Um casulo para os humanos
Final Fantasy
XIII narra os acontecimentos dramáticos e pré-apocalípticos de um mundo
habitado por humanos e por uma raça de seres supostamente superiores, divinos e
imortais: os fal'Cie. Na história, uma parcela dos fal'Cie, denominada de
Sanctum, é responsável pela construção e pela manutenção de Cocoon, um planeta
utópico e futurista criado supostamente para a melhor conservação da vida e do
bem-estar dos humanos.
Sustentado
magicamente pelas divindades do Sanctum, Cocoon paira de forma imponente sob a
atmosfera do gigantesco e selvático planeta Pulse. Mas, em contraponto, expõe em
sua superfície, para todos verem, uma cicatriz deixada como resultado de uma
antiga guerra. Um símbolo de terror e pavor que encontra lugar no coração dos
habitantes de Cocoon há várias gerações.
Inimigos do mundo
De tempos em
tempos, os fal'Cie usam humanos para realizarem tarefas por eles. Os escolhidos
são marcados pela divindade com uma tatuagem, recebem poderes mágicos e passam
a ser chamados de l'Cies. Os fal'Cie que habitam o planeta Pulse se
auto-declaram inimigos de Cocoon, e em Cocoon, qualquer pessoa que venha a
entrar em contato com um fal'Cie de Pulse passa a representar uma grande ameaça à sociedade e ao mundo, pois todos temem que essa pessoa tenha se tornado um
l'Cie sob o comando de uma divindade em busca da destruição de Cocoon.
No jogo você controla um grupo de l'Cies que foram tatuados por um fal'Cie de Pulse. Em meio aos dramas e buscas pessoais de cada um dos heróis, que serão destrinchados em detalhes ao longo das quinze primeiras horas de jogo, ficará evidente um ideal comum entre os guerreiros que será representado pela luta que travarão contra o próprio destino que os empurra ou para a destruição de Cocoon ou para a auto-destruição.
Não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz
O que mais
desapontou os fãs mundo a fora desde o seu lançamento, em
2010, foi o fato de Final Fantasy XIII ter elevado o sentido literal da palavra
"linearidade" a um patamar jamais visto antes na história da franquia. Apesar da base mitológica fantástica e do enredo envolvente e consistente, o jogo peca na estrutura de seu fluxo de gameplay. Na
maior parte do tempo você é obrigado a seguir em frente, de locação em locação, por um caminho estreito e único enquanto enfrenta hordas e mais hordas de inimigos e, ocasionalmente, coleta aqui e ali itens genéricos e sem muito apelo utilitário
imediato.
Os personagens principais são todos muitíssimo bem construídos e a narrativa é impecável, mas passar o jogo fazendo praticamente a mesma coisa acaba gerando
tanta agonia no jogador que muitos comparam andar pelos cenários do jogo com
caminhar por imensos corredores estreitos infestados de inimigos e com algumas
bifurcações ilusórias aqui e ali.
A verdade é que, apesar de o visual do jogo ser um colírio para os olhos − com modelos otimamente texturizados e renderizados em 1080p −, eles não conseguem por si
só reproduzir toda a magia da franquia que está presente em seus títulos anteriores. Os cenários são belos, mas numa grande quantidade de situações são desprovidos de atmosfera emocional consistente, e em geral são muito mal aproveitados. Não há quase nada além da estética que faça com que o jogador se envolva com as locações.
As poucas cidades que visitamos são populadas por uma miríade de NPCs que em
totalidade são mais objetos de cenário do que personagens, graças à quase adimensionalidade de suas personalidades.
E, para infelizmente piorar ainda mais o quadro resultante de tudo o que foi dito de negativo até agora, a esmagadora maioria dos cenários, com exceção de algumas zonas de Pulse, só é visitada uma única vez.
As batalhas
Eis o ponto alto do gameplay desse jogo: as batalhas. Talvez Final Fantasy XIII tenha o sistema mais dinâmico e desafiador de todos os já implementados para a série. Pode ser que isso não fique tão claro a princípio, já que nas primeiras horas de jogo a vitória nas batalhas é praticamente entregue de bandeja para o jogador. Mas não se engane. Ao longo do jogo você será desafiado até o limite. E não será nem um pouco incomum você morrer de vez em quando até para inimigos comuns (os que não são chefes).
