado no enredo, Lost Planet 3 retorna às suas raízes e oferece
uma experiência para apenas um jogador com missões bem mais envolventes, que se
fazem valer graças à imersiva narrativa que mantém qualquer um preso ao jogo
até o final. Mas não pense que o gameplay é completamente linear: apesar de não
possuir um mundo aberto tal como os de sandboxes tradicionais, Lost Planet 3
conta com um imenso planeta a ser explorado e com diversas missões paralelas
que podem fornecer os mais valiosos recursos para facilitar a jornada
principal.
Explorando o inexplorável
Apesar do excelente enredo e da ótima ambientação, Lost
Planet 3 não conta com uma jogabilidade tão refinada. Os controles de Jim
Peyton são pesados e nem sempre respondem da forma que deveriam, o que torna a
experiência frustrante em alguns momentos. Certos inimigos são fortes e muito
ágeis, como deveriam ser, mas os comandos do herói simplesmente não foram
feitos para acompanhá-los. Durante as seções de exploração os problemas são
menos evidentes. Desbravar o mundo desconhecido é algo extremamente gratificante,
ainda mais levando em conta o excelente trabalho artístico realizado pela
desenvolvedora. Ainda assim, alguns bugs um pouco irritantes podem prejudicar
ainda mais a experiência já debilitada. Jim atravessa algumas paredes e certos
comandos automáticos, como o do ícone para usar o gancho para rapel, nem sempre
aparecem quando devem aparecer, dificultando ainda mais a execução dos já não
tão fáceis comandos do jogo. O problema fica ainda mais evidente quando
precisamos utilizar os equipamentos no calor de uma batalha e a imprecisão
acaba ocasionando mortes desnecessárias. Por sorte, o jogo possui checkpoints e
saves automáticos aos montes, tornando o problema um pouco menos crítico.
Apesar dos problemas, explorar E.D.N. III não deixa de ser divertido! |
No controle dos Rigs – os Mechs do jogo – a coisa fica bem
mais legal. Apesar dos controles lentos, justificáveis pelo peso e pelas
características do robô, explorar o planeta a bordo de um mech proporciona uma
sensação incrível! Os Rigs ainda não são militarizados, dado que na época em
que o jogo se passa, a NEVEC deseja apenas explorar o planeta para extrair seus
recursos. Graças a isso, o mais próximo de uma arma que o equipamento possui é
uma espécie de broca para abrir caminho pelo gelo e extrair minerais. Para
completar, os Rigs possuem um comunicador, pelo qual os membros da equipe
conversam entre si, e um tocador de música para embalar nossas andanças por
E.D.N. III.
No controle dos Rigs a exploração é muito mais eficiente |
Como dito anteriormente, certas missões do jogo dão
prosseguimento à história e outras, paralelas, acrescentam mais à mitologia do
planeta e nos esclarecem melhor a respeito da NEVEC. As missões paralelas são
divertidas e fornecem itens que tornam a jornada mais fácil, e Jim e seu Rig
mais fortes. É possível customizar o Rig com peças encontradas durante a
aventura, para torná-lo mais eficiente – e o próprio protagonista vai recebendo
novos equipamentos conforme avança em sua jornada.
A beleza de E.D.N. III
Além do enredo imersivo, outra coisa que chama a atenção em
Lost Planet 3 é o empenho da Spark Unlimited em criar a atmosfera de um planeta
hostil e não explorado. Os gráficos são belíssimos, sejam in-game ou durante as
excelentes cutscenes que permeiam a aventura. E a qualidade não é apenas
técnica, pois é fácil perceber que a desenvolvedora tem um senso artístico
incrível para criar paisagens, sejam a céu aberto ou de cavernas escuras e
desoladas. Os inimigos também possuem uma modelagem incrível e são realmente
intimidadores, o que aumenta ainda mais a imersão da aventura.
Os gráficos são de deixar qualquer um de queixo caído! |
Contudo, a melhor parte de tudo isso é a interpretação dos
atores. Contando com uma dublagem acima da média, os personagens são críveis e
parecem, de fato, possuir sentimentos. As conversas entre Jim e sua esposa, que
o aguarda em seu planeta natal, são carregadas de emoção e a interação entre o
personagem e sua equipe é, em grande parte, cômica. O texto colabora muito pra
isso, fazendo com que o jogador se flagre rindo sozinho em alguns momentos,
dado o carisma dos personagens. De quebra, o jogo possui legendas em português
brasileiro, o que em um jogo focado no enredo, é excelente para os jogadores
que não possuem domínio da língua inglesa.
Grande destaque da aventura, a atuação dos personagens é impecável |
Oportunidade desperdiçada
Lost Planet 3 poderia ter sido um jogo excelente, mas é
apenas bom. Com um enredo que conta as origens da série e uma ambientação de
cair o queixo, o jogo se perde graças à imprecisão de seus controles e aos
eventuais bugs que permeiam a jogabilidade durante toda a jornada. Mesmo assim,
o título é altamente recomendado para fãs da franquia que desejam conhecer
ainda mais sobre a mitologia do planeta E.D.N. III e sobre as motivações da
NEVEC, que a levaram a se consolidar como o inimigo maior nas outras duas
entradas da franquia. Lost Planet é uma série com imenso potencial, mas para
que se torne tudo o que merece e pode ser, ela precisa, urgentemente, ter seus
controles e mecânicas refinadas.
Prós
- Gráficos belíssimos;
- Excelente narrativa;
- Personagens carismáticos;
- Missões paralelas que adicionam muito à aventura;
- Momentos épicos e divertidos.
Contras
- Jogabilidade inconsistente;
- Falta de polimento nas mecânicas.
Lost Planet 3 – PlayStation 3 – Nota: 7.0
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Daniel Silva
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