Um mundo fragmentado
O mundo de Fa’Diel já viu dias melhores. A Árvore da Mana, fonte de toda a vida e magia do planeta, queimou e secou completamente. Depois disso, a energia mana tornou-se escassa, o que resultou em uma grande guerra por poder entre todas as raças. O conflito durou várias eras e não houve vencedor, já que o pouco que restava da mana desapareceu. Enfraquecida, a árvore entrou em um sono profundo. Sem a energia vital para sustentá-las, as várias localidades do mundo foram transformadas em artefatos, em uma tentativa de guardar um pouco da vida que ainda restava em Fa’Diel.Muitos anos depois, a esperança apareceu. Um herói sem passado e memórias encontra um estranho artefato: uma caixa de correio. Quando ele menos espera, o objeto torna-se um lugar, que não passa de uma bela casa. Ao adentrar o recinto, o herói tem uma visão, uma mensagem da própria Árvore da Mana. A mensagem é simples: “Por favor, me encontre e restaure a mana do mundo!”. Após isso, o misterioso herói parte em uma jornada para reconstruir o Fa’Diel.
Uma multitude de histórias
Em Legend of Mana o próprio jogador é o protagonista e reconstroi Fa’Diel da maneira que bem entender. Dois personagens estão disponíveis: um rapaz e uma garota. A diferença entre eles é puramente visual, já que a história e a jogabilidade é idêntica para ambos. A estrutura da trama é bem única: ao invés de uma única história central, o jogo é composto de inúmeras missões, em sua maioria interligadas. Algumas são bem simples, já outras envolvem vários passos para serem completadas. Isso acabou sendo uma faca de dois gumes. De um lado essa abordagem é criativa e inusitada, contando com uma trama rica, sendo cada missão uma peça de um mosaico. Entretanto a inexistência de um fio principal de história não foi tão bem recebida.Conforme avança pelas missões, o protagonista recebe inúmeros artefatos. Cada um destes itens corresponde a uma cidade ou calabouço e o jogador escolhe no mapa onde a nova localidade deve ficar. A organização dos locais influencia várias coisas em Fa’Diel, como os itens vendidos nas lojas, a disponibilidade de certas missões e os inimigos de cada região. Dominar este sistema é essencial para ver tudo o que o game tem a oferecer.
Construa o mundo à sua maneira |
Combate variado
Continuando a tradição da série, as batalhas de Legend of Mana são em tempo real. Entretanto, o sistema de luta é novo e único, contando com várias características exclusivas deste episódio. Os confrontos não apresentam transição de tela e podem acontecer a qualquer momento. A jogabilidade lembra levemente um jogo de luta: ataques podem ser combinados em sequências devastadoras, com direito a técnicas especiais de belo visual. O game oferece multiplayer para dois jogadores, no qual o segundo participante controla o personagem que estiver acompanhando o protagonista naquele momento.Inúmeras armas estão à disposição do jogador: espadas, lanças, cajados, luvas, martelos e vários outros equipamentos, cada qual com particularidades em batalha. O protagonista conta também com movimentos de suporte como defesa, pulo e investida. O mais interessante é que é possível combiná-los e aprender movimentos completamente novos. Quanto mais movimentos aprendidos, mais técnicas especiais são desbloqueadas.
Uma longa aventura
Além das 67 missões, Legend of Mana oferece inúmeras outras atividades, centradas na casa do herói. A principal delas é a oficina. Lá é possível forjar e melhorar equipamentos, o que é essencial para conseguir sobreviver aos níveis de dificuldade mais avançados. O protagonista também pode construir golens, robôs que acompanham o jogador e atacam em combate. Instrumentos musicais, que lançam poderosos feitiços, também são uma das opções disponíveis para construção na oficina. Existe também um sistema de captura e treinamento de monstros, que auxiliam o herói nas batalhas. A casa do protagonista tem também uma área especifica para o plantio de frutas, que podem ser utilizados na construção de itens. Confuso com tantas informações? Basta visitar a biblioteca, todos os detalhes da trama, personagens, itens e habilidades estão lá.Pintura em movimento
Duas coisas que se destacam em Legend of Mana são o visual e o áudio. Os gráficos 2D são muito belos e detalhados, lembrando uma aquarela pintada à mão. Cada região é única, representando bem o variado e mágico mundo de Fa’Diel. É impossível esquecer as batalhas contra os chefes: os inimigos são grandes e detalhados, com ótimos efeitos de iluminação nos ataques especiais. A trilha sonora, de autoria de Yoko Shimomura, conhecida principalmente pelas composições de Kingdom Hearts e Super Mario RPG, é belíssima e completa perfeitamente a ambientação. As cidades são embaladas por temas animados e às vezes misteriosos. Já as canções dos calabouços e chefes fazem um convite à aventura.A mesma essência, mas diferente
Por ser um spinoff, Legend of Mana carrega poucas características já consolidadas nas aventuras anteriores. O tradicional menu em anéis, marca registrada da série Mana, tem uso bem discreto nesse título, sendo encontrado somente em poucos lugares como na biblioteca e forja. Para os outros momentos um menu tradicional, que ocupa toda a tela, foi adotado. Muitas alterações foram feitas no combate: não é possível utilizar itens, não é possível ver os inimigos no campo, feitiços foram transformados em instrumentos musicais e é impossível fugir dos confrontos. Ao menos o game manteve toda a mitologia da série, com a Árvore da Mana sendo o ponto central da trama. Legend of Mana foi referência também para os jogos futuros, que herdaram sistemas dele como a forja e plantio de itens.Uma lenda inesquecível
Com tantas qualidades, era de se esperar que Legend of Mana fosse um sucesso. O game vendeu uma quantidade considerável de cópias e foi considerado um dos melhores lançamentos do ano 2000 para o console. Muitos fãs não gostaram de algumas alterações, como o sistema de missões, entretanto ele é sempre lembrado quando o assunto é grandes RPGs da era 32bit. E vocês, já tiveram a oportunidade de jogá-lo? Recomendam?
Revisão: Leandro Fernandes
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