A maioria dos adversários, para ser vencida, requer um bom planejamento estratégico por parte do jogador, que no encerramento do embate é recompensado com Technical Points (usados para evocar Eidolons e executar algumas habilidades), de acordo com sua eficiência em combate, e com Crystogen Points, que são usados para evoluir os atributos e adquirir novas habilidades para os personagens.
Cada Eidolon está associado a apenas um personagem. |
Geralmente as equipes de batalha são compostas por três dos seis personagens protagonistas. O jogador controla manualmente apenas o líder do grupo, mas cada um deles pode assumir um determinado número de funções (ou jobs) diferentes em campo. Partindo disso, no jogo chamamos de Paradigm uma combinação de funções de até três personagens diferentes. Por exemplo, a união entre um personagem na função de realizar ataques físicos, um que esteja na função de lançar magias ofensivas e um outro que se foque em curar, compõe um Paradigm do tipo Ataque Físico / Magia Ofensiva / Suporte Médico.
O jogador, combinando personagens e funções diferentes, pode montar uma grande gama de variações de Paradigm. E o mais legal disso tudo é que você pode trocar de um Paradigm para outro dinamicamente no meio das batalhas.
As ações são
executadas através de listas de comando montadas com pedaços da já famosa barra
de ATB. Comandos semelhantes ao de uma magia de baixo nível ou ao de um ataque
básico com uma gunblade, por exemplo, requerem apenas um pequeno pedaço desta
barra. Sendo assim, num único turno e no controle de apenas um personagem o
jogador pode ,em última instância, executar até seis tipos diferentes de ações
básicas.
Já os comandos de nível mais avançado, como o lançamento de uma magia
Thundaga, por exemplo, podem causar um bom dano em uma área considerável de
terreno, mas em geral exigem que seja usado um bom pedaço da barra de ATB no
processo de suas execuções, isso se não precisar usá-la por completo.
Obra-prima incompleta
Final Fantasy XIII, talvez por ter sido criado com o uso de uma engine que a própria Square
Enix desenvolveu, teve um valor de produção que figura entre um dos mais altos da
história dos videogames, com orçamento girando em torno de sessenta milhões de
dólares. Ainda assim, apesar do grande esforço para a criação do título, fica claro para os fãs de longa data da série que o jogo ficou devendo bastante em
conteúdo. O game possui um visual de fazer cair o queixo, é movido por uma narrativa fantástica e possui um riquíssimo embasamento mitológico, criado exclusivamente para os jogos da Fabula Nova Crystallis. Mas com cenários mal aproveitados, linearidade quase extrema e absoluta, NPCs desinteressantes e a quase ausência de cidades, no final, a sensação que fica é a de que a obra foi publicado sem ter sido realmente concluída. E isso ficou ainda mais evidente com o lançamento de sua sequência: Final Fantasy XIII-2, que mostrou bem mais a respeito de tudo o que Final Fantasy XIII poderia ser mas acabou não sendo. Contudo, apesar dos reveses, Final Fantasy XIII ainda assim consegue ser muito bom. Tanto que este redator já chegou a terminá-lo cinco vezes e está partindo agora para a sexta finalização.
Prós
- Sistema de batalha dinâmico, desafiador e viciante;
- Protagonistas com perfis de personalidade sólidos e interessantes;
- Graficamente uma obra-prima;
- Ótima narrativa.
Contras
- Cenários mal aproveitados;
- Fluxo de jogabilidade monocórdico;
- Linearidade extrema.
Final Fantasy XIII - PlayStation 3 - Nota: 7.5
Revisão: Jaime Ninice
Capa:Vitor Nascimento
Capa:Vitor Nascimento
Gostei desta reportagem e estou curioso por botar as mãos na trilogia Final Fantasy XIII, para poder assim ver se FF13 é tão ruim quanto muitos afirmam, até hoje minhas únicas decepções em relação a FF, foram justamente FF6,FF9 e Dirge Of Cerberus...
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