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Análise: Mass Effect (PS3)

Sei o que você está pensando ao ver essa postagem. "Qual é o sentido de analisar um jogo de 2007?". É que o primeiro Mass Effect... (por Unknown em 23/12/2012, via PlayStation Blast)

Sei o que você está pensando ao ver essa postagem. "Qual é o sentido de analisar um jogo de 2007?". É que o primeiro Mass Effect só chegou ao PlayStation 3 há algumas semanas, através da coletânea Mass Effect Trilogy e da PlayStation Store. Cinco anos atrasado para a festa, a verdade é que o lançamento dessa trilogia torna o PlayStation 3 o console ideal para jogar os jogos da franquia, com um port extremamente competente e tendo agora a possibilidade de aproveitar a experiência completa (e única) que é Mass Effect. Então chame seus amigos alienígenas, pegue seu Omni-tool e descubra o motivo em nossa Análise.

Por onde começar? Mass Effect dispensa apresentações. Quando o jogo foi lançado, a promessa da BioWare era criar uma trilogia de ficção científica, com fortes elementos de RPG e um poder de decisão ao jogador que seria levado de um jogo para o outro através da importação de saves. Matou um personagem? O próximo jogo mostrará as consequências. Salvou um outro? A mesma coisa. A promessa foi cumprida, os dois jogos seguintes quebraram barreiras com um sistema de consequências que, embora um tanto automatizado, dá uma sensação de que o jogo entendeu o que você fez.

Shepard e sua cara de super modelo.
Essa foi a primeira vez que eu pude jogar importando o save desde o primeiro jogo, e não há nada igual. Reencontrei personagens em Mass Effect 2 que nunca tinha visto das outras vezes, recebi e-mails agradecendo pela ajuda no primeiro jogo, enfim... essa é a forma certa de aproveitar a série, e finalmente estou fazendo isso.

Ah sim, eu mencionei que o PS3 é o console ideal para jogar a trilogia completa. Além dessa versão ser muito mais estável que sua contra-parte para Xbox 360, Mass Effect 2 contém quase todos os DLCs lançados, sem custo adicional, e isso é algo exclusivo do console.

A vida orgânica x vida sintética

O foco da história de Mass Effect é a batalha entre a vida orgânica (criada "naturalmente") e a vida sintética (criada artificialmente). Ao início, Shepard, um ou uma (é possível selecionar o sexo do protagonista, bem como sua história, classe e aparência física) Comandante da Aliança vai investigar um ataque a uma colônia humana e descobre que existe uma ameaça muito maior do que qualquer coisa já vista. Uma raça de máquinas conscientes chamada de Reapers (Ceifadores, em inglês) extermina a vida orgânica na galáxia de tempos em tempos, deixando para trás apenas as raças menos desenvolvidas, que serão exterminadas no próximo "ciclo". Shepard precisa impedir que a invasão aconteça, com a ajuda de uma equipe repleta de alienígenas.

Um dos muitos momentos de diálogos em Mass Effect.

O primeiro jogo tem a história mais complexa dos três. A ameaça dos Reapers só é revelada após uma boa parte das missões, e a trama toma tempo para desenvolver cada personagem. Os diálogos apresentam bem o universo, a tecnologia de efeito de massa que dá origem ao título e o governo galáctico. Aliás, Mass Effect tem uma das ficções científicas mais baseadas de fato na ciência que eu já vi num videogame, com um Codex (uma espécie de enciclopédia) enorme e bem detalhado explicando as origens das raças alienígenas, o motivo de eles serem daquela forma, as tecnologias e, enfim, tudo.

As sidequests são numerosas e basicamente todas têm algum impacto no jogo seguinte, seja o tal e-mail de agradecimento ou um encontro que dá origem a uma outra sidequest. Não jogar desde o início não permite o acesso a essas pequenas referências e torna a experiência menos completa. Dito isso, as sidequests sofrem de um problema que aflige o jogo todo: repetição. Shepard desce em um planeta, dirige até uma instalação e faz alto já dentro. As instalações têm apenas três variações, mas são basicamente idênticas. E os planetas em si normalmente não têm nada, a não ser alguns pontos de interesse.

