Quebrando tradições
Mas a história de Tidus e da épica peregrinação da jovem
Yuna não serviria de marco apenas em questões de inovação técnica. Final
Fantasy X também foi o primeiro Final Fantasy que fez sua produtora quebrar uma
tradição de mais de uma década, que pregava jamais utilizar universos e
histórias de um jogo da franquia por mais de uma vez.
A nova tendência foi motivo de alegria para aqueles que se
apegam a um dos universos ou conjunto de personagens da série, e de
desgosto para aqueles que sempre amaram Final Fantasy justamente pela
capacidade que seus criadores tinham de compor universos cada vez mais diversificados,
exuberantes e fascinantes a cada novo lançamento com o nome da franquia.
Verdade seja dita, antes de Final Fantasy X-2, a série tinha
nela direcionada uma reunião de esforços criativos bem maior, capaz de gerar
uma obra-prima atrás da outra. Contudo, apesar disso, não podemos desmerecer a
qualidade de Final Fantasy X-2 que, mesmo estando carregado de símbolos de
ruptura com anos de tradição conceitual, nem por isso deixa de ser um ótimo
jogo.
Os anos depois de Sin
Isso tudo acontece dois anos após o triste e emocionante
desfecho do primeiro jogo. Yuna, que é vista como a principal responsável pela
derrota definitiva de Sin e pela libertação de Spira, se tornou mundialmente
reconhecida como a heroína que trouxe a Eternal Calm para o mundo, um período
de paz que todos julgavam ser definitivo para Spira.
Rikku, Yuna e Paine. A ex-evocadora não enfrenta seus novos obstáculos sozinha. |
Confronto de ideais
Vários membros de grupos políticos e religiosos sonham em
ter o apoio daquela que salvou a humanidade da ameaça de Sin, mas Yuna tenta
manter-se imparcial o máximo que pode. Contudo, no fim das contas, caberá ao
jogador decidir ao longo do jogo de que lado o grupo da ex-evocadora vai ficar
nisso tudo.
Em meio a esses conflitos políticos e ideológicos quase
pacíficos e durante a própria busca de Yuna, uma nova ameaça milenar surge, vinda
diretamente do período em que ocorrera a grande guerra entre Zanarkand e
Bevelle, que resultou no aparecimento de Sin e na destruição de Zanarkand. Ao
longo da narrativa, passado e futuro se conectam novamente, e o jogador deve a
todo o custo tentar impedir mais uma vez a destruição do mundo.
Mesmo mundo, nova atmosfera
"Brother's Angels" |
Porém, quando analisamos o jogo com cuidado e calma,
percebemos que até mesmo o fato de Yuna parecer drasticamente diferente logo se
mostra como algo que está muito mais ligado ao seu visual do que à sua personalidade.
A personagem, apesar de um pouco mais animada e ousada, continua sendo aquela mesma garota
altruísta e determinada com um leve toque de timidez e inocência que conhecemos em Final Fantasy X.
Asas de Gaivota
No período em que se passa o jogo, estão surgindo grupos de
pessoas por todo o planeta que passam a caçar tesouros e relíquias antigas do
período de antes de Sin, que remontam um passado pouco conhecido para os
habitantes de Spira. Dentre estes estão os Sphere Hunters (Caçadores de
Esferas), que varrem o mundo em busca dos artefatos de memória. Yuna, após
receber a esfera de memória de Kihmari, acaba decidindo participar de um grupo
de Sphere Hunters, ao lado de Rikku, Paine (uma nova personagem), Brother
(irmão de Rikku) e Shinra, uma criancinha superdotada que disputa a liderança
do grupo com Brother. Juntos, esses engraçados e carismáticos personagens são
conhecidos como os Gullwings (Asas de Gaivota).
Brother e Shinra, auto-intitulados cérebros da equipe |
Dresspheres
Dentre essas esferas de memória, existe um tipo muito
especial que confere, a quem a possuir, acesso direto às habilidades do seu
portador original. No decorrer do game, Yuna, Rikku e Paine coletarão e poderão
utilizar tais esferas para habilitar um dos mais robustos e dinâmicos
sistemas de classe já vistos em um Final Fantasy. Um sistema em que você
controla as três personagens através de batalhas em tempo real com suporte a um
estiloso esquema de troca de classes durante o decorrer das lutas. Algo
que chega a ser até mais funcional e robusto que o recentemente criado Paradigm
System, de Final Fantasy XIII.
As batalhas abandonam o sistema quase estático de turnos que
fora usado em Final Fantasy X e voltam a acontecer em tempo real, fazendo uso
da já bastante familiar barra de ATB. Algo que deixou os embates bem mais
dinâmicos, ainda mais que agora todos os participantes da luta podem executar
suas ações simultaneamente. As cinemáticas evocações de aeons saem de cena e
abrem espaço para o visualmente impactante sistema de troca de classes através
das dresspheres.
Vários caminhos para uma mesma história
Celsius, a airship artrópode |
Menu de navegação acessado pela ponte de comando da Celsius |
Ao completar o jogo você ainda poderá reiniciá-lo em um modo
New Game+ que conserva todos os itens e habilidades do jogo terminado, sendo
que só o nível dos personagens não é mantido.
O iconoclasta fiel às origens
Nem todos apreciaram Final Fantasy X-2, mas a verdade é que
ele é um jogo com gameplay e narrativa muito bem executados, que com certeza
foi um dos melhores lançamentos para o PlayStation 2 e que ,em alguns aspectos,
foi até mais fiel às raízes da série do que o próprio Final Fantasy X, graças,
por exemplo, ao seu ostensivo sistema de classes, ou mesmo graças à volta
da utilização dos pontos de experiência e dos pontos de habilidade para subir o
nível dos personagens e das classes. Com o lançamento da versão em HD a caminho do PS3 e do PS Vita, este se torna um título do passado mais do que
recomendado para se por nas listas de jogos a serem jogados num futuro próximo.
Capa: Daniel Silva
Comentários