Sou um daqueles fãs que é simplesmente apaixonado pela obra
de Tolkien, afinal, não existem muitas obras de qualidade por aí que te fazem
realmente querer ir para outro mundo. Tudo o que remete à Terra Média é digno
de minha atenção, com os jogos não poderia ser diferente.
Antes de tudo, deixo claro que essa análise refere-se única e exclusivamente à versão do PlayStation Vita. Joguei apenas a versão demo do PS3, logo, não posso fazer comparações amplas e nem julgar se a aventura é melhor no console do que no portátil.
No que diz respeito às adaptações para videogames, a franquia nunca teve um jogo que apresentasse dignamente todo o espírito da aventura. Desde
o PlayStation 2, passando pelo mais recente The Lord of the Rings: War in the North para o PlayStation 3, fica sempre a impressão de que está faltando alguma coisa. Ou
os jogos seguiam um padrão de ação desenfreada, ou tentavam mesclar esses
elementos com alguns toques de RPG e estratégia, mas o resultado final nunca funcionava
totalmente.
De fato, algumas produções foram até aceitáveis, mas, de
modo geral, os fãs da série sempre ficaram a espera de algo mais. Nunca houve um
jogo que lembrasse o espírito de aventura sentido ao se ler os livros ou mesmo ao se assistir os filmes. Se nos jogos “convencionais” isso nunca ocorreu, ficou a
esperança de que a versão Lego - por sua proposta que foge do convencional – fosse trazer a magia do anel para os jogadores. Bem, infelizmente, ainda não foi dessa vez...
Destrua o Um Anel e construa um novo mundo
Assim como em todas as versões Lego de outras franquias, a narrativa de Lego Lord of the Rings busca recontar os acontecimentos assim eles se desenvolvem na história original. Dessa forma,
os jogadores podem reviver no jogo os momentos épicos de “ A Sociedade do Anel”, passar pelos conflitos de “ As Duas Torres” e encarar as reviravoltas presentes em “O Retorno do
Rei”. No título, porém, tudo isso serve como plano de fundo para uma aventura com puzzles,
plataformas, humor e ação. Conteúdos característicos de todas as adaptações
Lego.
Há uma certa liberdade no jogo que permite a você perambular
pelas aldeias que servem como via de acesso para as diferentes cidades (além de
ser o local onde você participa das missões principais do jogo). A grande decepção, no entanto, fica por conta do fato de que a versão do Vita não possui um mundo aberto como
a versão dos consoles, o que deixa tudo menos divertido. Sem falar na curta
duração da aventura principal, que pode ser terminada antes mesmo de você
acabar de assistir a trilogia de filmes.
Como uma tentativa de estender a duração do jogo, há uma série de colecionáveis que prometem muitas horas a mais de jogatina. Não sei quanto a versão dos consoles, mas aqui isso não serve como consolo. A impressão que fica é a de que o jogo foi adaptado às pressas para o portátil, algo que vem acontecendo muito ultimamente. Prova disso é que os recursos do Vita quase não foram aproveitados, deixando tudo com cara de port.
O sistema de combate é bem fraco. Nas batalhas corriqueiras você raramente vai fazer algo diferente de esmagar botões, o que acaba deixando o jogo cansativo e repetitivo. Além disso, minha impressão é que os efeitos sonoros ficaram um pouco engasgados no Vita. Por mais que seja bacana terem aproveitado as vozes originais, a experiência no portátil deixou a desejar.
Reinvenção cômica
As adaptações em Lego são todas marcadas por um ingrediente em comum: o humor. É simplesmente hilário poder acompanhar uma de suas histórias preferidas sob outra perspectiva. Os principais eventos da franquia recriados em lego são muito divertidos de assistir. O destaque fica para a cena em que Gandalf fala sua célebre frase "You shall not pass", e também para os momentos em que Gollum aparece. Sendo fã ou não, é impossível não sorrir com essa cômica homenagem que fizeram. Tenho certeza que Tolkien entenderia. Em minha opinião, o humor é o principal motivo para justificar a compra do título.
Soma-se tudo isso à questão de que um dos grandes pontos altos do jogo é justamente a possibilidade de jogar com os personagens em versões de brinquedo. Cada um deles possui suas particularidades, e é bem bacana poder controlá-los e explorar a Terra Média de brinquedo que, por sinal, ficou muito bem feita.
Feito apenas para fãs?
A ideia por trás do jogo é ótima, mas a execução não ficou tão boa assim, ao menos na versão do Vita, é claro. Pelas diversas opiniões e críticas que tenho visto, a versão dos consoles parece ser muito mais divertida do que o port para os portáteis. O que infelizmente é uma pena, pois os donos do Vita mais uma vez saem perdendo por conta da preguiça das produtoras em desenvolver um produto pensado para a plataforma, ao invés de apenas adaptá-lo de forma rasa.
No fim das contas, Lego The Lord of the Rings é um jogo mediano, que deixa muito a desejar em alguns aspectos, mas diverte em alguns fatores pontuais. Se você é fã da série e quer dar umas boas risadas com as suas passagens favoritas refeitas de forma inusitada, pode gastar seu rico dinheirinho. Agora, se você nunca jogou nenhum game da franquia, é melhor rever suas prioridades.
No fim das contas, Lego The Lord of the Rings é um jogo mediano, que deixa muito a desejar em alguns aspectos, mas diverte em alguns fatores pontuais. Se você é fã da série e quer dar umas boas risadas com as suas passagens favoritas refeitas de forma inusitada, pode gastar seu rico dinheirinho. Agora, se você nunca jogou nenhum game da franquia, é melhor rever suas prioridades.
Prós
- Nova visão sobre a franquia;
- Cômico e nostálgico.
Contras
- Os extras tomam muito mais do seu tempo do que deveriam;
- Combate cansativo e pouco estimulante;
- Controles pouco precisos;
- Um port adaptado às pressas.
Lego The Lord of the Rings – PlayStation Vita – Nota Final: 6.5Visual: 8.0 | Som: 6.0 | Jogabilidade: 6.0 | Diversão: 7.0
Revisão: Samuel Coelho
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