Exploração

Acho que exploração nunca foi o forte da série. Como eu disse, no primeiro jogo, as sidequests são repetitivas e os planetas não têm grande interesse. No segundo, temos o minigame de mineração cansativo. E no terceiro, simplificaram até tornar-se apenas o ato de rastrear coisas úteis na galáxia.


Dirigir em Mass Effect é uma mistura de caos e diversão. Os controles do Mako (o veículo utilizado) são confusos, imprecisos e a física do jogo não ajuda muito, já que às vezes bater em um simples escudo de força de um inimigo pode fazer seu Mako capotar. Os terrenos dos planetas são todos muito parecidos, apenas mudando a textura e o relevo, mas com pouco realismo.

Explorar ambientes a pé seria mais divertido se os ambientes fossem de fato diferentes. Mas ver a mesma instalação repetidamente acaba tornando-se algo chato e a única motivação para fazer as sidequests é a recompensa, além da própria história - essas sidequests aprofundam a experiência no universo.

Shooter-RPG

Muita gente diz que Mass Effect não deveria ser chamado de RPG por ser um jogo de tiro. A verdade é que a franquia tem mais elementos de RPG que muitos jogos que se auto-proclamam a revolução do gênero. O primeiro Mass Effect é o que mais tem esses elementos, com opções amplas de customização dos poderes do personagem, mudança frequente de armas e armaduras, looting (que foi abandonado nos jogos seguintes) e, claro, a interpretação em si. Seu ou sua Shepard é o protagonista que você quer que seja, em vez de um personagem estático com uma jornada predefinida.

O combate estranhíssimo do jogo não estraga a diversão.
Já a parte de tiro é um tanto frustrante e mostra a evolução da jogabilidade. As armas são pouco eficazes, mirar é difícil e toda a parte gráfica do sistema de combate é uma atrocidade. Ok, estamos falando de um jogo de 2007, criado por uma empresa razoavelmente pequena na época, mas é inegável que os jogos seguintes conseguiram tornar a franquia mais divertida de fato.

Outro ponto que incomoda profundamente é o som. As armas soam como pistolas de brinquedo e alguns diálogos têm o problema de serem muito altos ou muito baixos. Isso é compensado por uma dublagem impecável, que acabou tornando-se um dos trunfos da série, e é sempre amplificada por um roteiro certeiro que mistura humor e drama. Impossível não se apaixonar pelos personagens apresentados. Já os gráficos não mudaram quase nada para o segundo jogo, exceto que as animações se tornaram mais fluidas, algumas texturas foram melhoradas e alguns elementos foram redesenhados para deixar o jogo mais bonito visualmente. Outro ponto positivo é que a dublagem se encaixa melhor com as bocas dos personagens, algo que foi perdido ao longo dos jogos.

Finalmente, como um grande problema temos os loadings. Na verdade, ainda mais lentos que esses, os saves automáticos. Eles são necessários, mas toda vez que o jogo for salvar automaticamente, pode esperar uma pausa de cerca de dez segundos no jogo.

Prós

  • História cativante e que impacta profundamente a experiência de jogar a série completa;
  • Dublagem excelente, somada a um roteiro brilhante;
  • Elementos de RPG mais pronunciados;
  • Detalhes interessantes de sci-fi espalhados pelo jogo;
  • O PlayStation 3 recebeu o melhor port do jogo.

Contras

  • Loadings lentos e auto-save mais lento ainda;
  • O som é estranhíssimo, com efeitos que beiram o ridículo;
  • Repetição de cenários de sidequests;
  • Combate frustrante e visualmente ultrapassado.
Mass Effect - PlayStation 3 - Nota final: 9.0 
Visual: 8.5 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 8.5 | Diversão: 9.5
Revisão: Alberto Canen

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. "O som é estranhíssimo, com efeitos que beiram o ridículo" e ganha 9.0 no final, não entendi essa ...

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  2. Guinho, repare que nos prós eu coloquei a dublagem como "excelente", o que compensa a estranheza do som das armas.

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