Em janeiro deste ano, a icônica franquia Devil May Cry
recebeu uma nova face sob as mãos da Ninja Theory, desenvolvedora européia
responsável por títulos como Heavenly Sword e Enslaved: Odyssey to the West.
Apesar de muita gente ter torcido o nariz para a nova direção artística da série,
é inegável que a desenvolvedora realizou um excelente trabalho com o universo
do game, trazendo-o para um patamar completamente novo e dando mais
personalidade não só aos personagens como também ao mundo em que se passa a
aventura, que é cheio de vida e conta com um dos visuais mais incríveis já vistos
em videogames nos últimos anos.
Pouco menos de dois meses depois do lançamento do título, foi lançado o primeiro DLC do game: Vergil's Downfall, que conta o que aconteceu com o irmão de Dante após os eventos do primeiro jogo e que, de quebra, apresenta um desfecho perfeito que dá gancho para uma futura (e provável) sequência.
A desgraça de Vergil
Como dito, o enredo deste DLC se passa momentos após o
término da aventura principal. Vergil, que acabara de ser derrotado por Dante, atravessa
um portal de luz que o leva diretamente para a casa em que fora criado com o
irmão. Com uma ferida aberta em seu coração, o Nephilim começa a explorar seu
passado e a enfrentar seus demônios para que, finalmente, consiga encontrar a
saída daquele lugar. A aventura é dividida em seis fases e segue muito o estilo
da aventura principal, mas com uma série de diferenças fundamentais,
essencialmente na jogabilidade.
O estilo de luta de Vergil é bem mais lento se comparado ao de seu irmão |
Os controles de Vergil são muito parecidos com os de Dante:
há um botão de ataque com arma branca, outro para lançar inimigos e ainda temos
o excelente sistema de golpes com armas angelicais ou demoníacas. A única
grande diferença aqui é que ao invés de se utilizar de duas pistolas para
atacar à distância, Vergil lança espadas contra seus inimigos − que,
na prática, gera um efeito muito parecido. Contudo, a curva de aprendizado para
dominar os controles do personagem é bem mais inclinada. Isso porque apesar dos
comandos serem os mesmos, o ritmo e a velocidade de Vergil são muito diferentes
dos de Dante, que é bastante rápido e fluido. Não se assuste se você já
finalizou DmC com uma toneladas de pontuações SSS no decorrer das fases e não
conseguir nada mais que um B na nova aventura. Ela é mais difícil e se
acostumar com o estilo de luta do personagem é bem mais complicado. Mesmo
assim, o jogo estimula os jogadores a melhorarem cada vez mais suas pontuações
e estilo de luta, o que aumenta muito o fator replay da aventura.
Falando em replay, Vergil's Downfall conta com o mesmo
sistema de upgrades da aventura principal e possui diversos colecionáveis
espalhados pelas fases, estimulando ainda mais a revisitação à jornada pessoal
do personagem. Infelizmente, as seis fases juntas duram em torno de duas horas,
o que é muito pouco e acaba deixando um gostinho de quero mais aos jogadores.
Mesmo assim, cabe lembrar que estamos falando de um DLC, e, levando-se em conta
isso, percebemos que seu conteúdo até que é robusto se comparado a outros que
pouco adicionam à experiência dos jogadores. O excelente sistema de pontuação criado
pela Ninja Theory, somado à grande quantidade de colecionáveis e upgrades acabará
por estender significativamente a vida útil do conteúdo. Além disso, assim como
na aventura principal, há modos de dificuldade desbloqueáveis que dão uma nova
dinâmica aos combates e estimulam ainda mais o aperfeiçoamento dos jogadores no
sistema do jogo.
Produção (quase) perfeita
Vergil's Downfall possui os mesmos excelentes gráficos da
aventura principal e a direção artística continua lindíssima. Contudo, o padrão
de criação de cenas exibido durante a aventura de Dante foi descartado e
substituído por um que utiliza animações ao estilo de uma HQ. Os traços até são
bonitos, mas a opção por esse tipo de animação acaba afastando os jogadores do
enredo e da imersão proporcionada pelo título. Na aventura de Dante, as cutscenes são extremamente bem
produzidas e criam um forte elo entre os personagens e o jogador, isso é algo
que não acontece de maneira tão intensa por aqui.
Os inimigos infelizmente são pouco variados e, no decorrer da aventura, você mal encontrará cinco tipos diferentes. A trilha sonora também não se destaca muito – há vários momentos sem tema algum e outros tantos com músicas completamente descartáveis. No entanto, o excelente trabalho de dublagem da aventura principal continua excelente por aqui, com destaque a Vergil, que se mostra, pela primeira vez, como um ser frágil e cheio de conflitos internos a serem resolvidos, o que nos traz até certa empatia pelo personagem.
Apesar de belas, as cutscenes não passam a mesma emoção das da aventura principal |
To be continued...
Vergil's Downfall serve não só como epílogo de DmC, mas
também como prólogo para uma provável sequência do título, já que possui um
desfecho bastante intrigante, que deixará os jogadores ansiosos por mais. O DLC
está longe de ser perfeito, já que é muito simples em seu nível de produção e tem
uma jogabilidade que não possui toda a fluidez da aventura principal. Mesmo
assim, para os que curtiram muito as aventuras de Dante em busca de vingança e
liberdade para os humanos, Vergil's Downfall é uma boa forma de visitar o Limbo
mais uma vez.
Vergil’s Downfall (DmC: Devil may Cry) – PlayStation 3 – Nota: 7.5Preço: R$ 18,99 | Disponível na PlayStation Store
Revisão: Samuel Coelho
Comentários