O primeiro Guitar Hero pode ser considerado apenas mais um jogo de música e ritmo ou um jogo casual, mas na verdade foi um grande fenômeno. Lançado em 2005 nos Estados Unidos, é o resultado de uma união colaborativa entre Harmonix Music Systems e RedOctane. Em versões posteriores, a Harmonix foi substituída pela Neversoft, enquanto a RedOctane tornou-se uma divisão da Activision que depois foi fechada.
O primeiro Guitar Hero vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e faturou diversos prêmios renomados, como melhor do ano pela IGN, melhor jogo musical, melhor trilha sonora e vários outros. Até a guitarrinha ganhou um prêmio de melhor periférico.
GuitarFreaks e a história de Guitar Hero
Algumas pessoas não sabem, mas Guitar Hero foi inspirado em GuitarFreaks, um arcade japonês que apesar do imenso sucesso não conseguiu sair muito do território nipônico. GuitarFreaks ainda existe e está mais ou menos na décima nona versão. Possui um controle parecido com o do GuitarHero que conhecemos hoje, porém menor e com apenas três botões.
Guitar Hero começou inovando por trazer para o ocidente uma experiência quase exclusivamente oriental e colocá-la dentro de casa: em um PS2, liga-se uma guitarrinha de plástico e qualquer um que não pretenda sair de casa (ou do país) para jogar, pode se divertir tranquilo sozinho ou com os amigos.
Na hora de importar a ideia, o que mais contou positivamente foi o repertório. Enquanto GuitarFreaks possuía um tanto de rock e um sem-fim de j-pop, Guitar Hero foi a fundo no rock e metal que moldou a personalidade de jovens a dinossauros. Até um pouco de Indie a empresa colocou na sopa. Os mais tradicionais não podem reclamar, os gostos vão de Black Sabbath a Jimi Hendrix, passando por Queen e Joan Jett. Quem curte um punk tem de Ramones a Bad Religion. E quem for muito, muito jovem e não ouviu um CD sequer dos pais pode se acabar nas guitarras de Franz Ferdinand, Sum 41, Audioslave, só para citar alguns. Esse rock todo deu um bom caldo.
Os riscos de uma proposta ousada
Hoje Guitar Hero é super conhecido, muita gente adora e a maioria das pessoas conhece. Mas como o mundo não nasceu com esse jogo pronto, um dia alguém teve que fazê-lo. E como todo processo criativo, teve um ou outro obstáculo. Os desenvolvedores trabalharam com o orçamento de mais ou menos um milhão de dólares, no total, o que é bem pouco se comparado a grandes títulos. Ninguém sabia ainda o sucesso que o game ia alcançar.
Nem todas as músicas puderam ser licenciadas completamente, então várias faixas tratam-se de covers. A maioria é imperceptível, mas alguns vocais denunciam o áudio não original. Pagar uma banda inteira para fazer cerca de 50 covers e gravá-los, ainda é mais barato do que o processo total de aquisição de direitos das gravações. Claro que esse probleminha financeiro só afetou o Guitar Hero I, época distante quando esse sucesso estrondoso ainda era uma ideia incerta.
Sendo um rockstar
Depois de tanta luta para lançar o jogo, a hora é de brilhar. Quem não aprendeu a tocar guitarra ainda pode recuperar o tempo perdido, pelo menos na sensação de tocar os maiores clássicos e arrasar com diversas platéias. O jogo fez de tudo para ajudar nesse sentido. Até criou personagens com os principais estereótipos no mundo das guitarras. Metaleiro, punk, gótica, a lista começou bem no primeiro jogo e só foi crescendo nos seguintes.
A jogabilidade também contribui totalmente para a construção de um cyber rockstar. Apertamos os botões no lugar das casas com a mão esquerda e "tocamos" as "cordas" na mão direita no momento certo e no ritmo da música, guiados por uma esteira que desliza com as "notas", cada uma de uma cor e ainda com direito a alavanca whammy em certos momentos. Algumas notas têm um apertar e soltar da mão esquerda que lembram técnicas reais de guitarra, os famosos hammer-ons e pull-offs. Todo esse feeling de rockstar ainda incentivou uma garotada a procurar aulas de guitarra de verdade.
Ahhh mini Guibson SG
Hoje contamos com vários modelos de Guitarra para escolher, mas o primeiro Guitar Hero mesmo veio com uma bela miniatura de nada menos do que a Gibson SG. Lançada na década de 60 após quase dez anos de soberania da Les Paul, foi a escolha de Tony Iommi, Eric Clapton, Frank Zappa e muitos muitos outros.
Com aproximadamente 75% do tamanho de uma original e bem leve, a guitarrinha fez o maior sucesso. Até os controles de ganho e volume viraram start e select, dando um acabamento perfeito. Com direito a sentir-se uma estrela de verdade, principalmente na hora do Star Power.
Revisão: Luigi Santana
Capa: Felipe Araujo
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